Cenira Dias Barbosa, filha de Maria José e Benvindo Dias Barbosa, nasceu em Pará de Minas no dia 4 de dezembro de 1922, não se casou, trabalhou por 30 anos em fábrica de tecidos e, nas horas vagas, fazia, em casa, um tipo de biscoitinho chamado Casadinho para vender. Nos últimos 50 anos, ela tem vivido em uma casa que dá fundos para o Santuário da Piedade, onde a reportagem GP esteve para entrevistá-la. Acompanhe.
“Nasci na Praça da Independência e de lá meus pais se mudaram para a rua Fernando Otávio, pertinho da gruta, e moro aqui há 50 anos. Tenho uma moça que me ajuda. Comecei a trabalhar na Companhia Industrial Paraense, onde fiquei por 30 anos, pegando às 6H, fazendo uma hora de almoço e largando às 17H (10H por dia). Depois, ia correndo para chegar em casa para ajudar a minha mãe nos afazeres domésticos. Tive muitos colegas de trabalho e, nesse tempo todo que trabalhei, nunca tive nenhuma inimizade. Só tenho que agradecer, porque nunca tive inimigo na minha vida (emoção). Gosto de todo mundo e todo mundo gosta de mim! Me aposentei lá, mas continuei fazendo casadinhos e ainda faço até hoje só que não vendo mais. Muitas crianças vinham, depois da escola, aqui para comer biscoito. Meus sobrinhos até hoje vêm todo sábado comer biscoito e tomar café comigo”, conta Cenira.
OS IRMÃOS - Somos 12 irmãos - Maria, Rosa, Izaltina, Conceição, Alice, Jandira, José, Juvenil e Jésus, que já se foram; Terezinha é a caçula e mora em BH e o Odilon completou 90 anos com missa e jantar” (saiu na GAZETA).
A INFÂNCIA – “Naquele tempo, quando eu era criança, podíamos brincar na frente da porta de casa da gente. Eu gostava muito de jogar peteca, pular corda... minha mãe fazia boneca de pano pra gente brincar... eram tão bonitas e perfeitinhas. Havia também as colegas que toda tarde se reuniam, cada dia na porta da casa de uma. Ali, a gente ficava brincando até tarde. Só os meus irmãos mais novos, porque os mais velhos tinham de trabalhar para ajudar em casa. Estudei no Torquato de Almeida (escola) e minha professora, pessoa abençoada, era a Conceição Menezes, criatura santa. Meus colegas de grupo já morreram quase todos. Ainda existem ainda eu e o Simão (suspiro) que já saiu no História de Vida com 90 anos (riso). Ainda tenho contato com ele. Há poucos dias, me encontrei com ele que me reconheceu”.
A JUVENTUDE – “A minha juventude foi muito boa, graças a Deus, não tenho nada a reclamar. Só tenho a agradecer a Deus. Sou muito devota de São Geraldo! Moro aqui pertinho da igreja (santuário), faço minha Hora de Guarda. Ajudei um pouco na igreja, quando era jovem, fui presidente da O.P.V.S. – Obras Pontifícias Vocações Sacerdotais, costurava e bordava para a igreja, junto com a minha irmã Jandira. Não cheguei a me casar, porque nunca tive dom para me casar” (riso).
O MUNDO – “Ruim no mundo de hoje é a violência. Está demais! Escuto rádio todo dia e tem dia que até desligo. Desejo aos jovens que eles se afastem das drogas. Para mim e para toda a minha família, peço saúde e paz. Posso falar uma coisa? Gosto muito da GAZETA que eu assino, há muito tempo”.
A TRISTEZA – “Momento ruim, triste, foi quando perdi meus pais... em 24 de março de 1949, perdi meu pai... minha mãe, em 12 de março de 1960. Meu pai se foi 11 anos antes de minha mãe (emoção). Cuidei muito dos 2. Nos últimos dias de vida, minha mãe falou comigo:
- Minha filha você vai ser muito feliz (emoção)! O que você tem feito por mim, o carinho que você me dá, Nossa Senhora da Piedade vai lhe proteger, enquanto vida você tiver... (muita emoção)”.