Na edição anteior a esta (nº 1.530), a GAZETA noticiou o falecimento do empresário José Luiz da Silva e de sua atual esposa, Maria das Dores Medeiros, quando ambos voltavam de Caldas Novas/GO e foram atingidos por outro veículo, ocupado por 3 rapazes que dirigiam rumo à Caldas Novas. A reportagem GP conversou com os 3 filhos do empresário que, emocionados, falaram tudo sobre o pai e a tragédia. Confira.
“Nosso pai tinha uma característica muito marcante que era o seu alto-astral, sempre de bem com a vida. Era otimista e tinha vontade de viver invejável. Passar para o outro lado não estava nos planos dele... Em 2002, ele fundou a B.C.M. em sociedade com a gente. Passamos por muitas dificuldades, em vários setores, mas demos a volta por cima, através de muitas batalhas e lutas. Em 2007, ele estava cansado e se afastou da empresa e, desde então, ele se refugiou no sítio, no distrito de Conquista, próximo a São José da Varginha/M.G.. Desde então, fizemos de tudo para deixá-lo mais à vontade e descansado”, conta o filho mais velho, Marcelo Luiz da Silva, 37, administrador.
Quando vi aquela situação, fiquei desesperado... Com muita dificuldade, consegui abrir a porta onde ele estava”...
O DESASTRE –“Anualmente, ele gostava de ir para Caldas Novas/GO, cidade que ele adorava. Era uma viagem que ele não abria mão mesmo. Mas neste ano, como ele estava apertado financeiramente, comentou que, talvez, não pudesse ir. Como ele estava completando 70 anos, nós resolvemos dar a viagem de presente para ele com tudo pago. Dos filhos, eu fui o único que foi junto (nessa viagem), mas em outro carro. Permanecemos lá uma semana, do dia 19 a 26 de outubro. No dia 26, quando estávamos retornando a Pará de Minas, já com aproximadamente uma hora de viagem, aconteceu o acidente. Em determinado momento, eu não vi o carro dele na estrada. Aí, pegamos uma reta e minha esposa avistou um acidente com um carro atravessado na pista... Quando me aproximei mais, pude identificar que era o carro do meu pai... Encostei o carro e fui tentar socorrê-los. Quando vi aquela situação, fiquei desesperado... mas tentei ajudar, de alguma forma. Com muita dificuldade, consegui abrir a porta onde ele estava. A porta do passageiro, onde estava a esposa do meu pai, eu não consegui abrir. Então, tive de quebrar o vidro. Meu pai respirava com muita dificuldade. Comecei, então, a bater no rosto de ambos para ver se havia alguma reação, mas a esposa dele estava imóvel, sem nenhum sinal de vida. Houve uma demora para a viatura chegar, pois estávamos próximos a uma cidade que não possuía recursos em relação à saúde. Quando o Corpo de Bombeiros chegou, percebemos que ele estava preso no veículo, porque o painel do carro veio pra frente. Um casal que viu o acidente nos ajudou muito... Em seguida, fui acompanhando meu pai dentro da ambulância até o hospital. Entraram com ele no pronto-socorro e eu fiquei aguardando do lado de fora. Cerca de 10 minutos depois o médico retornou para me dar a triste notícia... Mas a vida continua e o legado que ele deixou eu pretendo deixar para o meu filho. Foi o legado de um pai único, um pai que tinha um lado positivo, muito superior ao lado negativo que todos nós. Só tenho a agradecer por essa oportunidade de ter sido filho dele. Eu aprendi muito mesmo e se eu conseguir passar para o meu filho a metade que eu aprendi, me sentirei realizado”, propõe Marcelo.
“Por telefone, o médico se apresentou e disse que havia acontecido um acidente
e que meu pai havia falecido”...
PAI DIFERENTE – Leia agora o depoimento do 2º filho de José Luiz, Cláudio Márcio da Silva, 35, administrador, que também fez questão de falar sobre o querido pai.
“Nosso pai foi uma pessoa muito carismática, todos o adoravam, uma pessoa bem fácil de fazer amizade; essa foi uma das características mais marcantes na vida dele. O próprio nome da empresa demonstra que ele queria passar a empresa para os filhos, tanto que ele preferiu colocar as iniciais dos nossos nomes e não o dele (B de Breno, C de Cláudio e M de Marcelo). Ele falava que a empresa era para nós. Meu pai foi uma pessoa diferenciada, um homem muito bom e o que tenho a fazer nesse momento é rezar por ele, pois tenho certeza que ele está em um bom lugar. Ele foi um bom homem e deixou muitas coisas boas para nós. Mesmo estando separado da nossa mãe, ele nunca nos abandonou. Foi um exemplo de pai. Porém a vida segue e tentaremos aplicar o que ele nos ensinou para sermos pessoas melhores”, diz Cláudio.
A TRISTE NOTÍCIA – “Eu estava na casa da minha mãe, quando um médico me ligou. Achei estranho o prefixo 34 e me ligar no domingo. O médico se apresentou e disse que havia acontecido um acidente e que meu pai havia falecido. Ele falou também que o Marcelo estava muito nervoso e pediu para que eu tomasse as providências. Nesse momento, liguei para o Breno e falei que gostaria de conversar com ele. Aí, nos encontramos e eu contei tudo para ele, pessoalmente”.
“Assim que cheguei, ele falou da notícia do falecimento.
Na hora a ficha não caiu, fiquei sem lugar”...
ESTAVA VOTANDO – Finalizando a entrevista, o filho mais novo, Breno Luciano da Silva, 29, diretor industrial, também comentou sobre o pai. Leia mais.
“Meu pai foi um homem muito correto e honesto com as coisas e com as pessoas... para ele, o certo era o certo. Quando ele falou em colocar as iniciais de nossos nomes na empresa, sugerimos M.C.B., por causa da ordem dos nossos nascimentos, do mais velho ao caçula. Mas nosso pai não gostou da sonoridade e inverteu as letras, pois ficaria mais agradável. No entanto, havia o J de José (do pai) que a gente queria, ele brincava muito com isso. Porém, a decisão final dele foi permanecer a B.C.M.. Eu estava votando, quando o Cláudio me ligou, pedindo para que eu me apressasse, porque havia acontecido alguma coisa, mas ele não falou o que era. Fomos para casa da minha mãe e, assim que cheguei, ele falou da notícia do falecimento. Na hora a ficha não caiu, fiquei sem lugar... Depois, fomos para Araguari/M.G. para ajudar o Marcelo e temos que agradecer muito ao casal que ajudou o Marcelo. Eu só tenho a agradecer... ele sempre nos mostrou como trabalhar e ganhar nosso dinheiro. Ele nunca colocou dinheiro na nossa mão. Ao invés disso, nos ensinou a trabalhar e ganhar o próprio dinheiro honestamente. Ele sempre foi um homem correto. Só tenho agradecer o ensinamento que ele nos deu, e quero passar isso ao meu filho. O que ele nos ensinou tem de continuar”..., conta Breno.