Com a, cada vez mais, pavorosa falta d’água em Pará de Minas, toda a população, desesperada, tomou medidas para reutilizar a água e armazená-la em recipientes de grande capacidade. Para tanto, vêm comprando baldes, bacias, tonéis, caixas d’água, etc. Para checar em que nível isso tem acontecido, a reportagem GP conversou com o empresário José Misael de Almeida, proprietário das lojas Chá de Panela. Confira.
“Os reservatórios de água começaram a ter uma busca, quando iniciou a estiagem, aumentando com essa falta d’água, em geral. No começo, estávamos vendendo só para os bairros mais altos, porém, essa procura vem só aumentando, devido a falta de água nos bairros baixos também. Fomos vendendo, cada vez mais. Conseguimos um preço melhor com as indústrias para abaixarmos o preço para a população. Hoje mesmo compramos 12.000 recipientes de 100L, 8.000 de 65L e 6.000 de 80L, porque a procura agora se espalhou por toda a cidade, infelizmente. Por serem produtos que ocupam espaço, não é possível armazenar toda essa quantidade na loja. Então, tivemos de alugar um galpão para armazenar esses reservatórios de água. Antes, comprávamos cerca de 600 unidades , mas esgotava tudo em uma semana. Foi um crescimento absurdo”, contabiliza Misael.
INSATISFAÇÃO - A reportagem GP também ouviu a sócia-proprietária da Comafa, Ana Rosa Moreira de Faria, sobre a busca por caixas d’água.
“A procura por caixas d’água vem crescendo, desde o início do ano, quando agravou o problema de falta d’água em Pará de Minas. Entretanto, como a situação tem ficado cada vez pior, a demanda aumentou bastante. Aqui na Comafa trabalhamos com as caixas de 150, 250, 310, 500, 750, 1.000, 1.500 e 2.000L. As que mais vendem são as de 500 e 1.000. Em média, estamos vendendo 200 caixas por mês. Além das caixas d’água, cresceu também a procura por bombas, conexões, tubos e mangueiras, porque em muitas casas a água está chegando tão fraca que não consegue chegar à caixa d’água. Então, as pessoas estão comprando bombas para mandar a água até lá. As pessoas mostram bastante insatisfação com essa falta d’água. Estão muito pessimistas, porque, além do desconforto, eles têm que fazer investimentos, o que, na verdade, deveria ser feito pelos órgãos competentes. Temo que a situação atual possa prejudicar ainda mais a população, no sentido de afastar futuros investidores da cidade. Alguns clientes, que são de outras cidades, mas têm casa em Pará de Minas, já estão planejando sua mudança...”, revela Ana Rosa.
A reportagem GP saiu às ruas para ouvir de 6 transeuntes como eles estão fazendo para superar a terrível falta d’água na cidade. Veja o que disseram.
1. “Na minha casa somos 5 pessoas e nós economizamos o máximo possível. Quanto tem água, tomamos banho muito rápido, economizamos na hora de lavar as louças e reutilizamos a água da máquina de lavar roupa para usar na privada, visto que a descarga é uma das coisas que mais gasta água. Para amenizar um pouco, comprei uma caixa d’água de 500L que não resolveu o problema”. José Vitor Antonelli, 39, eletricista, bairro Santos Dumont; 2. “Em 1º lugar, o que temos mais feito é economizar em tudo: banho de 5 minutos, no máximo, escovar os dentes com a torneira fechada e reutilizar a água da máquina de lavar para jogar na privada. Recentemente, comprei 3 bombonas de 200L para dar um reforço, mas ainda assim não foi suficiente para uma casa com 8 pessoas”. Renato Silva Cesário, 36, borracheiro, Belvedere; 3. “Em casa, somos 7 pessoas e temos economizado, o máximo possível, a água que é usada na lavagem das roupas e outras coisas reutilizamos para dar descarga na privada. Não compramos nenhum reservatório, mas acho que vou ter que comprar, pois não tem outra solução”. João Wilson Calisto, 68, vendedor, São Cristóvão; 4. “Lá em casa, moramos apenas eu e meu irmão. Então, não gastamos tanta água, mas, mesmo assim, economizamos muito, porque sabemos da dificuldade que nossos vizinhos estão passando”. Marcos Aurélio da Silva, 36, vigia, Santos Dumont; 5. “Somos duas pessoas em casa e uma das formas de economizarmos é tomando banho dentro de uma bacia grande para reutilizarmos essa água para dar descarga e também aquelas medidas que são conhecidas de todos, como escovar os dentes com a torneira fechada, usar pouca água para lavar as louças e lavar muita roupa, de uma vez só”. Joaquim Soares, 65, pedreiro, Santa Edwiges; 6. “É muito difícil essa situação de falta d’água! Aqui no meu salão, estou perdendo cliente e dinheiro, porque sem água não tem como trabalhar. Para armazenar, meu marido busca água na roça, 3 vezes por semana. Temos duas caixas d’água; deixamos uma só para uso do salão e outra para uso da casa”. Fernanda Mara Gomes, 27, cabeleireira, Vila Ferreira.