Para comemorar mais um ano de aniversário de Pará de Minas, esta Edição Especial não poderia deixar de focar, em 1º lugar, um fantasma que está assombrando os empresários da cidade: a economia desestabilizada. Para falar sobre o tema, ninguém melhor que o atual presidente da Ascipam Empresarial, o economista Eduardo Leite, que apontou os setores mais alarmados em Pará de Minas. Acompanhe.
“Antes de tudo, é bom destacar a situação econômica pela qual o país passa. Foi noticiado, nos últimos dias, não sendo nenhuma novidade para as pessoas que acompanham a economia do país, que o Brasil está em recessão técnica. Ou seja, estamos com um crescimento negativo desde janeiro. Portanto, são 2 trimestres seguidos em crescimento negativo, apesar de que ainda estamos com uma atividade de geração de empregos muito boa. O nível de desemprego no Brasil é pequeno, mas existe uma preocupação, porque, se nada for feito para que o Brasil volte a crescer, poderemos ter, no início do ano que vem, um aumento do índice de desemprego. Temos uma defasagem, mas, felizmente, os empresários conseguem garantir os empregos por alguns meses, aguardando melhoras. O que vemos durante este ano é que, apesar da principais atividades estarem em declínio, sobretudo a indústria, os empresários têm evitado demitir, o que mantém o nível de emprego. E por que eles têm evitado demitir? Porque é muito caro você demitir hoje para, daqui a 6 meses, você contratar novamente. Então, os empresários que têm condições financeiras, eles estão mantendo esse prejuízo de manter as suas mãos de obra, esperando uma melhora do cenário, no futuro. Se essa melhora não aparecer, teremos o início de um processo de demissão. O nosso grande receio para o fim deste ano é que, se não vier um aquecimento da economia do país, os empresários comecem a reduzir a oferta de empregos e a aumentar as demissões. Aí, sim, entraremos realmente em uma crise grave”, alerta Eduardo Leite.
A CRISE AGORA É LEVE? “Algumas atividades, como o setor automobilístico, construção civil e a prestação de serviços - que cresceu muito nos últimos anos, responsável pelo crescimento do P.I.B. nos últimos tempos, apresentaram sinais de estagnação. A única atividade que apresentou um crescimento positivo foi o agronegócio; e um pequeno crescimento do comércio, mas a indústria foi negativa. Isso acende um sinal amarelo para nós. Pará de Minas não foge dessa realidade. Em todas as reuniões que fazemos, o comércio tem se queixado muito pelas vendas deste ano. Outras atividades também têm sofrido: indústrias em geral (metalúrgica, siderúrgica, têxtil, etc.), a atividade agropecuária, sobretudo na produção de suínos e frangos, o comércio como um todo e as empresas prestadoras de serviços. Alguns setores apresentam bom desempenho, outros menos, mas nada que você diga que seja um caso específico de Pará de Minas. Os setores que vão bem ou mal em Pará de Minas estão indo bem ou mal também no país todo. Enfim, o país todo segue uma linha econômica... Eu falo nas reuniões para os empresários não se preocuparem, porque o problema não está somente aqui, mas em todo o país e temos de nos preparar para enfrentarmos isso. Mas o empresário rural, industrial ou comercial tem a consciência dessas dificuldades; não encontramos mais muitos aventureiros. Ninguém está fazendo algo para correr riscos. Portanto, é bom ter um olho no futuro para não darmos um passo em falso”.
BALANÇO GERAL - “Daqui a 5 anos, o comércio não será o mesmo de hoje. Temos tentado passar para os empresários essa visão. Passou a época em que o empresário vendia as coisas sem se preocupar com o mercado como um todo. Hoje, o mercado é muito globalizado. O cliente viaja para uma cidade grande, onde tem um atendimento de qualidade. Ao retornar, ele vai querer o mesmo atendimento. Então, o empresário tem de estar muito consciente do mercado. Ele não deve, nem pode, trabalhar com os olhos apenas para dentro de sua empresa. Por isso, é importante a inovação, buscando novas soluções e formas de atendimento. O empresário inovador não vai ter problemas; sempre terá seu espaço, mas ele não pode ficar sentado na sua sala ou no balcão da loja esperando o cliente, sem enxergar o que se passa lá fora. Não temos um setor pra gente apontar e dizer: O problema é com aquele setor. Não existe isso. Estamos refletindo muito sobre a situação do país e, quando se fala em recessão técnica ou estagnação, estamos falando em recessão média, uma vez que temos setores com uma perda muito grande e outros que conseguiram um avanço”.