AOS DEFENSORES DA DITADURA
Com o aproximar da data que lembra 50 anos do golpe militar no Brasil, surgiram alguns disparates, felizmente todos eles atos isolados e alguns até cômicos. Entre os tais, a tentativa de reedição da Marcha das Famílias com Deus (que resultou num completo vexame para os organizadores) e a proposta do deputado Jair Bolsonaro que pretendeu homenagear os eventos de 31 de março de 1964. Escrevi no twitter que quem apoia a ditadura ou é desconhecedor da história deste país ou é mal intencionado mesmo. Após travar discussão com alguns do meu cotidiano, acabei incluindo outro espécime: o tolo. Esse também defende a ditadura como solução para, por exemplo, nossos terríveis problemas de segurança pública. O tolo que prega a derrubada da presidente não compreende que, sob uma ditadura, ele não poderia levantar qualquer crítica contra o governo. Aqueles que afrontaram os generais foram torturados, mortos ou “desapareceram”... Os argumentos de defesa são pueris a ponto de eu concluir que seus autores jamais estudaram o funcionamento do pau-de-arara ou conheceram as técnicas de horror infligidas aos que discordavam do regime militar. Só para ficar, num exemplo, esses bobinhos possivelmente não conhecem uma corriqueira ferramenta de tortura usada no regime argentino: inserção de ratos famintos no reto das pessoas. Ignorante da história, intencionado em propagar ideias falsas ou meramente um estúpido, o defensor da ditadura me intriga e incomoda. (BRUNO QUIRINO, Divinópolis/MG).
É POSSÍVEL SE LIVRAR DA TRISTEZA?
Uma das maiores preocupações do século é saber como lidar com a tristeza que invade diariamente a vida de milhares de pessoas. Ela não avisa quando vai chegar e tão pouco tem dia para partir. Chega a fazer moradia passageira ou duradoura no interior de uma pessoa, deixando, muitas vezes, estragos por toda a vida. Esse sentimento talvez seja um dos maiores que a pessoa tenta livrar-se e o que mais se enraíza na mente humana. Apesar de a tristeza fazer parte da vida humana, pois é simplesmente impossível passar pela vida sem conhecê-la, aceitar essa verdade reduz, em grande parte, o mal-estar que experimentamos, quando somos tomados por ela. Aceitar ou se conformar com a tristeza não significa querer cultivá-la para sempre, nem considerá-la agradável, mas sim reconhecê-la como algo intimamente ligado à condição humana, algo totalmente democrático, pois não escolhe sexo, ideologias políticas ou religiosas e nem mesmo condição financeira. Ela chega para qualquer pessoa, seja rica ou pobre, bem ou mal resolvida emocionalmente, bem empregada ou desempregada, saudável ou enferma. A tristeza escolhe às cegas qualquer um de nós. Quanto mais tentamos negar a tristeza ou rejeitá-la, querendo que ela desapareça o mais rápido possível, mais difícil será nos libertamos dela, pois tudo o que é negado ou reprimido tende a se tornar ainda mais forte e predominante em nós. Devemos aceitar o tempo para estar triste, mas sempre conscientes de que devemos buscar com unhas e dentes pela felicidade. Por pior que seja a situação que estejamos enfrentando, o tempo sempre mostra outra realidade, pois não há mal que dure para sempre; muito menos tristeza. Para que ela não se torne uma eterna companheira, nós devemos permitir essa condição emocional de estar triste. Às vezes, ficar triste em momentos difíceis é totalmente humano, esperado, mas essa tristeza deve ser passageira, ter hora para chegar e partir. Ter em mente que aquela situação é uma realidade momentânea, ajuda-nos a ter forças para construir uma nova disposição interior. Se você recebe a tristeza quando ela bate à sua porta, se você não tem medo ou raiva dela, você ficará surpreso ao ver que conseguirá mudar a natureza da tristeza que se tornará fonte de aprendizado. E o segredo é simples: aceite a tristeza, quando ela chegar, mas abra a porta, quando for o momento dela partir. Agora, devemos ficar atentos àquele sentimento de vazio prolongado, um sentimento de culpa, um desinteresse total pelas coisas, perda de energia, aumento exagerado do apetite e do peso, sono prejudicado e um sentimento de desamparo. Conscientize-se que chorar faz parte da vida e traz um imenso conforto e alívio. Você limpa com as próprias lágrimas suas mágoas mais enraizadas; tente conviver apenas com amigos verdadeiros que lhe confortam e evite pessoas tóxicas, pois elas poluem sua mente; evite falsas afirmações conformativas da vida; procure estar em lugares e com pessoas que fazem você se sentir melhor e evite lugares que fazem parte de um passado doentio e frustrante; evite estar ao lado daqueles que apenas lhe dirão palavras ilusórias de que tudo voltará a ser como era antes. Não se iluda, porque isso gera tristeza e o acúmulo prolongado dela gera enfermidades, não somente da alma, mas do corpo; volte a praticar tudo que lhe dava prazer; medite; caminhe; contemple as estrelas. E isso não é pura poesia, é totalmente confortante e irá surpreender você. Fique mais tempo com seus pais, irmãos e filhos, desde que isso lhe traga alegria! (FERNANDA VARGAS, BH/MG).