Uma nova lei proíbe andar de boné escondendo o rosto em lugares públicos e no comércio do Rio. A medida é para facilitar a identificação de assaltantes, mas a polêmica ganhou as ruas. Quem não abre mão do boné reclama que ele não pode virar vilão e levar a culpa pelo problemas na segurança pública.
É o tipo de lei que divide opiniões. “Se a pessoa só anda de boné é complicado você impor a retirada do boné para cada pessoa”, diz o estudante Pedro Luís de Sá.
“Acho que pode ser muito positivo realmente. Se é pela segurança de todos eu acho válido”, defende a estudante Lara Jornada.
A lei já está em vigor e diz que fica proibido o ingresso ou permanência de pessoas utilizando capacete ou qualquer tipo de cobertura que oculte a face nos estabelecimentos comerciais, públicos ou abertos ao público, incluindo prédios que funcionam no sistema de condomínio.
Bonés, capuzes e gorros só serão proibidos se estiverem escondendo o rosto da pessoa. Depende de como se usa o boné.
“Assim dá para me identificar. Qualquer câmera dá pra ver o meu rosto. Agora, quando você abaixa um pouquinho, já se vê a maldade da pessoa”, afirma o empresário Lenine Lima.
Esta lei está sendo vista como uma forma de diminuir a ação de bandidos que geralmente cobrem o rosto durante os assaltos. Deste jeito facilitaria também a identificação dos criminosos pelas câmeras de segurança.
Só na cidade do Rio, entre 2012 e 2013, houve um aumento de 28% nos roubos a estabelecimentos comerciais, de 2.339 casos para quase 3 mil. “Acho importante esta lei. Eu sou bem realista. Eu acho bom esta lei”, defende o autônomo Diego de Sousa.
Quando perguntado se tiraria o boné hoje, assim, se alguém falasse, o aposentado Railton da Silva responde: “Lógico! Quer que eu tire agora? O principal é a segurança do povo”.
Os donos dos estabelecimentos têm até o dia 18 de maio para colocar uma placa indicativa nas entradas, assim como existem placas de ‘Proibido Fumar’.
No comércio, tem os que acham que a lei protege e outros que espanta os clientes. “Eu sou careca. Eu só ando de boné, gosto de andar de boné. Vou entrar em um estabelecimento, vou ser barrado ou então eu vou andar na rua e a polícia vai me abordar a toda hora”, afirma o técnico em construção e montagem Marcelo Michel.
“Não só deve pegar como deve permanecer essa lei, porque nós lojistas sempre corremos risco de assalto, furto”, diz o gerente de loja Luís Paulo Vicente.
“Eu acho que o governo tem que oferecer esta segurança, e colocar boné ou sem boné. Tem que aprender a identificar da melhor forma possível, não impedindo as pessoas de vestir o que elas quiserem”, defende o estudante Gabriel Fraga.
Para o especialista em segurança pública Paulo Storani, a nova lei pode tornar a ação do criminoso que usa boné mais arriscada. “A possibilidade de alguém chamar a polícia mais rápido do que poderia fazer antes vai fazer com que ele aja mais rápido. Então, poderá gerar, uma atitude mais violenta por parte dele. Nós queremos resolver problemas tão complexos de uma forma tão simples como uma lei que resolva tudo e, na minha opinião, não vai resolver. Mas serve para chamar a atenção do problema”, afirma.