Um grave acidente, ocorrido no dia 6 de março, mexeu com toda a população pará-minense, quando uma van escolar passou por cima do tórax de Beatriz Chaves Silveira Santos, 1 ano e meio, na porta da casa de sua avó, Fátima Regina da Silveira. Após um atendimento no hospital local por uma equipe de 4 médicos, a criança foi levada às pressas para o Hospital João XXIII, em BH, como noticiou esta GAZETA em sua edição de nº 1497. De lá pra cá, leitores têm ligado para o jornal para saber se é verdade que motorista teria entrado em depressão e teria cometido suicídio, entre outras coisas. Como se fosse necessário acrescentar mais alguma coisa numa fatalidade tão grande como essa. Diante disso, a reportagem GP fez uma entrevista com a ex-colega de trabalho, Fátima Silveira, que contou para o jornal, com exclusividade tudo que aconteceu, do acidente ao falecimento da pequena Beatriz. Veja.
“Todos os dias pela manhã, eu a colocava na van, quando sempre ficava com ela nos braços. Naquele dia, eu levantei mais cedo e fiquei brincando com ela na porta de casa que quase não tem trânsito. Aí, ela viu um pombo e foi correndo atrás dele por cerca de 200M da minha casa. Depois, ela sentou-se no meio fio, eu a peguei no colo e voltei para a porta da minha casa. Nisso, a van veio subindo e quando ela viu a van começou a pular no meu colo. Quando cheguei na minha casa, deixei ela entre o passeio e minha casa. Ainda falei para ela: Espera aqui que a vovó vai pegar a sacola. Virei de costas... foi quando ela caminhou para o meio fio e... nisso aconteceu o fato”, conta Fátima, ainda chocada com a prematura partida da querida netinha.
CULPA DE QUEM? – “Eu confiei no motorista e ele, em mim... Acreditei que ele estivesse olhando para ela, mas a atenção dele estava voltada para a manobra que ele estava realizando... Quando vi aquela cena, ela de bruços, debaixo da roda da van, tentando engatinhar. Quando ele a viu, pegou ela e gritou comigo: Você acabou com a minha vida! Eu respondi: O que aconteceu?! Peguei ela no colo e fomos de van para o HNSC. A princípio, ele pôs a culpa em mim, mas ele mesmo viu que nenhum de nós teve culpa. A maioria das pessoas tem falado que foi um descuido da minha parte, mas eu não me sinto culpada! Dei muita força para o motorista, pois ele ficou muito abalado. Ele já era um conhecido meu, pois mora na rua da casa da minha mãe. Eu não tenho dúvidas que ele não teve culpa”.
INSTRUMENTOS DE DEUS – “Era hora dela partir e acredito que Deus só nos usou (ela e o motorista) para que isso acontecesse. No momento do atropelamento, tanto o pai como a mãe estavam trabalhando. Meu marido levou minha filha Marina (mãe da Beatriz) até o P.A., mas ela desabou. Ela tem apenas 20 anos... então, por ela ser muito nova, foi um choque muito grande...
MORREU DE QUÊ? – “Ao chegarmos no hospital, fomos muito bem atendidos. Desceram vários médicos, da UTI e da Pediatria. Horas depois, veio o helicóptero do Samu que a levou para o Hospital João XXIII. Os médicos de lá disseram que ela não estava com nenhum osso quebrado... havia apenas um corte em uma das sobrancelhas. Foi realizado uma cirurgia, quando correu tudo bem, mas acredito que Beatriz pegou alguma infecção que a matou. Mas no caixão ela estava roxa... não sei por qual motivo. Me disseram que o que aconteceu para ela falecer foi o seguinte: ao passar a roda por cima dela, o diafragma se soltou e o intestino dela entrou para dentro do pulmão”.
BOATOS – “Começaram falando que o motorista suicidou-se, mas, pelo que sei, ele teve um mal-estar e chegou a ir ao hospital. Acho que foi por isso que começaram os comentários de que ele teria cometido suicídio. Mas, graças a Deus, ele continua trabalhando normalmente. Agora, começaram a falar que eu também teria morrido. Acho que é porque eu tive um problema de gastrite e fui ao P.A. Houve boato de que teria tentado me matar também”.
ANJO – “O Caso Beatriz, mexeu com muitas mães e eu peço para cada mãe fazer igual eu fiz durante o tempo em que ela viveu comigo: que curtam cada momento, pois nunca sabemos do dia de amanhã. Para mim, ela era como uma filha... tínhamos um carinho muito grande, uma pela outra. Foram momentos inesquecíveis! Nós aproveitamos cada minuto da vida de Beatriz. Por minha filha trabalhar, eu passava grande parte do tempo com ela... Eu tenho dito que a Beatriz veio para trazer união... Eu a vejo como a visita de um anjo à minha casa... Estou triste, sinto saudade... mas a vida prossegue”...