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A intimidade de Pepê e Neném: uma delas quase deixou a dupla por uma mulher, e a outra teve uma fase "mini saia e salto alto" - 02/07/2014

As irmãs gêmeas Potiara e Potiguara viveram o sonho do sucesso meteórico do dia para a noite. De origem humilde, Pepê e Neném, como ficaram conhecidas, emplacaram o hit Mania de Você em 1999, até hoje a música mais marcante delas.Tão rápido quanto veio a fama se foi, e em pouco tempo as duas desapareceram da mídia. Simpáticas, extrovertidas e de sorriso marcante, o fim do sucesso delas não foi por desinteresse do público – era nos bastidores que as irmãs enfrentavam uma guerra particular, com um empresário que superfaturava shows e chegava a marcar apresentações das quais elas sequer ficavam sabendo. A confusão queimou as cantoras no mercado e na mídia, principalmente depois de a história vir a público e Pepê e Neném, antes famosas pelo alto astral, ficarem marcadas pelas constantes entrevistas expondo o drama que enfrentavam.Entretanto, mesmo longe da TV e sem nenhuma música nas paradas há mais de dez anos, o carinho do público com as duas continua o mesmo. E o bom humor delas está de volta. As irmãs seguem batalhando na carreira artística, e ainda são a dupla barulhenta e divertida, uma completando o que a outra diz. Já o visual e a postura mudaram muito. Antes magrinhas, agora exibem braços musculosos, cabelos estilizados e roupas masculinas – as irmãs assumiram publicamente serem homossexuais. E se dizem mais espertas: não entram mais na conversa de oportunista e respeitam o que são. Pepê e Neném receberam a QUEM na academia em que malham, a Spah Esportes, em Itaquera, bairro da Zona Leste de São Paulo, onde também moram. Cada uma agora tem a sua casa, como sua mulher, experimentando a vida de casada. Na entrevista a seguir, as irmãs falam da vida, do sucesso do passado, e dos sonhos para o futuro.QUEM: O que todo mundo quer sempre saber é: Por onde vocês andam? Neném: A gente tem feito participações em músicas de outros artistas, estamos preparando músicas novas...Vai ter até uma com um cantor que eu não posso dizer quem é, mas ele é o rei. Fechamos essa parceria faz quatro anos e ainda está de pé. Estamos querendo lançar um CD menor, com seis músicas, porque CD não vende mais, é show que conta. Todo mundo pede pra gente gravar Mania de Você. Nos shows a gente começa e termina com Mania de Você QUEM: Em Algum momento vocês se sentiram por baixo? Pepê: Nunca nos sentimos por baixo, cada um tem o seu momento. O sol brilha para todos. Neném: A gente fez uma história. Não era pra ter sido passageiro, foi o nosso empresário que passou a perna na gente e por isso sumimos da mídia. Se não fosse por ele ainda estaríamos lá.QUEM: Essa história ficou bem famosa, a do golpe do empresário... Pepê: Sim, porque contamos pra todo mundo. Na época a gravadora nos orientou a não expor o nosso problema, mas estávamos com raiva e queríamos queimar ele. Neném: Ele roubava nos shows. Alguém comprava dez shows e dava pra ele 50% do valor, ele assinava tudo e a gente não ficava sabendo de nada, ficava em casa. Ele sumia com o dinheiro e queimava o nosso filme. Pepê: Ele também vendia um show por R$70 mil e dizia que tinha sido outro valor. Ele forjava o contrato, fazia uma cópia falsa. Neném: Conhecemos ele quando ainda não eramos ninguém. Eramos a Potiara e Potiguara. Ele tinha um grupo de pagode e aí alguém disse pra ele que íamos estourar. Ele tinha olho grande e contratou a gente, mesmo sem acreditar no nosso trabalho.QUEM: Fazer sucesso muito rápido foi assustador? Pepé: Foi. Quando você vem de baixo Você fica perdido, não tivemos nenhuma orientação. Hoje a gente é bem diferente. Tudo o que aconteceu acabou sendo uma lição de vida, porque aprendemos a dar valor a nós mesmas. Tinhamos muitos amigos, éramos convidadas para as festas e agora vemos que não eram amigos de verdade. Cadê o cara agora? Neném: A gente não pensava em nada, nem no dinheiro. Aceitávamos qualquer coisa. Por isso que fomos passadas pra trás. QUEM: Que orientação vocês dariam para um artista que está começando agora? Pepê: Muitas pessoas que querem ser alguma coisa, seja cantor ou médico, ou o que for, não tem alguém ao lado pra dizer as coisas certas quando a