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Nº 2043
28/10/2024


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FALA LEITOR - 24/04/2014

TUDO PELO FILHO DROGADO Esta é uma história real. Conheci os personagens no período em que morei, durante anos, em Belo Horizonte. Chamavam-se Maria e José. A singeleza do nome nos enleva, pois pensamos, a priori, em Maria e José, pais de Nosso Senhor Jesus Cristo. Todavia, no sentido inverso dos fatos ocorridos. Muito educada, porém sem nenhuma instrução, tinha vindo há pouco do interior. Trabalhava com o que podia, lavava, fazia faxina em casas de família. Sua vida era difícil, mas ela sabia se remediar com isso. Não saía, não passeava, só vivia e cuidava do seu menino. José era um belo rapaz de 18 anos que logo se enturmou com quem não devia e fez da droga a sua bíblia. Maria orava sempre, mas Deus já tinha grandes problemas a resolver e o dela era de uma mãe a mais que padecia pelo filho. Como temia coisas mais graves que seu filho poderia fazer, Maria tomou uma atitude drástica que mudaria toda a sua vida. Prostituiu-se para sustentar o vício do filho. Toda noite, se aprontava e dizia ao filho que trabalhava no hospital X. Um dia, chegou em casa com vários hematomas no corpo. Quando o filho lhe perguntou, ela respondeu que tinha dado plantão em uma ala do hospital onde os pacientes eram doentes da cabeça e a agrediram. Até que uma noite não retornou. No outro dia, o filho procurou por ela no hospital. Na portaria perguntou onde trabalhava Maria de Tal e obteve como resposta que lá não trabalhava ninguém com esse nome. Contudo, na noite anterior, uma mulher da rua havia dado entrada ali, pois tinha sido esfaqueada e passava mal. Seu coração disparou quando reconheceu a mãe. Em desespero perguntou: Por que, mãe? Por quê? Ela, já sentindo sua vida esvair-se, disse lhe apenas que fazia aquilo para sobrar dinheiro para o filho, pois não queria que ele cometesse algum desatino, pois era um bom rapaz e ela o amava muito. Pedindo-lhe perdão, ela cerrou os olhos. Hoje, José é um homem casado, tem uma bela família, reza todos os dias para sua mãe e também pede a Deus que proteja seus filhos. Será que é necessário tanto drama e atitudes extremas para que nossos filhos se conscientizem de que o suposto prazer que eles buscam na droga nos mata a cada dia um pouquinho? (EUSTÁQUIO MIRANDA, PM/MG, cujo título original é Mãe Heroína). OPERAÇÃO BALADA SEGURA Ainda não pusemos fim à questão interminável e polêmica bebida alcoólica versus direção. Ora, sendo acadêmico e docente do curso de Direito, sentimo-nos ainda mais no dever de abordar esse tema que, embora para muitos seja cansativo, repetitivo e consagrado, ainda suscita muitas discussões e deve implicar evoluções, adaptações e até mesmo retrocessos, quer sejam do âmbito do Executivo, do Judiciário ou do Legislativo. Nessa era de identidades em construção e de transformações constantes, chegar a um resultado satisfatório implica intercessões, sobretudo daqueles cuja meta é a justiça e cujo instrumento 1º é o direito. Lembramos que, até pouco tempo, beber e dirigir parecia algo normal. Entretanto, com a instituição da Lei Seca isso tem mudado. A ideia pode até ser a busca da erradicação da praga, conhecida por inconsequentes do volante, mas ainda há muito a ser feito. Aliás, a lei possui subterfúgios, o que dificulta o combate aos tais inconsequentes. Reconhecemos que muita coisa mudou de lá para cá; prova disso são os critérios e as sanções que estão mais rígidos; porém, ainda há desconfiança e estamos muito aquém do desejado e esperado. Não se trata de opiniões isoladas. O fato é que a sociedade vem ficando perplexa com a incrível capacidade que o ser humano tem de pôr em risco a vida de 3ºs. Em outras palavras, tem-se ignorado a prioridade da vida sobre outros direitos. Indo além, sabemos que é prática comum, tanto em ambientes de trabalho como em família, o tradicional churrasco de confraternização (os não adeptos à iguaria campeira que nos perdoem, porque estamos apenas exemplificando). Ali, normalmente a bebida mais consumida