Adelaide Fonseca Duarte, 92, nasceu em 27 outubro de 1921, filha José Duarte Marinho e Adelaide Pereira da Fonseca, teve 15 irmãos. Natural de Maravilhas/MG, casou se aos 27 anos com Paulo Pereira da Fonseca, que era seu primo em 1º grau. Tudo começou, porque ela ia passear e ficava hospedada na casa do primo, mas acabou gostando dele. Depois, casaram-se e tiveram 6 filhos: Paulo Antônio, José Faustino, Eleuza Maria, João Alfredo, Geraldo Sérgio e Luiz Evânio que entrou no seminário e quase foi padre, mas desistiu. O João e o Geraldo jogaram no Atlético mineiro e trouxeram muitas alegrias para a família. O Luiz hoje canta no Coral BDMG e o Paulinho entrou na política da cidade, quando foi vice do Antônio Júlio de Faria, há 30 anos. De meus filhos, vieram 14 netos e 4 bisnetos. Adelaide, que ficou viúva há 27 anos, recebeu a reportagem GP em sua residência, quando contou com exclusividade um pouco de sua história. Vale a pena conferir.
“Minha infância foi igual a das outras crianças: brincava de cobra caninana no gramado da frente da casa... Sinto saudades. Brincava muito com meus irmãos... Hoje, somente 3 estão vivos: a Terezinha, a Rosinha e a Luzia”
ADOLESCÊNCIA – “A gente brincava mais que trabalhava, mas fazia a lida da fazenda com a plantação. Quando meu pai faleceu, minha mãe colocou uma professora na roça para ensinar a gente a ler. Nessa época, a professora pediu para nós estudarmos em casa, mas não tínhamos tempo, por causa da lida com a fazenda. Aí, eu falei com ela que poesia a gente também faz. Eu e minhas irmãs criávamos diversas poesias e a professora gostava muito. Tenho ainda as poesias em um caderno que, até hoje, eu guardo. As minhas meninas usaram muitas dessas poesias nos cadernos de Recordação na escola. Tenho saudade daquelas brincadeiras e dos bailes. Quando adultos, somos cheios de alegrias e de tristezas. Gosto muito de música, aprendi a tocar acordeom, teclado e afroche na igreja. Até pouco tempo gostava muito de passear, já andei muito. Fui a Porto Alegre/RS onde tenho um sobrinho, o Duca, Sete Lagoas/MG, Pitangui/MG e Maravilhas/MG, onde tenho parentes”.
PADRE ANTÔNIO – “Recebi muitas graças... São muitas, não dou conta de falar de todas, mas uma foi do meu filho Paulinho. Quando ele era criança, ele tinha uma quebradura no umbigo, muito funda. Aí, eu escrevi para o padre Antônio Pinto, em Urucrânia/MG e ele me respondeu, me enviando uma medalha de Nossa Senhora das Graças para ser colocada no umbigo. Assim eu fiz e ele sarou”.
MÃEZINHA DOS PADRES -“Eu tenho muita amizade com os padres. Tenho até apelido de Mãezinha dos Padres (riso). Quando fiz 90 anos, 5 padres celebraram a missa, aqui na igreja Nossa Senhora das Graças. Foi uma festa muito bonita! Vieram o frei Márcio, o padre Moacir, o padre Everaldo, o padre Ydecy e o padre Paulinho. O frei Márcio queria até me levar para o Vale Jequitinhonha, mas eu não quis ir e falei com ele que, ao invés de eu ir, ele que deveria voltar. Mas ele disse que a população de lá não deixava ele vir. A minha família disse que não me deixava ir para lá, também não”
PADRE LIBÉRIO - “O padre Libério me tinha como mãezinha ta,mbém, pois eu cuidei bastante dele. Um dia, ele pediu para a Terezinha vir me buscar. Quando eu cheguei lá, ele estava em cima da cama encolhidinho com o cobertor, todo tampado. Me falavam que ele estava emburrado, que não queria tomar café. Aí, eu falava que tinha ido tomar café com ele. Aí, eu chegava na beira da cama e dava café a ele, igual se da à uma criança. Café com bolo e leite. Ele tomava tudo. Além disso, também cortava as unhas dele e arrumava as batinas dele, porque ele foi ficando corcunda e elas ficavam arrastando. Eu cortava e costurava a barra. Tudo que peço ao padre Libério eu alcanço. Quando ele já estava mais debilitado, a missa passou a ser na casa dele e eu ia sempre. Tenho um neto que é muito devoto dele. Eu fui no 1º Reza Pará; estava muito bonito. Mas hoje os jovens estão com pouca fé, matando à-tôa... Os jovens precisam ter mais fé em Deus e rezar bastante”.
MOMENTO TRISTE – “Momentos tristes são aqueles que nem quero lembrar como a morte do meu pai... Na época o pessoal falava que ele faleceu porque foi tomar café e havia um chocalho de cascavel dentro daquele bule de café. Procuramos tratamento em todo lugar, até em Belo Horizonte/MG, mas de nada adiantou e ele morreu” (suspiro).