pessoa mesma não sabe dizer. Então se você não entende algo, mostra para alguém que entenda.Neném: A gente estava na rua, não tinha onde ficar, ele disse “eu dou uma casa, pago o aluguel” e a gente não pensou duas vezes e assinou contrato sem ler. Até ele ficou espantado. A gente vendeu a alma pensando só no sucesso, e muita gente está fazendo isso hoje em dia. Mas na hora que você vê o que fez, vem como uma bomba. Então leia o contrato. Se não souber ler, dê para alguém que saiba. E não desista nunca, a gente nunca desistiu, ainda mais agora, não estamos no auge e mesmo assim não desistimos. Muita gente pergunta “vocês não pensam em trabalhar com outra coisa?”, a gente não consegue. Já fizemos outras coisas antes do sucesso, a Pepê foi empregada, eu trabalhei numa padaria, mas não vamos desistir porque as vezes são provas de Deus pra você chegar lá.QUEM: Vocês se sentiram, em algum momento, rejeitadas por outros artistas? Pepé: Não, até porque o que aconteceu com a gente pode acontecer com qualquer um. E ninguém é obrigado a ajudar ninguém. Neném: Foi um buraco mesmo que se abriu e a gente caiu. Alguns artistas ajudaram a gente, procuravam a gente, parecia mentira, mas são alguns poucos, bem pingado, mas esses poucos pareceram milhares, porque você não pensa que alguém vai te ligar.QUEM: E como fica o psicológico nessa hora? Neném: Ficamos três meses sem ligar a televisão. A gente via todo mundo lá sorrindo, e a gente estava ali antes. Onde a gente ia todo mundo ria, e de repente a gente estava em casa, e foi assim por anos. Pepê: Foi decepcionante porque não foi uma coisa vinda da gente, não foi nada que a gente fez. Parecia mentira que não queria mais saber da gente. “Não vou chamar a Pepê e a Neném porque elas vão ficar reclamando do empresário”, pensavam assim. E os empresários também achavam que a gente causava problema. Mas na rua é diferente, as pessoas dizem “cadê vocês? Vocês cantam bem, tem simpatia, o que está faltando?”. Perguntam isso pra gente na rua. E a gente faz a mesma pergunta. QUEM: Vocês são muito assediadas na rua? Neném: Muito! No metrô as vezes a gente tem que fingir que está com pressa (risos), se uma pessoa parar a gente, as outras perdem a vergonha e vem todo mundo. Uma vez um grupinho cantou nossa música no ônibus. QUEM: Qual é o sonho de vocês agora? Pepê: Meu sonho é voltar pro Rio e comprar a minha casa no Recreio. Me vejo com o dinheiro no bolso, escolhendo a casa. Neném: A gente está esperando esse projeto do CD, e queremos, daqui uns quatro ou cinco meses, voltar pro Rio. Se deus quiser vai dar tudo certo.QUEM: Gente, vocês nunca se separam? Neném: A gente dá uma no cara da outra, e depois já voltamos a nos falar. Somos duas safadas sem vergonha na cara. QUEM: Vocês nunca tiveram uma briga séria? Pepê: Nunca. Ela me provoca e se faz de besta depois, eu fico p***. Mas é sempre assim, desde pequena. Se separavam a gente, mandavam eu fazer uma coisa e ela outra, o mundo acabava. Somos carne e unha. QUEM: Mas agora vocês moram separadas... Neném: Mas é ela aqui e eu ali. E todo dia a gente se fala. Pepê: Parecemos duas velhas, tudo a gente fala uma pra outra, minha namorada fica boba, não acredita que eu ligo pra Neném pra perguntar se ela ta vendo Bob Esponja, sendo que eu vi a Neném um minuto atrás.QUEM: E elas não têm ciúmes? Alguma mulher já se colocou entre vocês? Pepê: Coloca aí que não. Neném: Teve uma época que eu estava, sei lá... Pepê: Eu sou manteiga derretida, e a Neném é durona, você não conhece a Neném. Neném: Não sou! Pepê: Duas vezes a Neném quase se perdeu por causa de mulher. Foi quase! Ela quase me deixou ir para um show em Cuiabá sozinha! Ela não queria ir, eu tive que conseguir uma passagem para a mulher ir junto. A mulher não quis ir e eu tive que convencer a Neném a não me deixar pra trás. E a outra menina tinha ciúmes da nossa amizade. Neném: Não era ciúmes não, ela era escrota com todo mundo. Pepê: Era uma chata, não me queria junto. Eu cheguei a chorar! Se deixasse, a Neném ia. Eu já tive quatro namoradas e todas me disseram que a Neném me largaria por mulher. Neném: No passado sim, com aquela cabeça, mas agora não. Primeiro que a Thaís (mulher da Neném) nunca me pediria isso. Ela diz “não existe vocês fazerem as coisas separadas”. E minha cabeça