é a alcoólica. Invariavelmente, aqueles que bebem, em sua maioria esmagadora, saem do evento conduzindo os seus automóveis e, em alguns casos, levando junto a família. Poderíamos até elencar vários casos de pessoas alcoolizadas assumindo o volante. Antes de qualquer juízo de valor, há de se lembrar que isso é submeter a vida de outrem ao risco de morte. O que nos preocupa é que esse público que ignora a lei é constituído por pessoas humildes, abastadas, bem sucedidas profissionalmente ou não, esclarecidas ou não, inclinando-nos a acreditar que o problema da alcoolemia ao volante já está incutido na cultura do brasileiro. Chega ao extremo de ser requisito básico para a aceitação do indivíduo na sociedade, a exemplo dos notívagos que se reúnem para o famigerado esquenta, ritual preliminar da balada, onde são consumidas quantidades excessivas de bebida alcoólica. Contudo, é chegada a hora de ter esperança e otimismo. Já são inúmeras as medidas que vêm sendo tomadas pelas autoridades em muitas partes do país. Citamos o exemplo da Operação Balada Segura, que foi instituída no Rio Grande do Sul pela Lei 13.963, de 30 de março de 2012. Portanto, apesar da perspectiva da árdua batalha que temos pela frente até vencermos esse gigante que nos assola diariamente, mediante uma fria análise da atual magnitude do problema e considerando que o Estado está agindo efetivamente, temos confiança que conseguiremos, a curto, médio ou longo prazo, vencer a batalha. Basta perseverarmos na discussão do problema até conseguirmos, como adiantamos, um resultado satisfatório. (MARCOS VICENTE A. COSTA XAVIER, Sete Lagoas/MG, cujo título original é Bebida Versus Volante). BURCA PARA EVITAR ESTUPRO? O Ipea - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, é uma fundação pública federal ligada à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República e suas pesquisas fornecem suporte técnico às ações governamentais. Recentemente, o Ipea divulgou uma pesquisa chamada Tolerância Social à Violência Contra as Mulheres, quando informou que 65% dos entrevistados concordavam com essa afirmativa: Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser estupradas. Essa pesquisa gerou uma onda de protestos dentro e fora do Brasil, sendo assunto até na tv. britânica BBC, do jornal Washington Post e centenas de outros veículos de comunicação. Ela deu origem a um movimento, onde as mulheres apareciam com pouca roupa e que correu o país, mostrando a frase Não Mereço Ser Estuprada. O Brasil foi alvo de críticas e brincadeiras maldosas, onde recomendavam o uso da burca (traje tradicional do Afeganistão) como uma forma das mulheres escaparem dos ataques sexuais, já que o povo brasileiro achava certo o estupro, pois a culpa era da mulher provocativa. Após alguns dias, o barulho foi tamanho que esse competente órgão federal publicou uma nota alegando que houve um erro no resultado da pesquisa e o número correto seria 26% e não 65%. Segundo o Ipea houve uma troca nas colunas das planilhas, originando esse erro brutal. Em seguida, um de seus diretores, Rafael Osório, pediu a sua exoneração pelo erro cometido. De todas as formas, o estrago foi feito e o povo brasileiro foi motivo de desprezo e chacota pelo mundo afora. Temos também aqueles que acham que a pesquisa estava correta e mostrou o comportamento machista e estúpido do povo; e que o IPEA achou melhor dizer que a pesquisa estava errada para tentar consertar o que não tinha mais conserto. De todas as formas, o que ficou claro é que a dúvida foi instituída nos resultados das pesquisas desse órgão. Vale lembrar que o Ipea foi criado em 1964 para exercer um papel de consciência crítica das ações dos governos. De lá, saíram pesquisas que orientaram o desenvolvimento do país, até o momento em que o governo Lula deu início ao afastamento dos intelectuais que não partilhavam das ideias do seu partido. Trocaram competência por política partidária e , agora, aí está o resultado. (CÉLIO PEZZA, Caxias do Sul/RS, cujo título original é O Desastre Chegou ao Ipea).

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