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Nº 2046
14/11/2024


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PÂNICO NA GARAGEM E TERROR NA ESTRADA - 14/08/2014

Um assalto com refém, noticiado na coluna Giro Policial nesta edição (página 6) chamou a atenção da reportagem GP que procurou a vítima para saber detalhes do que aconteceu com ela para servir como um alerta à população de como Pará de Minas está, cada dia mais, violenta. Ela topou contar para a GAZETA tudo que aconteceu com ela. Não deixe de ler os melhores momentos de tudo que ela disse, com exclusividade, para a reportagem GP. MEDO – “Medo! Esta palavra tem circulado na minha cabeça e entre os pará-minenses que se sensibilizaram com o ocorrido no dia 6 de agosto, quando bandidos jovens estiveram à pelo bairro São Jose. Momentos antes, houve uma tentativa de assalto não concluída nas proximidades da minha casa. Em seguida, eu fui abordada, quando estacionava o carro na minha garagem, às 19H40. Só passa agora pela minha cabeça, a seguinte pergunta: E a nossa segurança? Vivemos hoje em uma sociedade banhada pela violência, ato vergonhoso que está, cada vez mais, presente em nosso dia a dia e, portanto, mais próximo de nós. E é este medo da violência que transformou nossa vida calma e pacata do interior, hoje com vizinhos que pouco se conhecem e/ou se falam, olhares desconfiados e muita preocupação. Quando criança, neste mesmo bairro, brincávamos na rua, subíamos em árvores e desfrutávamos do Parque do Bariri, até mais tarde. Infelizmente, hoje não mais é possível... Não estamos seguros nas ruas, nem ao menos em nossos lares. Com arma em punho, cara limpa e destemidos os bandidos dominam as ruas e apropriam-se do que lhes convêm. Foi isso que 2 indivíduos fizeram”..., diz a vítima que solicitou que o seu nome fosse mantido no anonimato. GRITOS NÃO OUVIDOS – “Ao perceber o que estava acontecendo, comecei a gritar, mas, mesmo estando em casa, meus familiares não entenderam que fosse logo ali. Sentada no banco de trás do meu próprio veículo, acompanhada por um dos 2 indivíduos – esse estava armado; o outro, na direção - fui levada em direção à BR-262, sentido Nova Serrana/MG. Seguimos pela MG-494, sentido Divinópolis/MG. Ao sairem da minha casa com o meu veículo, os bandidos tiveram que se dirigir a um posto de gasolina para abastecer, pois não conseguiriam chegar ao destino com o tanque na reserva. Já no posto, e com medo que os funcionários percebessem algo e o bandido me violentasse ou até mesmo atirasse, conforme a ameaça que já havia feito. Evitei, então, que a situação fosse notada”. TRAJETO TENSO – “Durante o trajeto tenso, mantive a calma, ao atender 2 telefonemas de meus familiares com a arma apontada em minha direção. Houve pouca conversa, apenas telefonemas dos bandidos para terceiros, dizendo que já haviam desenvolvido. Pedi várias vezes que me deixassem por ali, na estrada, com medo de que algo pior pudesse acontecer comigo, mas eles disseram que não, porque eu chamaria a polícia e vieram com mais ameaças. No caminho, eles devolveram alguns materiais meus, de trabalho, além de cartões de crédito e documentos, pois, segundo os mesmos, eles iriam jogar fora aquilo tudo. Pedi que deixassem apenas o celular comigo para que eu pudesse fazer contato com a minha família, mas eles negaram com outras ameaças. Quando entramos na estrada de terra, o desespero tomou conta de mim, ao imaginar o que eles teriam em mente. Mas, graças a Deus, eles me deixaram descer do carro, em meio a um local desconhecido... (zona rural de Capão de Cima). Uma mistura de alívio e medo tomaram conta de mim, pois, se estava aliviada por não ter sofrido violência física, não sabia como retornar para casa. Caminhei uns 300 metros apenas e cheguei até a uma casa (de um sítio), onde fui muito bem acolhida”. E A POLÍCIA? – “Liguei para que os meus familiares fossem me buscar. Um policial retornou o telefonema e me questionou como eram os bandidos, se estavam armados ou não e se fizeram algo comigo... Isso foi o máximo da minha conversa com a polícia. Segundo o policial que conversou comigo ao telefone, a região é muito grande e não iriam me encontrar. Diante disso, a polícia de Nova Serrana seria encaminhada para lá. Liguei, como sugeriram, para a polícia de Nova Serrana. A dona do sítio explicou a localização, mas, mesmo assim, eles não apareceram Cheguei em casa e não havia sequer um policial lá, aguardando o meu retorno, para certificar se eu estava em boas condições, para, ao menos, saber como fui abordada ou demais detalhes que fossem importantes para assegurar a nossa cidade. Meus familiares contam que eles (os policiais) demoraram a chegar na minha residência e ainda não souberam lidar com o estado emocional deles. Sentimos, naquele momento, falta de apoio e presteza. Nenhuma viatura foi também ao meu encontro, no local onde fui abandonada”. IMPOTÊNCIA - “Passado o susto, resta o medo, mas agradeço por ter saído bem de todo esse infortúnio que acredito ter sido um grande sinal de alerta para mim, para a minha família e para a população de Pará de Minas, em geral. Nossa residência já estava mais segura, porque a minha rua é movimentada. Enfim, eu já estava mais cautelosa por já ouvir tantos casos e temer que eu também pudesse vir a ser vítima. Mas, ainda assim, nunca pensamos que algo realmente aconteceria com a gente. Naquela noite, antes de chegar em casa, observei a rua, como sempre faço; cumprimentei um vizinho chegando em casa; a poucos metros da minha casa, um ônibus de excursão organizava os passageiros; e pessoas que fazem caminhada, passando pela porta da minha casa, viram o momento em que fui abordada. Acredito que, por morar próxima a uma esquina, pode ter dificultado a minha percepção, mas a minha atenção agora será redobrada... Fica, agora, um sentimento de impotência, pois não sou o 1º e, infelizmente, nem o último caso, principalmente aqui no bairro. Deixo aqui o meu apelo por intervenções do poder público com ações efetivas que garantam a nossa segurança, bem-estar e melhora na qualidade de vida”.

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