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Muito chateada', diz mulher obrigada pela Justiça a fazer cesariana - 03/04/2014

A mulher de 29 anos que foi submetida a uma cesariana contra a própria vontade por determinação da Justiça do Rio Grande do Sul desabafou contra o atendimento médico recebido no hospital e a decisão judicial. Em vídeo gravado pelo marido (veja ao lado), Adelir Carmen de Goés, de 29 anos, diz que se sentiu “frustrada” e “chateada” após o parto da filha. O caso ocorreu na última segunda-feira (31) no hospital Nossa Senhora dos Navegantes em Torres, no Litoral Norte gaúcho. A gestante queria que o bebê nascesse de parto normal, mas a equipe médica entendeu que o procedimento colocaria em risco a vida dela e do bebê. Após retornar para casa, contrariando a orientação médica, a mulher foi reconduzida ao hospital por um oficial de Justiça, escoltada por policiais, em cumprimento de uma ordem judicial. Na madrugada de terça-feira (1º), ela deu à luz uma menina, por cesariana. Yuja nasceu com 3,6 quilos e passa bem. “Me sinto frustrada, muito chateada. Na hora que eu já estava de cinco em cinco minutos com contrações, chegou a polícia, chegou o oficial de Justiça, com viatura e ambulância, me aterrorizando, dizendo que se não eu não cumprisse o mandado, meu marido ia ser preso”, diz Adelir no vídeo, com a filha nos braços. De acordo com o depoimento da mulher ao marido, ela teria informado as enfermeiras que foi ao hospital apenas para ser examinada, mas que não tinha intenção de realizar o parto lá. O hospital, no entanto, diz em nota que a médica responsável pelo atendimento constatou a necessidade de cesariana imediata para preservar a vida da mãe e do bebê. Decidida pelo parto normal, Adelir assinou um termo de responsabilidade e voltou para casa. “Ela (a médica) ficou muito mais brava, disse que eu tinha que assinar (um documento) como se eu estivesse fugindo daqui, que não era ela me liberando. Aceitei assinar, mesmo como fugitiva, porque o acordo que eu tinha feito com as enfermeiras era que eu vinha aqui só para ser avaliada. Já queriam me segurar para o parto cesárea. Assinei o papel para poder sair daqui e tentar entrar em trabalho de parto em casa”, explicou Adelir.Após ser procurado pela equipe do hospital e de posse de laudos médicos que atestavam o suposto risco de morte da mãe e do bebê, o promotor Octavio Noronha, do Ministério Público de Torres, decidiu ingressar na Justiça com um pedido de medida protetiva. A juíza plantonista Liniane Maria Mog da Silva aceitou os argumentos e determinou que a gestante fosse levada novamente ao hospital – com apoio da polícia, caso necessário – e que o parto fosse realizado por cesariana, se essa fosse a recomendação médica no momento. “Não se buscou com essa medida a discussão se é melhor o parto normal ou a cesariana. O que há nesse caso extremo é o risco de vida da criança. Para resguardar esse direito à vida, que deves ser tutelado mesmo contra a vontade da mãe, é que se buscou o ajuizamento da ação”, justifica Noronha. “Acima de todas as preferências está o direito à vida da criança. Esse direito deve ser resguardado com absoluta prioridade. É o que diz a Constituição”, acrescenta o promotor. O diretor técnico do Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, Marcelo Fagundes, nega que o hospital tenha induzido a cesariana e diz que a instituição ajudou tanto a mãe quanto o bebê. Porém, o marido de Adelir, Emerson Guimarães Lovari, disse que vai processar o hospital e a equipe médica. A mulher deve receber alta nesta quinta-feira (3). “Eu queria estar mais feliz por a minha filha estar saudável. Se fosse trabalho de parto normal, eu já estaria em casa, que eu tenho outra bebê, e o leite teria descido. O leite não desceu até agora porque o parto cesárea demora mais o leite descer”, concluiu Adelir. Fonte: G1

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