agora é outra. Pepé: Ainda bem que a cabeça é outra! Neném: Eu fazia essas loucuras de amor, mas eu parava pra pensar e me dava conta de que tinha feito m****. Mas largar a dupla eu nunca pensei.QUEM: Falando em amor, como vocês conheceram as atuais namoradas? Pepê: A Katrhyn trabalhava em uma boate, no guarda-volumes. Eu ia lá e ficava cantando ela. Neném: E ela estava com outra! Pepê: Mas já estava tudo perdido! As coisas não andavam como eu queria. Neném: A Thaís veio de Franca, nós fomos fazer um trabalho lá e ela era fã da gente fazia muito tempo, ela foi no nosso camarim e trocamos Facebook. Eu chamei ela pra sair, a gente ficou e ela largou a vida dela para ficar comigo. As duas sempre estão com a gente, e apoiam muito a dupla. QUEM: Como era antes de vocês se assumirem homossexuais? Pepê: A gente disfarçava, a gravadora não deixava a gente dizer nada. Eu duvido que alguém que tem gravadora vai dizer “eu sou gay”. Todo mundo sabe, mas ninguém fala. Falavam “entre quatro paredes vocês são outra coisa”, e se falavam pra gente falam pra muitos que fazer sucesso hoje. QUEM: Isso era ruim? Neném: Muito. A gente não estava feliz, a pior coisa que tem é você colocar uma roupa que você não está se sentindo bem. A gente usava o que mandavam, hoje em dia nunca que eu iria sair de casa de saia. E a gente passava por essa tristeza.QUEM: Foi um alivio poder assumir? Pepê: A gente é o que somos hoje. E não perdemos nada de antes. Só falamos algo que já queríamos falar também. E respeitamos todo mundo, se vou numa festa não fico agarrando e beijando, é desnecessário. Neném: Tem gente que não aceita, não vou passar por cima de ninguém. Tem que respeitar, mas não é por isso que vou me agarrar com a minha mulher no meio de uma praça. Até quando é um homem e uma mulher é feio, todo mundo olha, incomoda. QUEM: Vocês sofreram algum preconceito depois de assumir? Neném: Por incrível que pareça, não. Nunca ninguém falou nada. QUEM: O visual de vocês mudou bastante. Neném: Gosto muito de malhar. Falam pra mim que eu sou a marombeira. Teve uma época que eu vinha malhar todos os dias. Pepê: Eu venho porque ela diz que vai cair tudo. Neném: Se não fosse eu a Pepê ainda estava sequinha, com aquele cabeção. Aquele cabelo, era tudo muito feio.QUEM: Tudo o que vocês usavam era escolhido por outras pessoas? Neném: Jamais a gente botava a mão. A gravadora mandava. Aquela roupa de nave espacial (do clipe Mania de Você), era da gravadora. Parecíamos ETs. Mas todo mundo gostava. Era um terno preto com um capuz prata. A gente era tão magra, que tinham que prender com fita adesiva. A roupa era sempre muito grande. Pepê: Minha mulher vê os vídeos antigos e diz “vocês eram muito feias!”. Neném: E a Pepê ainda teve uma época em que achou que era uma mistura da Whoopi Goldberg com a Toni Braxton. Ela usava umas saias e bota, e nem sabia andar de saia, eu dizia “sai desse corpo, Pepê, essa não é você. Até hoje eu chamo ela de “mulher prata” porque ela viu a Toni Braxton numa revista e achou que era ela. Pepê: Eu não sei o que houve comigo. Me pegou uma febre e eu achei que era a Toni Braxton. Eu fui pro Carnaval de sandália prata. Neném: Ela colocou uma saia prata pequenininha e uma sandália prata. Eu fiquei desesperada, achei que ela estivesse louca. Pepê: Mas já passou, gente. Passou essa fase. Não sei o que houve comigo. QUEM: Que outros artistas, além da Toni Braxton, vocês admiram muito? Neném: Michael Jackson, Whitney Houston, Sandra de Sá, Ivete Sangalo, Alcione. QUEM: E as famosas mais bonitas? Neném: Grazi Massafera é linda...Mas tem uma: Rihanna. Meu deus do céu. Pepé: Por uma dessa eu chuto o balde (risos). Neném: Eu quase briguei na minha casa, eu tava vendo o clipe da Rihanna, não resisti e gritei “caraca eu adoro essa mulher”, minha mulher não gostou e mandou eu botar na novela. Neném: Mas se fosse pra cantar junto tinha que ser com homem. Como o Ne-Yo ou com o Akon, até com o Pit Bull. A gente gosta muito de música americana. Hoje em dia nada é impossível, eu pensei esses dias em mandar pra todos eles a nossa história, a gente se virava pra ir lá encontrar eles, imagina uma Beyoncé da vida! A gente não ia querer dinheiro nem nada, só cantar com a mulher. Fonte: Revista Quem

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