Lucy Eleutério, 80, nasceu no dia 13 de
março de 1933 e hoje é aposentada pela
prefeitura. Para falar de sua história de
vida, ela recebeu a reportagem GP, ao
lado de uma de suas 4 filhas que também
deu depoimento. Confira.
“Casei-me com 21 anos com José Cândido,
que faleceu há 19 anos, e minha
alegria foi ter as minhas 4 Marias: Maria
José, Maria de Lourdes, Maria do
Rosário e Maria do Carmo, todas nascidas
dia 14... de janeiro, de maio, de
agosto e de novembro. Tenho 10 netos:
Luciana, Luana, Marco Túlio, Bárbara,
João, Mateus, Bianca, Arley, Alex e
Antônio, e 4 bisnetos: Adam, Isabela,
Eduarda e Bernardo”, contabiliza Lucy.
PAI E MÃE – “Minha juventude não
foi muito boa, pois éramos muito pobres,
mas, graças a Deus, rompemos
na vida. Éramos 12 filhos e combinávamos
muito. Meu pai era muito bom. Falávamos
que ele era como uma mãe...
Minha mãe também era boa, mas muito
enérgica. Eu estudei apenas no grupo,
onde combinava com todo mundo. O
pessoal aqui da rua também gostava de
mim”.
A BEBIDA - “Casei nova e vivíamos
como ciganos. Meu marido bebia muito.
Quando elas eram pequenas, morávamos
em Antunes/MG e meu marido
era caminhoneiro. Meu pai viu que nós
estávamos passando fome com as meninas
e nos trouxe para morar com ele.
Aí, elas foram crescendo, meu pai teve
derrame e as meninas ajudaram a cuidar
dele. Quando comecei a trabalhar
na rodoviária, meu pai faleceu. Um dia,
meu marido me disse: vou ali e volto já.
Só voltou 14 anos depois. Me procurou
falando que tinha parado de beber, mas,
desde que ele se foi, era eu que tinha
começado... Eu e minha irmã Nair bebíamos
muito! A infância das minhas
filhas não foi boa, tivemos momentos
bons e ruins”.
ALCOÓLICOS ANÔNIMOS – “Meu
marido estava agora em Belo Horizonte
e me disse que estava frequentando o
Alcoólicos Anônimos lá, onde comecei
a participar das reuniões também.
Quando voltei de Belo Horizonte, juntamente
com o José Alexandre, o Vicente
de Paulo, o Francisco e o Márcio Meireles
- todos já falecidos - fundamos os
Alcoólicos Anônimos daqui. Comprava
tudo que precisava para fortalecer o
grupo, mas não tinha local para ser feito
as reuniões. Aí, o padre Hugo cedeu a
parte de baixo da casa dele, porque viu
que era coisa séria. Desta forma, nasceu
o grupo Vida Nova e hoje há vários outros
grupo. Daquela turma, só existe eu.
Depois, aceitei o meu marido de volta
e fiquei com ele até ele falecer. Tem 36
anos que parei de beber”.
FILANTROPIA – “Toda vida fui popular.
Quando havia algum doente no
INSS, eles me ligavam para levá-lo
para consultar em Belo Horizonte, pagavam
a minha passagem e a do doente.
Aí, eu ia, internava a pessoa e ficava
de companhia, quando era caso de
cirurgia. Quando eu voltava, entregava
a pessoa já recuperada para a família.
Quando via uma pessoa caída na rua eu
a levantava. Várias famílias me agradeciam
por esses feitos. Entretanto, hoje
só fico em casa; faço almoço para as
meninas, faço tricô e caça palavras”.
TRISTEZA – “Foi triste quando eu
perdi a minha mãe, há 53 anos. Depois,
os irmãos, o meu pai, mas recordação
mesmo foi quando entrei no A.A. e parei
de beber. Não era uma cervejinha,
mas 2 litros de pinga por dia. Antes das
vendas abrirem, eu já tomava café com
álcool. Depois, quando elas abriam, eu
obrigava as minhas filhas a buscarem a
pinga”.