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Nº 2046
14/11/2024


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FALA LEITOR - 08/05/2014

ME ENGANA QUE EU GOSTO! A CPI da Petrobras está aprovada, por decisão liminar do Supremo. Agora, começar a trabalhar é outra coisa. Os partidos têm de indicar seus representantes e é muito possível que os governistas adiem ao máximo as indicações. Isso obrigará a oposição a recorrer de novo ao Supremo para que determine a imediata escolha dos membros da CPI. Não é preciso segurar muito: em 12 de junho começa a Copa do Mundo! Mesmo que a CPI trabalhe, a repercussão será pequena. E depois da Copa, começa a campanha eleitoral. Pode dar samba? Até pode, porque há tanto escândalo - o que inclui a informalíssima retirada de um cheque de US$ 10 milhões do caixa da Petrobras sem autorização escrita que, talvez, as barreiras sejam rompidas. Um dia, talvez, quem sabe? O PT reclama do veto judicial à CPI ampliada, que investigaria também o cartel do metrô e trens urbanos em São Paulo - cartel iniciado no Governo Covas, no começo da dinastia do PSDB. O PT reclama de barriga cheia. Só para efeito público: a CPI ampliada é ilegal, mas criar outra CPI para o cartel que envolve o tucanato paulista é absolutamente legal. Com maioria no congresso, os governistas só não abrirão a nova CPI se não quiserem – e, talvez, não queiram, porque as empresas acusadas de cartel em São Paulo fizeram e fazem obras em todo o país, em governos de vários partidos. Mas seria ótimo que a CPI do cartel fosse formada para valer. Não dá para acreditar que um único integrante do governo Covas comesse sozinho todo o butim. Quem mais daquele governo esteve na comilança? (CARLOS BRICKMANN, São Paulo/SP). UM MONSTRINHO CHAMADO R. SHERAZADE Ao contrário da rainha Persa que, por 1.001 noites, contou histórias fantásticas a ponto de amolecer o duro coração de um rei malvado, sua homônima, a jornalista Sherazade, não deixará lembranças tão bonitas. Esta coluna, hoje, irá defender a fascista moçoila, a preconceituosa loirinha, a ranzinza bonequinha do mal. E assim o fará, porque até mesmo homicidas têm direito a um advogado. Uma pregadora do radicalismo de direita também terá quem por ela interceda, ainda que tal desafio caiba a mim. A azeda apresentadora de um jornal do SBT tanto soltou impropérios que horrorizou o país inteiro. Seus comentários racistas, homofóbicos e muito próximos do fascismo causaram embaraço e asco. O SBT reagiu. Desapareceu com a princesa por um tempo. Suspeitou-se de demissão. Dias depois, o desligamento foi desmentido. Nova informação deu conta de que ela permaneceria com acesso ao microfone, desde que contivesse suas compulsões. Este é o ponto em que Sherazade merece defesa: ela não pode ser calada na marra. As opções são: ou o SBT assume o custo de ter em seus quadros uma reacionária fanática ou se livra dela. Mantê-la no ar sob a proibição de emitir opinião é dar munição para quem os acusa de censura e, pior, é alimentar o monstrinho Raquel Sherazade. (BRUNO QUIRINO, Divinóplis/MG). DE QUE VALE O MAL QUE DESEJAMOS? Segue uma história antiga, já contada por amigos e conhecida por todos, mas que em determinados momentos de nossas vidas é muito válido lê-la novamente para refletir um pouco: Seus Pés no Assoalho da Casa. O pai, que estava indo para o quintal fazer alguns serviços na horta, ao ver aquilo chama o menino para uma conversa. Zeca, de 8 anos, o acompanha desconfiado. Antes que seu pai dissesse alguma coisa, fala irritado: - Pai estou com muita raiva. O Juca não deveria ter feito isso comigo. Desejo tudo de ruim para ele. Seu pai, um homem simples, mas cheio de