A mídia da Coreia do Sul e uma afiliada da CNN reportam supostas trocas de mensagens de texto, entre passageiros que estariam presos na balsa naufragada da Coreia do Sul e seus familiares, que dizem que ainda há sobreviventes na embarcação. A balsa naufragou nesta quarta-feira (16) na costa sudeste do país com 475 pessoas a bordo e deixou seis mortos, além de 290 desaparecidos.
A emissora YTN, afiliada da CNN, reportou uma série de mensagens enviadas por passageiros a bordo da balsa, mas não confirmou a autenticidade das mensagens nem quando elas foram enviadas.
"Não há conexão de telefone, então não há conexão de internet. Só mandando mensagem de texto. Há poucas pessoas no barco, não consigo ver nada, está totalmente escuro. Há poucos homens e mulheres, mulheres estão gritando", diz uma suposta mensagem de texto de um passageiro obtida pela afiliada da CNN.
"Há poucas pessoas no barco e nós ainda não estamos mortos, então por favor passe essa mensagem", diz um estudante para sua mãe, segundo a TV.
Em outra troca de mensagem descrita pela YTN, um pai aconselha seu filho a sair de sua cabine para que a equipe de resgate o encontre. "Não, não posso me mover porque está muito inclinado. Mover-se é mais perigoso", teria respondido o filho. Mais tarde o adolescente enviou outra mensagem: "Não consigo andar agora. Não há crianças no corredor. E está muito inclinado".
A agência Reuters chegou a divulgar uma troca de mensagens que seria entre um estudante que ficou preso na balsa e seu pai, mas depois retirou a reportagem porque ele admitiu que não havia de fato recebido a mensagem, mas apenas teria ouvido falar a respeito.
Resgate
A agência de notícias local Yonhap informou que 179 pessoas foram resgatadas, citando oficiais da Guarda Costeira Nacional. A maioria dos passageiros eram estudantes do ensino médio que estavam de férias.
"Temo que existam poucas chances de encontrarmos com vida aqueles que ainda estão presos dentro da balsa", disse Cho Yang-Bok, um dos coordenadores das tarefas de resgate, em entrevista à emissora YTN.
Durante a noite desta quarta, os mergulhadores, incluindo um grupo das forças especiais sul-coreanas, ainda inspecionavam o navio com a ajuda de uma iluminação especial para tentar encontrar sobreviventes.
"Não vamos desistir, embora a situação seja extremamente preocupante", declarou um porta-voz da Guarda Costeira.Em um primeiro momento as autoridades anunciaram que 368 pessoas haviam sido resgatadas, mas depois retificaram a informação, esclareceu o vice-ministro de Segurança e Administrações Públicas, Lee Gyeong-Og.
Segundo ele, 178 mergulhadores, incluindo uma equipe de SEALS da Marinha sul-coreana, trabalhavam no local, enfrentando a baixa visibilidade da água e as fortes correntes. "A água está muito turva e a visibilidade é escassa", afirmou o vice-ministro.
A Sétima Frota americana enviou um navio anfíbio que patrulhava a área para ajudar nos esforços de resgate. O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, declarou que os Estados Unidos estão preparados para fornecer ao país aliado "qualquer ajuda" necessária.
As autoridades temem que centenas de pessoas tenham ficado presas na balsa, que virou e afundou perto da ilha de Byungpoong em apenas duas horas após o envio do primeiro sinal de socorro, às 9h (21h de terça-feira em Brasília).
Imagens aéreas exibidas na televisão mostraram os passageiros com coletes salva-vidas em botes infláveis. Alguns escorregavam pelo casco da embarcação, totalmente inclinada, enquanto outros eram resgatados por pequenos barcos de pescadores.A balsa seguia para a ilha de Jeju, um complexo turístico muito popular. Entre os passageiros estavam 375 estudantes e 14 professores de uma escola secundária de Ansan, uma cidade ao sul da capital Seul, que estavam de férias.
Pelo menos 78 resgatados eram estudantes. "Sinto uma dor profunda ao ver que estudantes que estavam em uma viagem sofreram este acidente trágico. Quero que coloquem toda a energia em sua missão", disse a presidente Park Geun-Hye durante uma visita ao centro de coordenação de emergências em Seul.
Os pais dos alunos se reuniram na escola de Ansan à espera de notícias e tentavam entrar em contato com os filhos.
"Estou muito preocupado com meu filho", desabafou Lee Ki-Hong, pai de uma das possíveis vítimas. 'Mandei uma mensagem (SMS por celular) uma hora antes de o barco naufragar, mas não tive resposta', disse ele à YTN.
'Não saiam de seus lugares'
Várias pessoas foram resgatadas por barcos de pesca e por navios mercantes que estavam na região antes da chegada da Guarda Costeira. Também participaram do resgate mergulhadores e forças especiais da Marinha.
Segundo muitos passageiros resgatados, inicialmente, todos foram orientados a permanecer em suas cabines e assentos. Quando a balsa adernou, o pânico foi generalizado.
"A tripulação ficava dizendo que não devíamos nos mexer", contou um dos sobreviventes ao canal YTN.
"Então, de repente, a balsa virou, e as pessoas escorregaram para um lado. Ficou muito difícil de sair", acrescentou.
"Eu ouvi um barulho muito forte e, de repente, a balsa pareceu inclinar", contou um dos estudantes resgatados.
Outro se lembrou das bagagens e das máquinas de venda automática caindo sobre os passageiros, conforme a embarcação ia virando.
"Todo mundo estava gritando, e muitas pessoas estavam sangrando muito", completou.
Os sobreviventes foram levados para um ginásio nos arredores da ilha Jindo, onde familiares dos desaparecidos aguardavam, no que se anuncia como um longo período de vigília.
A balsa, uma embarcação de 6.825 toneladas, zarpou do porto de Incheon na terça-feira à noite, mas começou a registrar problemas depois de percorrer 13 milhas (20 km), diante da ilha de Byungpoong.
As causas do acidente são desconhecidas, mas alguns sobreviventes afirmaram que a balsa parou de repente, como se tivesse encalhado, apesar das condições meteorológicas favoráveis.
O barco inclinou mais de 45 graus e, em seguida, virou quase por completo. Apenas uma pequena parte ficou de fora da água. A temperatura da água era de 12°C.
O tráfego marítimo entre a Coreia do Sul e suas múltiplas ilhas é muito intenso, e os acidentes são raros. Mas em outubro de 1993, quase 300 pessoas morreram em um acidente parecido.
Fonte: G1