Por debaixo da histórica ponte Marechal Hermes, que liga Pirapora a Buritizeiro, no Norte de Minas, onde era para se ver o rio São Francisco, são pedras que saltam aos olhos. Com a baixa da vazão, devido à falta de chuvas, as tradicionais lavadeiras da região não conseguem mais trabalhar no local. O Benjamim Guimarães, único barco a vapor em atividade no Brasil, está fazendo apenas metade do percurso porque falta água para navegar em segurança. E a população só não vai sofrer com racionamento de água porque a cidade, preventivamente, inaugurou nessa segunda um sistema de captação de água, com investimento de R$ 602 mil.A maior parte dos recursos veio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional, Política Urbana e Gestão Metropolitana (Sedru), que liberou meio milhão, pelo Projeto Estratégico Saneamento de Minas, voltado para cidades que não têm concessão com a Copasa. Os R$ 102 mil restantes vieram do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Pirapora, que completou 60 anos nessa segunda.
Até então, o sistema de abastecimento da cidade não precisava de bombeamento e funcionava naturalmente, pela gravidade. Mas, em maio deste ano, a Cemig, que controla a represa de Três Marias, anunciou que reduziria a vazão devido à redução dos níveis do reservatório que alimenta hidrelétrica para geração de energia. “Para o sistema de gravidade funcionar, precisamos de uma vazão de 250 m³ por segundo. A Cemig anunciou que reduziria para 200 m³ por segundo. Conseguimos uma liminar que nos deu um prazo de 60 dias para construir uma alternativa, que é este sistema”, afirma o vice-prefeito e diretor do Saae de Pirapora, Esmeraldo Pereira dos Santos.
Ele explica que o novo sistema é capaz de bombear 600 m³ de água por hora. Sem vazão, o sistema é capaz de captar a água do chamado “volume morto”. “Nós conseguimos, na Justiça, que a vazão fosse mantida em 250 m³ por segundo. Sem isso, não conseguiríamos manter o abastecimento normal e cerca de 40 mil pessoas poderiam ser afetadas. Teremos aumento de 10% no custo de energia, mas nada será repassado ao consumidor”, garante.
A obra foi feita em menos de dois meses porque a prefeitura e o Saae conseguiram um decreto de emergência. “Isso permitiu pular etapas burocráticas”, afirma Santos. A Cemig informou que quem controla a vazão é o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Fonte: O TEMPO