Sentado na poltrona da antiga casa do bairro Santo Antônio, na região Centro-Sul da capital, o aposentado Elídio Rodrigues Gomes passa horas concentrado em seu passatempo favorito: caça-palavras. Na véspera de fazer 105 anos, o mineiro – natural de Montes Claros, no Norte – esbanja saúde, lucidez e bom humor, frutos de uma vida “metódica”, como ele define. Neste domingo, para sua satisfação, a casa vai se encher de alegria: os seis filhos, 17 netos e cinco bisnetos, sem contar os agregados, vão se reunir para celebrar mais um ano de uma história de dedicação, trabalho e fé.
De família humilde, seu Elídio conta que precisou trabalhar desde cedo para ajudar a sustentar pais e irmãos. “Desde menino dou duro pela vida. Tinha que trabalhar muito”, conta o idoso, que já foi de tudo um pouco, de empregado de fábrica a militar e bancário. Depois da juventude em Montes Claros e breves passagens por Juiz de Fora, na Zona da Mata, e na capital fluminense, seu Elídio se mudou de vez para a capital mineira na década de 40.
Ele conta que, desde então, quase não viu a cidade crescer. “A idade chegou, e me recolhi em casa. Saía pouco, nunca bebi nem fumei”. Ainda assim, seu Elídio soube como aproveitar. Depois que os filhos se casaram, ele e Juracy Antônia de Meira Gomes, 93, com quem é casado há 70 anos, passaram boa parte do tempo livre viajando.
Hoje, a rotina do mineiro centenário se divide entre a leitura de jornal e as revistinhas de caça-palavras. As letras pequenas não são um problema: ele se diverte juntando sílabas. Outro hobby é declamar poemas. Com uma memória invejável, seu Elídio sabe de cor “O pássaro Cativo”, de Olavo Bilac. “Aprendi quando era rapaz. Um prêmio divino é essa minha cabeça boa. Hoje colho o que plantei”, comemora.
FONTE: O TEMPO