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Em praia inglesa, peças de Lego chegam com as ondas - 21/07/2014

Um contêiner com milhões de peças de Lego caiu no mar no litoral da Cornualha, no Reino Unido, em 1997. Mas, em vez de permanecer no fundo do oceano, elas chegam às praias da região até hoje, oferecendo uma visão sobre o misterioso mundo dos oceanos e das marés. Era 13 de fevereiro de 1997 quando o porta-contêiners Tokio Express foi atingido por uma onda descrita pelo capitão como "uma a cada cem anos", inclinando o navio em 60 graus de um lado e, depois, 40 graus de volta.O resultado foram 62 contêiners perdidos no mar a mais de 30 km da costa. Um deles levava 4,8 milhões de peças de Lego, cujo destino era Nova York. Ninguém sabe o que realmente aconteceu depois ou o que estava dentro dos outros 61 contêiners. Em pouco tempo, algumas dessas minúsculas peças começaram a aparecer nos litorais norte e sul da Cornualha. E continuam chegando até hoje. Ironicamente, muitas das peças de Lego tinham o tema náutico. Assim, vários moradores e turistas começaram a encontrar animais, plantas e outros objetos marinhos em miniatura. "Há histórias de crianças no final de 1990 que tinham baldes de dragões na praia, vendendo-os", diz Tracey Williams, que vive na cidade de Newquay. Ela diz que a lista detalhada do contêiner mostra uma grande variedade de peças de Lego, nem todas com o tema marinho. Elas chegam em profusão principalmente depois das tempestades.Tracey criou uma página no Facebook que documenta as descobertas e, recentemente, recebeu um e-mail de uma pessoa em Melbourne, na Austrália, que encontrou uma peça. O oceanógrafo Curtis Ebbesmeyer, dos Estados Unidos, tem monitorado a história dos brinquedos de Lego desde que a carga caiu do navio. "O mistério é o lugar onde chegaram. Depois de 17 anos, eles só teriam sido encontrados na costa da Cornualha", afirma. Travessia interoceânica Pedaços de detritos levam cerca de 3 anos para atravessar o Oceano Atlântico, partindo da extremidade oeste da Cornualha até a Flórida, nos EUA. Sem dúvida, algumas peças de Lego fizeram esse caminho, e é provável que outras tenham se desviado para várias partes do mundo. Ainda não há provas disso, mas em teoria as peças podem estar em qualquer praia do planeta e poderão continuar viajando pelo oceano durante séculos. "A maior lição que eu aprendi com a história do Lego é que as coisas que vão para o fundo do mar nem sempre ficam lá", destaca Ebbesmeyer. O incidente é um exemplo perfeito de como objetos afundados não ficarão assim para sempre, mesmo se estiverem dentro de um recipiente de aço. Eles podem percorrer o mundo, de forma aleatória, sujeitas a correntes marítimas e marés. Diversão terrena, perigo marinho Mas há também um lado obscuro da história, aponta o oceanógrafo. A peça de Lego é divertida em terra, mas no mar pode ser mortal, pois é um veneno para as aves. Um contêiner com 5 milhões de peças de plástico pode ser uma catástrofe para a vida animal.A porta-voz da Lego, Emma Owen, disse que o incidente com o Tokio Express "foi, obviamente, muito triste, mas isso não tem nada a ver com as atividades do Grupo Lego". "Nós compartilhamos uma preocupação global com o meio ambiente e estamos muito focados em nossos esforços ambientais nos locais de produção para eliminar resíduos que, potencialmente, podem se tornar um problema de lixo marinho." Segundo Claire Wallerstein, coordenadora do grupo Rame Peninsula Beach Care, que limpa as praias no sudeste da Cornualha, o grupo já recolheu mais de 1 mil sacos de lixo desde que iniciou suas atividades, em março do ano passado. Uma só coleta recolheu 576.664 unidades de sacos plásticos – incluindo 42 peças de Lego. "Muitas vezes você encontra um monte de Lego quando está caminhando. É como se fosse uma recompensa por recolher o lixo", completaTracey. FONTE:G1

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