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Bernardo morreu dia 4 de abril de forma 'violenta', diz atestado de óbito - 16/04/2014

O atestado de óbito do menino Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, diz que a morte dele ocorreu no dia 4 de abril de “forma violenta”. A informação é do advogado de Jussara Uglione, avó materna da criança O corpo do garoto foi encontrado na última segunda-feira enterrado em um matagal da cidade de Frederico Westphalen, no Norte do Rio Grande do Sul, a 80 quilômetros de Três Passos, cidade onde morava. Segundo o documento, não é possível apontar a causa da morte, mas o texto diz que teria sido de forma violenta e que o corpo estava "em adiantado estado de putrefação". “Isso quer dizer que o registro de ocorrência de desaparecimento que o pai diz ter feito ocorreu após a morte do menino”, disse ao G1 o advogado Marlon Taborda. O menino foi dado como desaparecido em 4 de abril. De acordo com a Polícia Civil, o garoto foi morto com uma injeção letal, o que ainda deverá ser confirmado pela perícia. “Eu tive acesso ao corpo do Bernardo. Eu o identifiquei pelos dentes frontais, que eram grandinhos. O estado [do corpo] era realmente chocante”, revelou Taborda.A criança morava com o pai, o médico cirurgião Leandro Boldrini, e a madrasta, Graciele Ugolini Boldrini. O casal, que tem uma filha de um ano de idade, foi preso preventivamente junto com a amiga Edelvania Wirganovicz por suspeita de participação no crime. Os três estão detidos em local não revelado pela polícia por medida de segurança. Órfão de mãe, o menino se dizia carente de atenção. Ele chegou a procurar a Justiça para relatar o caso. No início do ano, o juiz Fernando Vieira dos Santos, 34 anos, da Vara da Infância e Juventude de Três Passos, autorizou que o garoto continuasse morando com o pai, após o Ministério Público (MP) instaurar uma investigação contra o homem por negligência afetiva e abandono familiar. De acordo com o MP, desde novembro do ano passado, o pai de Bernardo era investigado. Entretanto, jamais houve indícios de agressões físicas. Em janeiro, o garoto foi ouvido pelo órgão e chegou a pedir para morar com outra família. No início do ano, o médico pediu uma segunda chance. Com a promessa de que buscaria reatar os laços familiares com o filho, ele convenceu a Justiça a autorizar uma nova experiência. Na época, a avó materna, que mora em Santa Maria, na Região Central do estado, chegou a se disponibilizar para assumir a guarda. Porém, conforme o MP, Bernardo também concordou em continuar na casa do pai e da madrasta.Velório em Três Passos e Santa Maria Na terça (15), o corpo de Bernardo foi velado em Três Passos, Noroeste do estado, no ginásio do Colégio Ipiranga, onde ele estudava. À noite, o corpo chegou a Santa Maria. Na cidade da Região Central, a nova cerimônia ocorre na Capela do Hospital de Caridade de Santa Maria. O enterro está programado para ocorrer às 10h desta quarta (15), no Cemitério Municipal. Amigos da família disseram que Bernardo não tinha outros parentes em Três Passos. A mãe dele, Odelaine, morreu em fevereiro de 2010 aos 30 anos. Segundo a polícia, a mulher cometeu suicídio com um tiro na cabeça no consultório onde o ex-marido, pai do garoto, trabalhava na época.Avó e ex-babá relatam maus-tratos A avó materna Jussara Uglione, 73 anos, disse na terça-feira (15) que a criança era maltratada. Segundo a aposentada, o pai de Bernardo e a madrasta não permitiam que ela visitasse o garoto desde que sua filha e mãe da criança morreu. “O menino sofria maus-tratos. Ela [madrasta] não deixava ele entrar em casa enquanto o pai não chegasse. O menino ficava sentadinho na calçada. A Justiça sabia disso porque toda a vizinhança via ele sentado na calçada”, disse Jussara. Uma ex-babá do menino também afirmou que o garoto recebia pouca atenção do pai e da madrasta. A mulher trabalhou na casa da família por dois anos. "Ela sempre afastava o menino dela. Agredia com palavras", afirmou Helaine Marisa Wentz, ex-babá do menino.Caso corre em segredo de Justiça A investigação corre em segredo de Justiça e poucos detalhes são fornecidos à imprensa. Entretanto, de acordo com a delegada, a amiga do casal relatou à polícia onde o corpo de Bernardo estava enterrado. A Polícia Civil disse ter certeza do envolvimento do pai, da madrasta e da amiga da mulher no sumiço do menino. "Precisamos identificar o que cada um fez para a condenação", afirmou aos jornalistas. De acordo com a família, Bernardo Boldrini foi visto pela última vez às 18h do dia 4 de abril, quando ia dormir na casa de um amigo, que ficava a duas quadras de distância da residência da família. No domingo (6), o pai do menino disse que foi até a casa do amigo, mas foi comunicado que o filho não estava lá e nem havia chegado nos dias anteriores. Ele chegou a ligar para uma emissora de rádio de Porto Alegre para comunicar o desaparecimento e pedir ajuda. No início da tarde do dia 4 de abril, a madrasta foi multada por excesso de velocidade. A infração foi registrada na ERS-472, em um trecho entre os municípios de Tenente Portela e Palmitinho. A mulher trafegava a 117 km/h e seguia em direção a Frederico Westphalen. "O menino estava no banco de trás do carro e não parecia ameaçado ou assustado. Já a mulher estava calma, muito calma, mesmo depois de ser multada", relatou o sargento Carlos Vanderlei da Veiga da PRF. A madrasta informou que ia a Frederico Westphalen comprar um televisor. Fonte:G1

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