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Nº 2046
14/11/2024


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HISTÓRIA DE VIDA - Maria Lígia de Oliveira Barbosa, 80 - 20/11/2014

Lígia do Galeno ou Lígia irmã do prefeito Zé Porfírio, como é mais conhecida, nasceu no dia 8 de junho de 1934. Bibliotecária aposentada, teve 9 filhos com o saudoso Galeno Barbosa (Lúcio, Sandra, Solange, Galeninho, Suelígia, Suzana, Soraia, Simone e Marco Túlio), 19 netos e 4 netos. A reportagem G.P. conversou com ela. Veja. “Perdi minha mãe quando eu tinha 9 anos, quando ela foi ganhar o meu irmão mais novo. Éramos 6: o José Porfírio e o Vicente que já faleceram, a Conceição, que hoje tem 87 anos e foi quem ajudou o meu pai a criar a gente, o Geraldo e a Lourdinha. Eu era a do meio e trabalhava na fábrica. Naquela época, podíamos sair, mas não podíamos voltar tarde. O meu pai marcava hora da gente estar em casa: às 20H30. Não é igual a hoje não. Antigamente, a gente era obediente, chegava na hora marcada. Hoje, a moçada sai depois das 22H”, compara a alegre Lígia. PEDIDO DE CASAMENTO – “Casei aos 18 anos com o Galeno. Ele tinha 39, era viúvo e já tinha 2 filhos. Conheci ele na rua, quando eu estava voltando de um parque e ele veio atrás, me acompanhando. Aí, eu falei que meu pai não deixava eu namorar ainda não. Na porta de casa, meu pai apareceu e falou: - 8 e meia. Pra dentro! Aí, ele foi embora. Quando foi um dia, eu estava passando roupa e ele chegou na minha casa. Eu continuei passando a roupa e ele pediu ao meu pai a minha mão em casamento. Meu pai autorizou, mas disse: - Ó, eu deixo, mas deixa a aliança aqui e pode ir. Meu pai foi lá colocou a aliança no meu dedo e eu continuei passando roupa. Não podia sair com o namorado, naquela época”. OS FILHOS – “A minha vida de casada foi ótima, mas tivemos muito trabalho para criar os filhos, naquela época. O Galeno era carinhoso, amoroso... um homem que não existe mais. Faleceu com 90 anos e ainda mandando bilhetinho de declaração de amor para mim. Nosso casamento durou 51 anos... Há 10 que ele faleceu. Quando as meninas eram pequenas, arrumava todas as 6 de balizas e as levava para desfilar no dia 7 de setembro, aqui na cidade e na região também. Teve vezes que eles convidavam e eu fazia questão de arrumá-las e levá-las. As meninas também tocavam na fanfarra, em todos os locais. No carnaval eu ia também e levava os filhos todas as noite. Eu ficava sentada na mesa, conversando com minha amiga Sebastiana que já morreu. As meninas não podiam vestir roupas indecentes naquela época. Então, elas colocavam uma túnica por cima da fantasia, mas quando o pai delas ia dormir elas tiravam. Ficávamos lá até a música acabar. Quando voltávamos já era o outro dia; aí, eu comprava 40 pães para os filhos e amigos que também vinham para a nossa casa descansar um pouco. Depois, descansados, acordávamos e pegávamos o Trem de Ferro na estação e íamos para a Onça fazer o carnaval de rua de lá. Quando vinha a noite, descansávamos um pouco e íamos para o carnaval daqui, de novo. Ah, a minha filha mais nova é uma poodle (cachorrinha), a Tuta. Todos os dias, das 16H às 17H30 fico sentada com ela na porta do meu prédio. Todos me conhecem por Senhora da Cachorrinha. Não vou a lugar nenhum sem ela: velório, casamento, tudo ela vai. Se não puder, eu não vou. Quando me arrumo para sair, ela chora se eu não levá-la. Ela até dorme comigo” (risos). ALGUMA TRISTEZA? – “Não vamos falar de tristezas, não. Nunca soube o que era tristeza. Quando a gente é nova, tudo é alegria. Quando eu era mais nova, fumava 2 maços de cigarro por dia e deu efizema pulmonar nos 2 pulmões. Então, há 4 anos parei de fumar, mas a consequência ficou, porque as doenças apareceram... Mas, graças a Deus, estou andando, falando e enxergando; todos os meus filhos e netos estão vivos; eu cuido da minha casa e, no fim de semana, vou para Onça do Pitangui/M.G., conversar com as minhas amigas. Tristeza mesmo só as perdas dos meus pais, dos meus irmãos, meu marido e o Vicente, há 2 anos”.

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