Uma queda de braço entre a Prefeitura de Pará de Minas, na região Central do Estado, e a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) tem resultado em torneiras vazias para cerca de 70 mil moradores da cidade. Nesta quinta, após cinco anos da suspensão do contrato que garantia o fornecimento de água, o Executivo municipal enviou à companhia uma nova proposta. Caso a Copasa não aceite o tratado em até cinco dias, a prefeitura promete lançar uma licitação para contratar uma nova empresa para o serviço de água e esgoto. Enquanto o impasse não é resolvido, os moradores de Pará de Minas sofrem com até nove dias consecutivos sem água.
Nesta quinta o dia foi de protestos no município. Revoltados com o racionamento constante, um grupo de 30 pessoas fez uma passeata pelo centro, bloqueou ruas e invadiu a prefeitura para entregar ao prefeito uma carta de reivindicações. Segundo funcionários da prefeitura, uma reunião para discutir os pedidos deve ser marcada até a próxima semana.
Para o prefeito Antônio Júlio (PMDB), a falta de investimentos por parte da Copasa é o principal motivo para a falta de água. Ele afirma que a cidade não possui reservatório de água e os únicos dois córregos que abastecem o município estão quase secos. Com a escassez de chuvas, a Copasa não consegue suprir a demanda. “A Copasa quer assinar um novo contrato, mas não quer firmar compromissos (de investimentos). Eu não assino o contrato de qualquer forma”, disse, ressaltando que a proposta enviada nesta quinta foi baseada em um estudo desenvolvido ao longo de seis meses. A estatal, por sua vez, afirma que está cumprindo o seu papel, mas que as exigências da prefeitura não são razoáveis.
O novo contrato obrigará a Copasa a investir, em dois anos, R$ 80 milhões em uma adutora para trazer água do rio Paraopeba. Outra condicionante são R$ 240 milhões aplicados em infraestrutura, como reservatórios e esgotamento sanitário, no prazo de 35 anos.
Sofrimento. Enquanto o entendimento não vem, falta nos bairros mais altos água para lavar roupas e louças, para o banheiro, para cozinhar e até para beber. “Hoje (ontem), a água chegou às 2h30 e às 8h já tinha ido embora”, disse a dona de casa Maria Geralda Bento, 60, que mora ao lado de uma caixa d’água da Copasa e estava havia cinco dias sem abastecimento. “Temos que encher os tambores ou buscar água a 30 km daqui”, reclamou a dona de casa Amanda Natali Moreira, 19.
A tubulação vazia, no entanto, não impediu que o valor de contas de água subisse. Acostumada a pagar cerca de R$ 65 por mês, Fátima Silva, 34, recebeu um boleto de R$ 182 em maio. “Só lavo vasilhas e dou descarga uma vez por dia. Já fiquei nove dias sem água. Não tem condição esse valor”.
Fonte:O Tempo