O motorista Agenor da Silva Nascimento, de 52 anos, financiou um caminhão em 60 meses, mas atrasou as seis últimas parcelas, acumulando uma dívida de R$ 14,8 mil. “Não consegui pagar por causa dessa crise do governo”, contou ao G1 durante o “Feirão Limpa Nome” da Serasa Experian, na capital paulista.
Por trás do sorriso de Nascimento, estava um desconto de 25% da dívida, que negociou com um dos representantes das 11 empresas que participam do evento. Com o "perdão", o consumidor vai quitar o caminhão por R$ 11 mil.A dona de casa Patrícia Pereira Alves, de 27 anos, limpou o nome com um desconto ainda maior. Com R$ 2,3 mil em atraso na conta de luz, a devedora vai abater o valor em 65%. “Finalmente vou conseguir pagar”.
Milhares de devedores buscam a mesma sorte no feirão da Serasa, que acontece até sábado (8) na versão presencial, em São Paulo, e até dia 14 pela internet. Confira aqui a lista das empresas participantes.
Cartão de crédito lidera dívidas
O valor médio das dívidas em atraso é de R$ 4 mil por devedor. Já o tempo em que o consumidor ficou inadimplente costuma variar entre 12 e 18 meses, observa o diretor de cobrança da Recovery, especializada em créditos em atraso, André Calabró.
Cerca de 60% dos inadimplentes que querem limpar o nome são homens, com idades entre 25 e 60 anos, ainda de acordo com o executivo. “As dívidas com cartão de crédito são as mais comuns”.
A taxa de juros do cartão, em setembro, chegava à média de 241,61% ao ano, a mais alta entre as linha de crédito, segundo estudo da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).
Foi no rotativo do cartão que o aposentado João Batista, de 60 anos, se enrolou com o juros. No feirão, conseguiu um desconto de R$ 3,6 mil. O mesmo problema tinha a balconista Monise, de 37 anos, que devia R$ 6 mil e saiu satisfeita ao prolongar o prazo para 24 meses.
Mas nem todos os consumidores conseguiram o buscavam. Clério dos Santos, de 26 anos, pensou que obteria um bom desconto para quitar o financiamento do carro, mas se surpreendeu com uma negativa, já que a dívida não estava atrasada. “Eu pago as contas em dia e não tenho direito a desconto. Acho injusto”.
35% voltam à inadimplência
O superintendente do Serasa Consumidor, Júlio Leandro, explica que as negociações mais comuns são o aumento do prazo da dívida, a redução ou perdão da taxa de juros ou o desconto do saldo devedor, que chega a 90%, na melhor das hipóteses.
O maior problema após a quitação, observa Leandro, é o retorno à inadimplência. “Notamos que em torno de 35% dos devedores que limpam o nome entram novamente no vermelho pouco tempo depois”.
Para evitar a recaída, o executivo recomenda que o consumidor só assuma compromissos que estejam dentro de sua capacidade de pagamento. “É a velha regra de não gastar mais do que se ganha”, orienta.
Leandro lembra, ainda, que o fim do ano é uma das épocas em que as pessoas estão mais sujeitas ao descontrole financeiro, especialmente devido ao pagamento do 13º salário. “Não se pode esquecer que janeiro tem despesas pesadas, como IPTU, IPVA e matrícula escolar”.
Como ter acesso ao "feirão"
A versão online do serviço de renegociação, disponível no site do Serasa Consumidor, oferecerá descontos durante o "feirão". A versão presencial em São Paulo acontece no estacionamento do Mais Shopping, na Zona Sul, onde serão feitas, também, palestras gratuitas sobre educação financeira. O endereço Rua Amador Bueno, nº 229, em Santo Amaro.
FONTE:G1