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Nº 2046
14/11/2024


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HISTÓRIA DE VIDA - Geraldo Magela Fonseca, 98, e Maria Tereza Resende, 87 - 28/08/2014

Geraldo Magela Fonseca, 98, nasceu no dia 15 de agosto de 1916, e Maria Tereza Resende, 87, nasceu em 3 de setembro de 1926, ambos em Pará de Minas. Casados há 70 anos, tiveram 8 filhos (Maria Antoniêta, Regina, Helena (+), Olívia, Antônio, Márcia, Melquíades e Alexandre), 13 netos e 9 bisnetos. A reportagem GP, que já tinha tentado fazer uma entrevista com o tradicional casal, foi convidada para fazê-la no dia do aniversário dele. Veja os melhores momentos. “A minha infância foi muito boa e divertida, eu era filho único e tinha amigos que iam muito na minha casa. Minha mãe pedia para eu varrer o quintal inteiro, uma vez por semana. A juventude foi perigosa, até certo ponto, mas muito boa. Nas farras, eu e meus amigos deitávamos na rua, mas não estávamos tontos. Esperando o subúrbio, acabávamos adormecendo ali mesmo, no chão. Uma vez, chegou o tenente Júlio de Melo Franco e perguntou: “O que vocês estão fazendo aí”? Estávamos eu e o Vete que se levantou e disse que estávamos esperando o subúrbio, esperando o sol nascer”, relembra Magela como é mais conhecido. VIDA BANCÁRIA – “Fui estudar em Belo Horizonte/MG, mas não quis continuar lá. Falaram que foi promessa que minha mãe fazia para eu não estudar (risos). Isso, porque eu ficava com o meu pai que era deficiente físico, porque ele não podia ficar sozinho. Depois, resolvi entrar no banco. Naquele tempo, não admitiam gente da mesma família. Então, transferiam muita gente para outras cidades, mas eles colocaram na minha ficha que eu não podia ser transferido, por causa do meu pai. Trabalhei no Banco Real (Santander) durante 30 anos e me aposentei por Tiro de Guerra que libera a aposentadoria, 9 meses antes”. O CASAMENTO – “Vivemos de brigas (risos) há 70 anos. Nos 10 1os anos foi amor e filhos. Ciúme nunca tive! [Terezinha o desmente: Não posso colocar nem uma roupa nova (risos)]. Mulher tive muitas, nem sei quantas, mas essas indiferenças a gente deixava debaixo dos panos para poder viver juntos até hoje. Nos casamos com medo de eu ser escolhido para a guerra, mas vivemos em guerra (risos). Hoje, somos os dois meio surdos (risos). Reconheço minhas filhas pela voz delas”. TRABALHO – “Fui feliz a vida inteira e trabalhei muito, às vezes até meia noite, porque ninguém faz igual o que queremos; o pedreiro ia embora às 17H e eu continuava”... UMA TRISTEZA – “A perda da minha filha... (suspiro). Eu falei com o médico que ela queria operar e que eu não ia impedir, mas que ela ia morrer na cirurgia. Ele me disse que eu não poderia falar isso, mas eu falei, porque 99% das pessoas morriam. Eu não tinha esperança, mas se ela queria fazer, tudo bem, mas morreria. Tem 38 anos que ela se foi. A Terezinha teve também tumor no pâncreas, não operou e está aqui, viva”! E A SAÚDE? – “Fiquei 60 dias meses no CTI e 30 dias no leito normal. No CTI, eu morri, fui até ao Pai Eterno ou Buda, sei lá quem era, disse que tinha muito tempo que não confessava e Ele disse que eu não ia ficar lá” (emoção). E A INTERNET? – “A juventude de hoje está pior do que a do meu tempo. Antigamente, se aprendia mais as coisas. Hoje, se aprende bastante, mas são coisas que pouco se aproveita. A internet ensina muita coisa, mas a maioria das coisas é bobagem... Os jovens ficam perdidos com aquilo e as coisas que eles precisam saber nunca aprendem”. TAPAS E BEIJOS – Leia agora um resumo do que contou Teresa Fonseca à reportagem GP. “Ajudei muito minha mãe com meus irmãos pequetitos, pois éramos 15 filhos. Hoje, estão vivos apenas eu, o Valter, aqui, e o Antônio, em São João Del Rei/MG. Casei com 16 anos. Não tive tempo de nada: de estudar, de viver a minha juventude. Sou uma pessoa que gosta muito de passear, sou muito ativa até hoje. Aos trancos e barrancos, somos felizes; ele sempre me deixava viajar para todos os lugares. Ele não gosta de viajar, nunca ia. Nunca me deixou sem dinheiro e, entre tapas e beijos, fomos levando uma vida muito boa, apesar das tristezas. Apesar dele ser muito nervoso, nos entendemos muito bem. A doença do Magela abalou muito a família toda, mas, graças a Deus, ele está aqui”. AOS JOVENS – “O mundo de hoje está muito para frente. O povo quer saber só de celular e internet. Eles não estudam como antigamente. Gostaria de dizer para os jovens para eles respeitarem mais os pais, sendo mais obedientes, tendo mais responsabilidades, juízo e tolerância”.

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