Tacos de madeira nas mãos e uma blusa amarrada na calça para imitar um rabo. É assim, simulando os galopes e o barulho do andar de um cavalo, que um adolescente de 15 anos passa grande parte do seu dia nas ruas e pastos do bairro Casa Branca, na região Leste de Belo Horizonte.A brincadeira poderia até ser engraçada, se fosse feita vez ou outra e se o menino tivesse uma vida parecida com adolescentes da idade dele. Só que não é assim. Órfão de pai e mãe, que morreram quando ele era criança, o jovem mora há cerca de três anos nas ruas da capital. Desde então, ele vive rejeitando a ajuda de familiares e também de autoridades.
Para moradores da região, que estão preocupados com a situação do garoto e denunciaram o problema à imprensa, o menino já revelou que não gosta de receber ordens e que está à procura de liberdade. “A paixão dele são os animais. Até juntamos e demos um dinheiro para que ele comprasse um cavalo, mas ele acabou gastando com outras coisas. É um ótimo menino, não perturba ninguém. Mas o que entristece é saber que ele poderia estar em uma escola e tudo mais”, diz o comerciante Flávio Oliveira, de 62 anos.
De acordo com um outro morador, o representante comercial Alexandre Ataíde, de 35 anos, o garoto se alimenta com doações feitas pela vizinhança. “Ele não vive como um cavalo, como chegaram a dizer, e sim brinca de os imitar. Agora se isso é normal, é outra história, mas ele conversa, interage e sempre foi educado comigo”, disse.
A reportagem do Super Notícia esteve no bairro nesta quarta-feira (6) e tentou encontrar o adolescente. Arisco com estranhos, pelo medo de ser obrigado a sair da região, o menino desapareceu desde a última segunda-feira, quando uma equipe de reportagem da TV Record esteve no local.
Justiça
A Justiça, por meio do Juizado da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), deverá definir em breve o futuro do adolescente. Nesta quarta, o Conselho Tutelar da Regional Leste da Prefeitura de Belo Horizonte enviou um comunicado ao Juizado explicando a situação do garoto e solicitando que órgão tome as medidas pertinentes.
"Tomamos ciência da situação desde setembro do ano passado. Conseguimos realizar um primeiro contato com o adolescente, mas depois ele não foi mais achado. Só soubemos onde ele estava novamente nesta semana. Ele sempre muda de lugar quando se sente ameaçado. Essa é uma de nossas dificuldades", disse o conselheiro Andrassy Amaral.
De acordo com dados do conselho, o menino largou os estudos quando ainda estava na 4ª série. Dentre as medidas que podem ser adotadas estão o envio dele para um abrigo ou casa de parentes, junto com o auxílio psicológico.
FONTE : O TEMPO