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O Golpe de 64 na cidade (2) - 02/05/2014

Após a veiculação da matéria intitulada O Golpe de 64 na Cidade, escrita por Dumas Coutinho, há 50 anos, e republicada por esta GAZETA, na página 3, da edição de nº 1501, a leitora Guilhermina Mendes enviou um exemplar do Jornal Independente, do saudoso Fraquito, que, em 10 de abril 1971, publicou um texto sobre os 7 anos da revolução. Na verdade, trata-se de uma palestra proferida pelo saudoso juiz de direito Morel Mendonça Meireles. Vale a pena conferir esta pérola. “No dia 31 de março do ano corrente, pelo aniversário de 7 anos da Revolução, tivemos no Colégio Normal Sagrado Coração de Maria uma palestra feita pelo Dr. Morel Mendonça Meireles, juiz de direito de Ouro Preto/MG e professor de vários colégios desta cidade. Sua palestra empolgou a todos os presentes que reviveram os grandes momentos da Revolução de 64, quando tanta coisa importante para o futuro do Brasil aconteceu. “O que houve na Revolução de 31 de março daquele ano, não foi somente uma reação militar contra um governo, nem tão pouco um mudança de chefia política. O que se iniciava no ano de 1964 era todo um sistematizado processo de reformulação política, social e econômica. Séria e consciente, a revolução se consolidou no imperativo democrático, de todo um povo, se alicerçou no civismo das Forças Armadas e aspirou alcançar o progresso do país e a felicidade de seus habitantes. Ela não se fez num dia, já vinha de algum tempo de descontentamentos e insatisfações, de desordens e de atos mal pensados. O governo do presidente João Goulart desejava o retorno do Sistema Presidencialista. Aparentemente, seu governo orientava-se no sentido de amplas reformas sociais e econômicas, sobretudo a Reforma Agrária. Na tentativa de alcançar seus objetivos, apoiou-se o presidente nas correntes esquerdistas, o que provocou uma certa apreensão em inúmeras áreas políticas, nas Forças Armadas, no comércio e nas classes empresariais. Apesar do país atravessar um surto de progresso, a falta de planejamento adequado levou à uma inflação que empobrecia o povo, elevando o custo de vida a níveis alarmantes. A situação foi se complicando, até que na madrugada de 31 de março, depois de um discurso feito pelo presidente, num último e inútil apelo às forças com quais julgava contar, o governador de Minas, Magalhães Pinto, rompeu definitivamente com o Governo Federal, enquanto que tropas começaram a deslocar-se no Estado, bloqueando fronteiras e rodovias a que seguiram idênticos movimentos em todo o país, ao mesmo tempo que uma rede de emissoras de rádio, numa última tentativa de evitar o colapso da então chamada Legalmente, passou a transmitir as notícias e as ordens, decretando inclusive uma greve geral em todo o país que, aliás, se efetivou. Em pouco tempo, a situação do presidente Goulart tornou-se insustentável e vendo-se perdido, no dia 4 de abril, refugiou-se no Uruguai em busca de asilo político. Depois disso, a situação foi se normalizando e, em lugar dos comunistas que queriam impor uma ideologia contrária aos sentimentos do povo brasileiro, a juventude, os estudantes e todos aqueles que amam a sua pátria, lutam por um Brasil melhor, ajudam na alfabetização que está se alastrando pelos mais longínquos lugares, através do Mobral, movimento criado recentemente, ajudam na assistência médica e social, principalmente das terras do Nordeste e da Amazônia que agora está conhecendo o progresso, através da Transamazônica. Estão sendo criadas usinas hidroelétricas, estradas, fábricas, mais escolas, mais cidades. Hoje, a demagogia não existe mais; em seu lugar, há apenas o progresso, o desenvolvimento e uma esperança em cada coração brasileiro”.

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