Seguindo a linha de reportagens sobre pará-minenses que estão estudando no exterior, a reportagem GP falou com Thaís Cristina Guimarães Alves, 22, estudante de Engenharia Química da Universidade Federal do Paraná. Ela reside, há um ano, em Albuquerque, Estado do Novo México/Estados Unidos, através do programa federal Ciência Sem Fronteiras. A reportagem GP falou com ela via e-mail. Veja o que Thaís disse.
“A minha chamada para o C.S.F. - Ciência Sem Fronteiras foi um caso especial. Primeiramente, entrei no site procurando as vagas, analisei qual país seria uma boa opção e Portugal me pareceu a melhor escolha, pois eu não tinha fluência no inglês. Entretanto, Portugal tinha muitos inscritos e conseguir a bolsa seria mais difícil. Por este motivo, o programa me deu a opção de escolher outro país, além da oportunidade que eu teria de aprender outro idioma. Então, a minha 1ª escolha foi o Reino Unido, mas a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (C.A.P.E.S.) me informou que eles só poderiam aceitar estudante que tivesse proficiência em inglês, comprovada por testes oficiais. Como eu não tinha, fiquei com a 2ª opção que eram os Estados Unidos. Já a universidade e a cidade foram determinadas pelo programa; eu só apontei a área, que eu gostaria de fazer pesquisa e as matérias que eu gostaria de aprender. Na verdade, acho que a escolha das matérias foi o que determinou a universidade, pois escolhi Bioengenharia e a U.N.M. (University of New Mexico), onde estudo, é bem conceituada nesse setor”, relembra Thaís.
FOI MUITO DIFÍCIL? - “No início, foi muito complicado me adaptar ao clima, pois aqui é muito quente e seco no verão, e muito frio e seco no inverno. Além dessa diferença, tive que me adaptar também ao idioma. O convívio com a língua diariamente foi essencial para que eu aprendesse a me comunicar, em tão pouco tempo... Além dos americanos, também convivo com pessoas de outros países e fazer novas amizades foi o melhor método para aprender inglês. Hoje, o meu dia a dia aqui é tranquilo e a qualidade de vida é muito boa nos E.U.A.. Temos vários programas de incentivo à educação física, fácil acesso aos livros e internet e vários espaços públicos. Normalmente, vou para as aulas, encontro com meus amigos nas refeições e aí cada um desenvolve a sua própria atividade como academia, leitura, futebol, soneca e estudos. Não é permitido aos estudantes do C.S.F. estar envolvidos em qualquer atividade remunerada, a não ser no verão ou em estágios”.
PRINCIPAIS DIFERENÇAS – “Existem algumas diferenças básicas e, no início, eu estranhei muito. Alguns exemplos: * Os americanos possuem políticas muito mais restritas em relação ao consumo de álcool, por exemplo. Você não pode portar bebida alcóolica nas ruas e a idade mínima para começar a beber e frequentar bares e clubes é 21 anos; * o preço dos carros aqui é muito mais barato e por isso você vê mais carros do que motos nas ruas, sem falar nos carros de luxo; * as estradas são de boa qualidade, as ruas são mais sinalizadas e os americanos realmente obedecem as paradas das faixas de pedestres; * os shoppings são mais voltados para compras mesmo. Então, as pessoas não vão a ele para se divertir ou passear, mas para comprar; * todos os brasileiros com quem converso e que trabalham e/ou estudam aqui têm a mesma percepção do Brasil quanto a uma pior qualidade de vida e salários desvalorizados. Quando comparo minha universidade do Brasil e a U.N.M. – que é uma das universidades mais baratas dos E.U.A. – vejo que ela ainda possui mais recursos financeiros do que a U.F.P, onde estudo no Brasil. As universidades daqui possuem incentivos à pesquisa acadêmica e apoio ao esporte. A Atlética é uma associação responsável pela parte esportiva - fica dentro da universidade - e muitas vezes ela até qualifica a universidade. Isso mostra a sua importância. Normalmente, essa associação é dirigida pelos próprios estudantes que fazem a organização das equipes e treinamentos. Felizmente, esse tipo de associação vem crescendo muito nos últimos anos nas universidades brasileiras, principalmente nas do sul”.
VANTAGENS – “Hoje em dia, estou mais conectada ao mundo, tenho amigos de vários lugares e eu estou sempre me informando sobre o que está acontecendo em cada país. Comparo a opinião dos meus amigos com a dos grandes veículos de comunicação. Agindo assim, consigo ter uma opinião mais crítica em relação ao meu próprio país”.
DESVANTAGEM – “Sinto falta da minha família, dos meus amigos e da comida brasileira”.