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Mais velho do mundo é polonês, tem 111 anos e é fã de ocultismo - 22/05/2014

Nova York, EUA. Qual a sensação de ser o homem mais velho do planeta? Alexander Imich tem 111 anos e 3 meses. Magérrimo, com mãos com veias saltadas, bigode eriçado e um cabelo invejável, ele explica: “Não é bem um Prêmio Nobel”. Estudioso de ocultismo, nascido em 4 de fevereiro de 1903 na Polônia, ele é, oficialmente, o homem supercentenário mais velho do mundo, de acordo com o Grupo de Pesquisa de Gerontologia de Torrance, na Califórnia, nos Estados Unidos. Ele conseguiu a distinção depois que o recordista anterior, o italiano Arturo Licata, morreu, em 24 de abril, aos 111 anos e 357 dias (há 66 mulheres que o superam em idade; a mais velha, a japonesa Misao Okawa, tem 116 anos, segundo a mesma organização). “Ainda não tive tempo para pensar no assunto”, disse ele em uma entrevista recente, interrompida pela chegada de amigos com um bolo de chocolate. A comemoração era pelo seu aniversário, atrasada pela hospitalização resultante da queda no dia em que completou 111 anos. “Nunca pensei que fosse viver tanto”. Imich se lembra do primeiro carro em sua cidade, da luta contra os bolcheviques na Guerra Polaco-Soviética e da fuga do Holocausto. Depois de tudo isso ainda imigrou para os EUA, encontrou tempo para aprender a mexer no computador e, aos 92 anos, escreveu um livro sobre paranormalidade. Cresceu em uma família judia endinheirada em Czestochowa, no sul da Polônia, conhecida pela famosa pintura da Nossa Senhora Negra. Seu pai, que trabalhava com reparos e decoração, foi quem acabou fazendo uma pista para os primeiros aviadores. “Na época, voar era coisa de exibição. Atraía o público como se fosse show”. E considera o “aeroplano” a maior invenção que já testemunhou. Seus três irmãos viviam se aventurando a fazer a “brincadeira do copo” – sendo que, em uma das vezes, a mesa teria levitado. “Naquela época era moda”, recorda. Sonhava em ser capitão da Marinha polonesa, mas por ser judeu, foi aconselhado a desistir. “Aí resolvi ser zoólogo e viajar para os países exóticos da África”, conta. Porém, impedido de continuar o curso, optou por química, conquistando um doutorado pela Universidade Jagiellonian, na Cracóvia. Nos anos 30, Imich se descobriu fascinado por uma médium polonesa conhecida como “Matylda S.”, viúva de um médico e conhecida pelas sessões espíritas em que evocava os mortos. Ele participou de inúmeros desses encontros, que descreveu em detalhes para uma publicação acadêmica alemã em 1932 e voltou a abordar na antologia que editou, “Incredible Tales of the Paranormal”, publicada pela Bramble Books, em 1995. Guarda uma caixa com garfos e colheres retorcidas, resultado de experimentos de macropsicocinese. Casou-se com a namoradinha de infância – que, anos depois, o trocou por outro. Imich então se casou de novo, com a amiga da ex, Wela. Quando os nazistas invadiram a Polônia, em 1939, os dois fugiram para Bialystok, ocupada pelos soviéticos. Por se recusarem a aceitar a nacionalidade russa, foram mandados para trabalhos forçados na Sibéria. Com a Rússia vacilante sob o ataque alemão, foram libertados e enviados para Samarkand, que hoje é o Uzbequistão, e de lá de volta à Polônia, onde descobriram que grande parte da família tinha sido morta no Holocausto. Em 1951, o casal imigrou para Waterbury, em Connecticut. Wela, pintora e psicoterapeuta, abriu uma clínica em Manhattan. Depois que ela morreu, em 1986, Imich se mudou para o imóvel, situado em um hotel construído antes da guerra – que, oito anos depois, foi transformado no Esplanade, uma casa de repouso de luxo, e ele acabou isento de pagar aluguel. Suas economias desapareceram graças a investimentos dúbios, e a campanha feita pelo “NYT” pelos mais necessitados o ajudou em 2007. Qual o segredo de sua longevidade? Ele e a mulher nunca tiveram filhos – o que, em sua opinião, pode ter ajudado (seu parente mais próximo é um sobrinho de 84 anos, Jan Imich, que vive em Londres). Será que as dificuldades que enfrentou ajudaram a prolongar sua vida? “É difícil dizer”. Ele acha que são os genes bons e os exercícios. “Eu era ginasta. Corria bem, saltava bem. Era bom de dardo e de nado”. Fumava, mas parou há muito tempo. Bebida alcoólica? Nunca. No entanto, sempre comeu pouco, inspirado pelos místicos do Oriente que desprezam comida. “Tem gente na Índia que nem come”, diz. Seus cuidadores revelam, porém, que ele gosta de bolinhas de matzá (biscoito), gefilte (bolinho de peixe), canja, biscoito Ritz, ovos mexidos, chocolate e sorvete. Quando ouve esse último, fica todo animado. “Sim, senhor!”, exclama. Fonte: O Tempo

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