Selo GP - Rodrigo Roreli Laço
Fundação: Francisco Gabriel
Bié Barbosa
Alcance, credibilidade e
imparcialidade, desde 84
ANO 40
Nº 2044
05/11/2024


Notícias
Notícias

FAMÍLIA DE MOTORISTA ELETROCUTADO ABRE O CORAÇÃO - 12/06/2014

Na página 8 da edição anterior, esta GAZETA noticiou, a morte do motorista Silvino Alves Braga, 55, o popular Silvininho ou Bin Laden da Plataforma, quando ele recebeu uma forte descarga elétrica, quando rebocava um caminhão em João Monlevade/MG. Uma dia após o seu triste sepultamento, a reportagem GP conversou com a viúva Maria Perpétua dos Reis Braga, do lar, e com 2 de seus 3 seus filhos: Luciana, vendedora, e Lucimar dos Reis Braga, motorista. Muito abalados, eles contaram com exclusividade, detalhes da morte do marido e pai. Não deixe de ler. “Silvininho foi um homem muito bom e trabalhador... passou por muitas dificuldades, nunca teve grandes luxos e cresceu na vida aos poucos, até conseguir este caminhão prancha... O sonho dele era comprar uma prancha... morreu sem realizar o sonho… (choro). No dia 8 de maio, completamos 32 anos de casados. Quando eu o conheci tinha 13 anos e ele, 20. Ele sempre trabalhou com caminhão, mas, nos últimos meses, ele estava trabalhando além do normal. No dia de seu aniversário, 26 de maio, ele passou todo o dia trabalhando... mal, mal dormia. Ele sempre viajou para fora, Rio de Janeiro, São Paulo, entre outros Estados e sofreu vários acidentes, quando ficou entre a vida e a morte, mas Deus não o levou. Dessa vez, ele se foi e estava fora do caminhão... levou uma descarga elétrica de 14 mil volts que passou por todo o seu corpo... estourou o seu crânio... Como o caminhão estava com os pneus murchos, a descarga elétrica veio toda nele. O caminhão ficou intacto; melhor seria se tivesse ter destruído o caminhão, ao invés dele”, relata a viúva com tristeza. ÚLTIMAS PALAVRAS – “O dono do caminhão resgatado foi quem nos ligou e deu essa terrível notícia. Uma semana antes do acidente, ele estava muito feliz. Chegou a me dizer que nunca se sentiu tão feliz na vida. Disse também que no domingo (8/6) iríamos passear em Divinópolis/MG (choro). As últimas palavras que ele me disse foram assim: “Fia, quando eu morrer, quero ser enterrado com este paletó”. Ele bateu a mão em um paletó que estava pendurado, um paletó de muitos anos. Ele disse aquilo, mas eu não levei em consideração. Antes de ir embora, ele estava tranquilo e feliz... Eu nunca imaginava ver meu marido dentro de um caixão (choro). No aniversário dele, ele falava que queria viver mais 20 anos para depois se aposentar e poder passear com a família…” MARIDO DEDICADO – “Passamos por tantas dificuldades, mas hoje já podíamos ter tudo na vida... Eu dizia para ele reduzir a jornada de trabalho, mas ele insistia em trabalhar. Mantinha a casa farta com a geladeira e a despensa lotadas. Dedicado, ele plantou pés de laranja em nossa propriedade, em Carioca/MG e me perguntava se um dia iríamos aproveitar dessas laranjas. Eu dizia que sim”. DOR DE FILHA – “Meu pai foi um grande companheiro, defendia a família a qualquer custo e ele contava muito comigo para resolver algumas de suas pendências. Tudo que acontecia nós contávamos para ele, quando ele chegava. Qualquer notícia, ele adorava ouvir. Mais do que um pai, ele foi um companheiro Sempre falávamos que, se um dia acontecesse um acidente fatal, que tinha de ser com nós 3 juntos, eu, minha mãe e ele (choro). Eu fui a última pessoa a falar com ele e fui eu que atendi o telefonema, quando informaram sobre o seu falecimento.... Se eu pudesse, pediria a Deus para dar uma outra oportunidade para ele voltar... ele vai fazer muita falta”… (choro intenso), lamenta a filha Luciana. EXEMPLO DE PAI – “Meu pai foi como um tronco de árvore que tive na vida. Era uma pessoa que eu poderia agarrar-se nele, que ele dava segurança. Aprendi a dirigir com ele. Sofri um acidente de caminhão, há 5 anos, e fiquei internado por 3 meses. Durante esse período, ele permaneceu comigo, sempre do meu lado... ele é o maior exemplo da minha vida! Brincávamos muito um com o outro, usávamos o apelido de Gigolô, quase todos os dia que sentávamos para beber, juntos”, relembra o filho Lucimar. ÚLTIMO PEDIDO – “Um dia antes (de sua morte), ele estava super alegre. Ele tinha um jeito diferente, um tanto quanto desorientado, sempre apressado de fazer as coisas. Era muito ciumento com as suas coisas, zelava pelos seus objetos Uma vez, uma draga quase o matou. Quando ele veio à porta do meu quarto, pedi que ele trouxesse para mim 2 pés de alface e 2 kiwis. Foi o último pedido que fiz para ele”.... DIFÍCIL DE ACEITAR – “Quando chegou a notícia, eu estava deitado, mas ouvi alguns gritos da minha irmã. Abaixei o volume da televisão e a gritaria continuou. Pensei; Será que tem outras pessoas brigando aqui, dentro de casa? Aí, fui descendo do meu quarto, momento em que minha irmã abriu a porta e disse que o pai estava morto... Fiquei sem acreditar, mas tendo esperança que ele poderia estar num hospital, pois ele já tinha passado por acidentes gravíssimos... mais de 20 acidentes quase fatais. Se fosse um acidente que ele tivesse sofrido com o caminhão a dor seria menor... da forma que ocorreu, é muito triste, mais difícil de aceitar. Mas acho que, de uma forma ou de outra ele morreria... Nos últimos dias, ele andava muito descuidado. Ele nos fará muita falta, estamos todos perdidos, sem saber o que fazer”...

Mais da Gazeta

Colunistas