Delba Bahia Vasconcelos Barbosa, 85, nasceu em Maravilhas/MG, filha mais velha de 13 irmãos (Júlio, Telma, Julieta, Francisca, Maria José, Maria Sílvia (+), José Ulisses, Paulo, José Américo, Henrique, Neusa e o Tito), tendo ajudado a criar a todos. Veio para Pará de Minas, quando se casou, em 1950, com Odilon Dias Barbosa, 90, que nasceu aqui. Moram no bairro São Francisco há 25 anos, mas já moraram em vários outros bairros. À reportagem GP, o casal contou um pouco de sua história. Não deixe de ler.
“A infância naquela época era muito boa. Morávamos na fazenda, brincávamos de roda, andávamos pelas estradas, ajudava a minha mãe a passar roupa com o ferro cheio de brasa... fogão de lenha... Foi assim até os meus 18 anos. Depois, namorei um rapaz, mas não deu certo. Eu gostava de namorar (risos). Um dia, quando eu tinha 21 anos, vim a Pará de Minas a passeio e conheci o Odilon. Aí, ele começou a ir na casa dos meus pais, queria de todo jeito me namorar. Com 6 meses de namoro, já queria casar. Ficamos noivos 6 meses e nos casamos em 28 de janeiro de 1950, perto do aniversário dele, 9 de janeiro. Meu irmão caçula, o Tito, eu criei até os 3 anos, porque aí me casei e minha irmã começou a cuidar dele. Lembro-me dele pedindo para eu voltar para casa, porque ela não cuidava dele igual a mim. Dizia que ela judiava muito dele, me chamava de madrinha, mas eu me casei e vim embora”, relembra Delba.
ALEGRIAS – “Meu melhor tempo foi quando eu estava na escola e também quando me casei e vieram os nascimentos dos meus filhos. Sou muito feliz com eles. No Natal, eles vieram todos. No aniversario do Odilon vieram de novo. Tenho 17 netos e 4 bisnetos. Um deles tem 16 anos, meu filho caçula tem 50 e o mais velho, 62. A vida é tão boa e passa tão depressa. Depois que os filhos crescem é que percebemos que passou tudo tão depressa”.
TRISTEZAS –“Momento ruim foi quando perdi os meus filhos José Arnaldo com 7 meses e o Airton com 49... Já tem 10 anos que o Airton faleceu de câncer... sofreu muito. Morava em Divinópolis/MG, onde trabalhava no Banco do Brasil. A gente sente até hoje (emoção). Eram 6 filhos, 5 homens e uma mulher: Aloízio, Airton (+), José Arnaldo (+), Arlete, Adair, Arnaldo e Adauto. Nenhum filho é igual ao outro... o Airton era muito carinhoso”...
UM SONHO – “Sonho em poder mudar dessa casa, ir para uma nova, pequena que eu desse conta de fazer tudo, pois hoje não dou mais conta... a casa é grande só para nós 2... mas acho que não vamos, porque o Odilon gosta daqui. Queria passear muito também, mas ele não gosta. Então, fico em casa com ele, né? Gostaria de falar também que adoro a GAZETA. Assino há muitos anos. Adoro a Ana Aurora cada receita boa, aquelas fotos bonitas dela. Adoro as Gostosuras Práticas. Uma vez, vi um vestido dela em uma foto do jornal e mandei fazer um igualzinho. Adoro o Bié também! Conheço todas as irmãs dele”.
ODILON – “Estudei no Governador Valadares e depois fui para Belo Horizonte trabalhar. Fiquei lá durante 2 anos e depois voltei para Pará de Minas para trabalhar no escritório de contabilidade a empresa Santa Matilde, durante 4 anos. Depois, entrei no Banco de Minas Gerais, onde fiquei 5 anos, sendo nomeado para trabalhar no Banco do Brasil. Em 1951, fui nomeado para trabalhar em Piraju/SP na divisa com o Paraná, onde fiquei por 4 anos. Voltando para Pará de Minas, trabalhei mais 20 anos e aí me aposentei. Durante esse tempo, comprei 8 sítios e 4 fazendas; comprava, melhorava e vendia. Naquele tempo, era fácil comprar e vender. Hoje, não é mais tão fácil. Agora, fico em casa com os meus pássaros. Gosto muito de música, tenho uma salinha de música com 30 discos, 60 cds, 40 dvds e 40 fitas. Todos os meus aniversários foram gravados. Todas as noites, ouço música até meia noite, enquanto a Delba dorme. Levanto às 6 horas para tratar dos passarinhos. Meus xodós são um violão e uma guitarra que tenho. Comecei a tocar com 18 anos, mas parei em 2013. Toquei nas bandas Alma Brasileira e Rouxinol. Toquei muito tempo na cidade Ozanan para os idosos, quando o Silésio (Mendonça) era prefeito. Eu leva a turma no meu carro para tocar. Quando acabou o mandato dele, nós paramos. Agora, só cuido dos instrumentos Sempre dirigi e nunca sofri acidente. Parei de dirigir no dia do jogo do Brasil com a Espanha, em 2013. Agora, quem dirige pra gente é minha neta, mas o trânsito está muito perigoso”.
AMOR DEMAIS – “Gosto demais da Delba, ela é a deusa do meu coração. Cada ano que passa gosto mais dela. Somos de signos opostos; eu sou de Capricórnio e ela, Virgem, mas nos damos muito bem, apesar de que, às vezes, alguém explode, mas, como a gente se gosta demais, dá tudo certo. A gente tem de fazer por onde gostar. Infelizmente, nos casamentos de hoje ninguém faz mais por onde gostar. Qualquer coisa e já estão se separando. Casamento é difícil para as duas pessoas, porque elas são diferentes, mas tentando se entender dá tudo certo”!
O MUNDO HOJE – “O mundo vai muito mal. No meu tempo, era completamente diferente: os namoros... os filhos de hoje não atendem mais os pais, não obedecem, mas os pais também estão errados no modo de falar com os filhos. Parece que o respeito acabou. Tudo pode, tudo é normal e a tendência é só piorar. Fora isso, o pessoal perdeu a crença em Deus, a fé acabou. Cada coisa acontecendo que até Deus duvida”, diz Odilon.
“As portas das casas antigamente ficavam abertas, o dia todo. Se deixar aberta hoje os ladrões tomam conta”, compara Delba.