Duas notícias do último fim-de-semana se contrapõem. O Brasil é visto como exemplo por especialistas que consideram este país vitorioso na crise econômica internacional, deflagrada há um ano, saindo da tormenta maior do que entrou. De outro lado, o Japão, tido como modelo de recuperação econômica no pós-guerra, vê ruir o sua estabilidade, e o Partido Liberal Democrata (PLD), no poder há 54 anos, sofre fragorosa derrota eleitoral, também decorrente da crise internacional. Nós, brasileiros, principalmente em razão do dinamismo empresariado nacional, podemos nos orgulhar, ao ver nosso país sair-se bem no cenário econômico mundial, receber elogios dos maiores especialistas da área e alentar a previsão de crescimento ao redor dos 5%, nos próximos anos. Isso demonstra que o governo e a sociedade fizeram a lição de casa e tiveram boas condições para enfrentar a tormenta que se abateu sobre todos os países, especialmente nas grandes potências.
Mas, ao olharmos para nosso próprio umbigo, vemos muitos motivos de preocupação. Mesmo aparecendo bem no retrato da economia internacional, o Brasil possui uma elevadíssima dívida social com a população. O mesmo governo, que demonstra ser capaz de domar o monstro das finanças externas, não consegue administrar a segurança pública, a saúde, a educação, o desemprego e outros ítens essenciais que influem diretamente na qualidade de vida do povo. Viver está cada dia mais difícil. Vastas áreas das cidades setores sucateados do centro, bairros periféricos e favelas são dominadas pelo crime organizado que assumiu o controle no lugar do Estado ausente. O setor prisional é insuficiente para abrigar todos os apenados pela justiça e ainda é dominado por facções criminosas que desafiam e fazem curvar a autoridade. A saúde pública é uma farsa que, apesar de altos investimentos, serve apenas para sustentar a publicidade oficial e constitui franco incentivo