O menino Bernardo Uglione Boldrini fez uma homenagem no Dia das Mães de 2011 à madrasta Graciele Ugulini na escola onde ele estudava em Três Passos, na Região Noroeste do Rio Grande do Sul. As imagens estão disponíveis em um vídeo publicado pelo Colégio Ipiranga na internet.
O menino de 11 anos foi encontrado morto na noite de segunda-feira (14) em um matagal de Frederico Westphalen, cidade a cerca de 80 km de Três Passos. Ele estava desaparecido desde o dia 4 de abril. Segundo a Polícia Civil, o médico Leandro Boldrini, pai do garoto, a madrasta Graciele e a amiga do casal Edelvania Wirganovicz são suspeitos do crime.
Publicado no dia 9 de maio daquele ano, o vídeo mostra os alunos do colégio homenageando as mães pela data. No final da gravação, os alunos aparecem segurando cartazes com o nome das mães. Em vez de homenagear a mãe biológica, Bernardo aparece sorridente com um cartaz com o nome “Keli”, como Graciele era conhecida, escrito ao lado de um coração. A mãe biológica de Bernardo, Odilaine Uglione, havia morrido pouco mais de um ano antes. De acordo com a polícia, Odilaine cometeu suicídio dentro do consultório do marido e pai de Bernardo no dia 10 de fevereiro de 2010.
Em outro vídeo da escola, publicado em 10 de agosto de 2013, Bernardo participa de uma homenagem ao Dia dos Pais. Ao lado de colegas, ele encena uma coreografia. Uma das últimas imagens do garoto antes de sumir também foi registrada na escola, em uma apresentação teatral.
“É um menino que realmente deixou profundas lembranças. E essas lembranças não se apagarão na nossa mente nem no nosso coração”, diz Nelson Weber, diretor do Colégio Ipiranga, onde Bernardo estudava.
Nesta segunda-feira (21), professores da escola começaram a ter acompanhamento psicológico com a psicóloga Fabiane Angelo. Ela atendeu vítimas da tragédia na boate Kiss, em Santa Maria. A intenção é preparar professores e alunos para a volta às aulas nesta terça (22), após uma semana de luto.
Já a polícia pediu a quebra do sigilo bancário do pai e da madrasta para tentar identificar alguma transação suspeita. A delegada quer saber a origem do dinheiro que teria sido usado por Graciele para pagar a amiga que ajudou no crime. Em depoimento, Edelvania confessou ter recebido R$ 6 mil da madrasta de Bernardo, primeira parte dos R$ 20 mil prometidos.Entenda
Bernardo havia sido visto pela última vez às 18h do dia 4 de abril, quando ia dormir na casa de um amigo, que ficava a duas quadras de distância da residência da família. No domingo (6), o pai do menino disse que foi até a casa do amigo, mas foi comunicado que o filho não estava lá e nem havia chegado nos dias anteriores.
No início da tarde do dia 4 de abril, a madrasta foi multada por excesso de velocidade. A infração foi registrada na ERS-472, em um trecho entre os municípios de Tenente Portela e Palmitinho. A mulher trafegava a 117 km/h e seguia em direção a Frederico Westphalen. O Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) disse que ela estava acompanhada do menino.
“O menino estava no banco de trás do carro e não parecia ameaçado ou assustado. Já a mulher estava calma, muito calma, mesmo depois de ser multada”, relatou o sargento Carlos Vanderlei da Veiga, do CRBM. A madrasta informou que ia a Frederico Westphalen comprar um televisor.
O pai registrou o desaparecimento do menino no domingo (6), e a polícia começou a investigar o caso. Na segunda-feira (14), o corpo do garoto foi localizado em Frederico Westphalen.De acordo com a delegada Caroline Virginia Bamberg, responsável pela investigação, o menino foi morto por uma injeção letal, o que ainda precisa ser confirmado por perícia. A delegada diz que a polícia tem certeza do envolvimento do pai, da madrasta e da amiga da mulher no sumiço do menino, mas resta esclarecer como se deu a participação de cada um. O advogado do pai disse que ele é inocente.
Fonte:G1