sabedoria, escuta, calmamente, o filho que continua a reclamar: - O Juca me humilhou na frente dos meus amigos. Não aceito! Gostaria que ele ficasse doente sem poder ir à escola. O pai escuta tudo calado, enquanto caminha até um abrigo, onde guardava um saco cheio de carvão. Levou o saco até o fundo do quintal e o menino o acompanhou, calado. Zeca vê o saco ser aberto, e antes mesmo que pudesse fazer uma pergunta, o pai lhe propõe algo: - Filho, faz de conta que aquela camisa branquinha que está secando no varal é o seu amiguinho Juca e cada pedaço de carvão é um mau pensamento seu endereçado a ele. Quero que você jogue todo o carvão do saco na camisa, até o último pedaço. Depois eu volto para ver como ficou. O menino, achando que seria uma brincadeira divertida, pôs mãos à obra. O varal com a camisa estava longe do menino e poucos pedaços acertavam o alvo. Uma hora se passou e o menino terminou a tarefa. O pai, que espiava tudo de longe, se aproxima do menino e lhe pergunta: - Filho como está se sentindo agora? - Estou cansado, mas estou alegre porque acertei muitos pedaços de carvão na camisa. O pai olha para o menino, que fica sem entender a razão daquela brincadeira, e carinhoso lhe fala: - Venha comigo até ao meu quarto. Quero lhe mostrar uma coisa. O filho acompanha o pai até o quarto e é colocado na frente de um grande espelho onde pode ver seu corpo todo. Que susto! Só se conseguia enxergar seus dentes e olhinhos. O pai, então, lhe disse ternamente: - Filho, você viu que a camisa do Juca quase não se sujou. Mas olhe só para você. O mal que desejamos aos outros é como o que lhe aconteceu. Por mais que possamos atrapalhar a vida de alguém com nossos pensamentos, a borra, os resíduos, a fuligem ficam sempre em nós mesmos... O conto acima deveria ser lembrado todos os dias. É muito comum perdermos momentos preciosos de nossas vidas remoendo mágoas e revivendo momentos tristes que nada mais são que parte do passado. Quando alguém nos prejudica, sentimos uma necessidade imensa de que aquela pessoa sofra pelo mal que nos causou. Algumas vezes chegamos a desejar que ela pague por todo o sofrimento que nos fez passar. E, devido a esses pensamentos viciantes, começamos a pensar no nosso ofensor várias horas de nosso tempo e deixamos de viver momentos felizes com as pessoas que nos amam de verdade. Além do sofrimento que já carregamos, passamos a remoer a mágoa de forma constante e isso nos causa mais sofrimento. Entramos, sem perceber, em um círculo vicioso do pequeno Zeca que entra em casa, após a aula, batendo forte os pés da mágoa e do sofrimento. O ofensor passa a ter mais importância e valor do que deveria ter em nossas vidas. Se fosse possível que o nosso sofrimento contagiasse e causasse no ofensor a tristeza e dor que nos causou, estaríamos ao menos vingados. Mas não; o sofrimento causa dor em uma única pessoa, na própria vítima. O ofensor não sofre por estarmos sofrendo e nem vai nos pedir perdão ou mudar seu comportamento por nosso estado prolongado de tristeza. Conforme for a personalidade do ofensor ele vai é se alegrar de ter nos causado mais mal do que desejava. Devemos aprender a dar um basta na tristeza, pois ela é opcional, num segundo momento. Inicialmente, o sofrimento é natural, mas com o passar dos dias ele deve naturalmente ser deixado de lado ou, do contrário, corremos o risco de entrar num sofrimento viciante. O ideal é aprendermos a perdoar o ofensor, mas isso não significa procurá-lo e pedir perdão a ele. Significa apenas esquecer o que passou, colocar uma pedra em cima e viver a vida, a sua vida! (FERNANDA VARGAS, Divinópolis/MG).

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