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Patafufo faz carreira em Miami - 15/05/2014

O pará-minense Ricardo Campos Gentil, 41, solteiro, administrador de empresas pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, reside hoje em Miami/E.U.A., onde é diretor financeiro para Américas e Europa de uma empresa chamada Western Union. Ricardo, filho de Maria José Campos e Aguimar Gentil, é gêmeo de Alexandre que mora em Pará de Minas. Ao tomar conhecimento do grande sucesso que ele vem obtendo em outro país, a reportagem GP manteve contato imediato, através da internet, meses atrás. Felizmente, agora, ele conseguiu um tempo em seu agitado dia a dia, para falar ao jornal de sua terra natal. Não deixe de ler. “Vivi em Pará de Minas até os 18 anos. Saí de Pará de Minas para estudar, me formei em Administração de Empresas, na Fundação Getúlio Vargas de São Paulo. Mas saí daí também pelo desejo que tinha de conhecer o mundo, outras culturas e povos. Afinal, em minha família, fui exposto a alguns fatores que também aguçaram esse meu interesse por desbravar fronteiras. Tive vários tios que moraram (e ainda moram) no exterior. Então, eles despertaram em mim a sensação de que existia um mundo muito diferente daquele que eu conhecia e que, também, merecia ser explorado. Talvez por isso, já tenha tido residência fixa em São Paulo/SP, Londres/Inglaterra, Nova Iorque/E.U.A. e, atualmente em Miami. Fui influenciado também pela tia Aninha (Ana Maria Campos) que, na minha pré adolescência, sempre me levava aos eventos culturais de Pará de Minas, alguns, inclusive, realizados pela GAZETA. Lembro que ela me levou, nos Anos 80, ao centro literário para assistir a um recital em que um músico tocava um piano e um outro, fagote. Quantas coisas mais existiriam além das fronteiras de Pará de Minas, numa época em que não existia internet? Mas existiam os livros e os professores como Ivette Resende e Maria Inês Barbosa, professoras de História e Geografia. Elas também foram uma fonte de inspiração para o mundo que eu queria descobrir e viver”, enumera Ricardo. A MÃE - “Sair de Pará de Minas para São Paulo para fazer faculdade não foi fácil. Na 1ª semana, em agosto de 1993, liguei para minha mãe de um orelhão para contar como estava sendo difícil a minha nova vida, doido para ela dizer: Esqueça essa maluquice de estudar em São Paulo e volte pra casa. Mas, ao contrário, ela disse: Tenha força, meu filho, Nossa Senhora vai te ajudar a seguir em frente! Aquele momento foi decisivo para eu me formar em Administração de Empresas, em 1997. Iniciei minha vida profissional, antes mesmo de me formar, trabalhando no mercado financeiro para o Unibanco Asset Management. Ainda pelo Unibanco, fui morar em Londres, logo após me formar. Lembro que fui a Pará de Minas me despedir da família. Eu estava na cozinha da casa da minha tia paterna (Maria Rita Leite), e ela me perguntou quem iria me buscar no aeroporto em Londres. Respondi que ninguém, que eu iria chegar e pegar o metrô. Recordo da cara de espanto dela, como quem me dissesse: Você é louco? Com a impulsividade da juventude, aliada ao espírito aventureiro e a falta de experiência, cheguei em Londres depois de uma viagem de muitas horas, peguei o metrô e cheguei a um albergue sem vagas, onde deixei minhas malas. Depois, saí andando à procura de um outro lugar para, pelo menos, passar a noite. Graças a Deus, encontrei vaga em outro albergue. Minha mãe estava certa! Nossa Senhora estava iluminando, para sempre, o meu caminho”. DIFICULDADES E MAGIAS - “Voltei ao Brasil, em 1998, depois de viajar e conhecer grande parte da Europa, vivendo experiências difíceis como um réveillon tumultuado em Paris/França. Isso, porque, logo após a virada de ano na Champs Elysees, essa histórica e charmosa avenida se transformou num campo de batalha entre a polícia e a população da periferia. Nós, turistas, nos vimos no meio de garrafas de champanhe voando e bombas de gás lacrimogêneo sendo lançadas. Mas experiências mágicas também marcaram esse período como participar do encontro anual de Ferraris, em Mônaco/sul da França, andar pelos corredores do British Museum, me deparar com uma pintura datada de 1409 ou simplesmente me sentar na praça São Marcos, em Veneza/Itália. De volta a São Paulo, construí minha carreira profissional trabalhando para o Unibanco, Tv. Globo e iG (empresa de internet que pertencia às antigas operadoras Telemar e Brasil Telecom). Em 2004, fui morar em Nova Iorque, onde fiz o meu MBA – Master in Business Administration. Depois, voltei ao Brasil, no início de 2006, trabalhei para o Grupo Votorantim e, por 5 anos, para uma empresa americana, a Western Union, que faz transferência de dinheiro, onde fui diretor financeiro para a América Latina e, no ano passado, recebi o convite para me mudar para Miami como diretor financeiro para Américas e Europa. Estou aqui há quase 1 ano”. NOVA IORQUE – “Nova Iorque talvez seja um dos poucos lugares dos Estados Unidos em que você fala inglês e as pessoas não olham para você com aquela cara de: O que você está querendo dizer? Eu me lembro de um artigo publicado no The New Yorker que dizia que as pessoas que moravam em Nova Iorque amavam ou odiavam essa cidade, porque não há meio termo. No meu caso, eu amei e odiei essa cidade várias vezes. Odiava ter que, uma vez por semana, sair de casa para levar a roupa para lavar e secar numa lavanderia e ter que ficar esperando. Isso é comum para o nova-iorquino. Mas amei os vários momentos que a cidade me permitiu viver como sair do cinema numa noite de inverno e ser surpreendido pelos flocos de neve que começavam a cair, anunciando a chegada do inverno; ou, em pleno inverno, depois de um sábado de pura nevasca, acordar num belo domingo de sol e ir brincar com os amigos com a neve acumulada no Central Park... são experiências que não vivemos no Brasil”. BRASIL - “Morar fora do Brasil nos torna mais sensíveis às coisas que nos remetem ao nosso pais. Vivi uma dessas experiências, aqui em Miami. Eu estava na praia e, de repente, escutei um batuque de samba. Eu não sei sambar, mas meu coração começou a sambar e à medida que me aproximava do som, meu coração batia ainda mais forte. Aí, me encontrei um grupo de 6 brasileiros, fazendo a batucada com belos sorrisos nos rostos. Me senti brasileiro e essa conexão com o que somos, com nossas raízes, costumes e nossa história não se perde morando fora; pelo contrário, ela se fortalece. Talvez, seja até um mecanismo de defesa, porque no meio de tanta diversidade como as que existem em cidades como Londres, Nova Iorque ou Miami, essa pode ser a melhor forma de manter e afirmar a nossa própria identidade. Essa é uma das várias descobertas, talvez a mais importante, feitas pelo garoto curioso que, um dia, resolveu sair de Pará de Minas para conhecer o mundo. Ser brasileiro é bom demais! E Pará de Minas teve um papel importante nessa minha trajetória, porque foi nesta cidade que, graças a meus pais, formei os pilares que sustentam o homem e o profissional que eu sou hoje. Foi aí que aprendi os 1ºs conceitos de ética e respeito ao próximo”. (Matéria sugerida por MAÍZA LAGE).

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