OS VEREADORES E A ÁGUA
“Estive ontem (3ª feira, 12 de maio) na câmara municipal para assistir à uma reunião extraordinária, quando os vereadores finalmente votariam o Plano de Saneamento Básico Municipal. De repente, o vereador Silvério Severino usou a tribuna, quando falou, mais ou menos, assim: “Há 10 anos, o jornalista Bié Barbosa foi homenageado por esta câmara (diploma de Honra ao Mérito) e, ao agradecer, em nome de todos os homenageados, não falou das homenagens em si, preferindo fazer um alerta sobre a falta de água. Há 10 anos, esse jornalista previu o que estamos vivendo hoje”! Por que a GAZETA não aproveita o momento para publicar esse discurso, na próxima edição”?
NOTA DA REDAÇÃO – O editor GP recebeu essa homenagem da presidenta da Casa, Cristina Teodoro, em 1999; portanto, há quase 15 anos. Por uma questão de espaço, será publicado aqui apenas parte do que ele discursou. Confira.
“(...) Pensei em fazer um agradecimento que falasse de um assunto que não fosse só meu, nem apenas dos homenageados, mas de todos nós, sem exceção. Principalmente das próximas gerações! Mas, antes, eu pergunto: Alguém aqui, nesta Casa do povo, conseguiria viver sem água? Se nos faltasse, por exemplo, energia elétrica e telefone, apesar deles serem tão essenciais, a gente conseguiria, pelo menos, sobreviver. Mas sem água, jamais! Sem água, nenhum de nós sobreviveria. A ONU vive alertando: o estoque de água potável no planeta está no fim..(...) Mas apesar de tão grave alerta, aqui em Pará de Minas continuamos lavando até o passeio de nossas casas com água tratada. Isso sem falar nas pessoas, que ainda usam mangueira d´água para varrer os passeios, quando o correto seria usar uma vassoura. Todo dia, estamos desperdiçando esse líquido vital, cometendo o grave erro de achar que a água nunca vai se acabar. Mas ela se acaba! (...) E num futuro muito mais próximo do que a gente imagina (...) E ela não terá mais esse preço que hoje pagamos, bem abaixo do preço já cobrado nos Estados Unidos e na Europa, porque aqui a água ainda é garantida pelo poder público. Diante disso (...), lanço aqui uma ideia: Que tal partirmos para uma campanha conjunta de conscientização, em prol de nossas águas? Afinal de contas, a natureza está dando sérios sinais de que a coisa já não anda muito boa ara o nosso lado. Basta darmos uma olhada (...) para a fase terminal em que se encontram as águas do ribeirão Paciência. O ideal seria começarmos com uma educação de base, lançando essa ideia nas escolas, urbanas e rurais, já que as crianças são mais abertas que nós, adultos. Professores bem instruídos saberão sensibilizar seus alunos, que, por sua vez, acabarão envolvendo os pais, a família e, por fim, toda a comunidade. E que esta câmara, que hoje nos concede estes honrosos diplomas, não falte ao dever de cobrar da prefeitura para que isso seja realmente feito, o mais breve possível, porque a hora de agir é agora. Muito obrigado”!