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JORNAL PENETRA OS GRANDES MUROS DO CADEIÃO - 04/12/2014

Você já assistiu ao filme nacional Carandiru? Esse filme conta a história de uma das maiores penitenciárias do Brasil, lugar onde, em 1992, ocorreu o pior massacre de todos os tempos, o Massacre do Carandiru, quando 111 detentos foram mortos por policiais. Quem já teve a oportunidade de assistir ao filme, quando ouve palavras como cadeião, penitenciária e prisão logo imagina a própria morada do diabo com muitas rebeliões e brigas. Porém, recentemente, comprovei com meus olhos que essa realidade é bem outra. A curiosidade jornalística me levou a visitar a Penitenciária Pio Canedo, popularmente conhecido como Cadeião. Confesso que senti uma pressão, no momento em que parei na frente do enorme muro rodeado de cercas elétricas e cortantes. A policial na portaria foi simpática ao pedir que eu deixasse meus documentos, capacete e celular desligado, antes de entrar. Passando pela portaria, novamente entrei em tremor ao ver uma enorme trinca e ser recebido por um policial nem um pouco agradável que, com poucas palavras, pediu que eu o seguisse, simplesmente apontando o dedo para uma pequena sala, onde se lê a frase Revista Pessoal. Entrei novamente em pânico só de pensar que seria obrigado a tirar a roupa, mas, felizmente, fizeram apenas uma pequena revista. Cheguei à sala da diretora que me atendeu muito bem e conversamos sobre o funcionamento do presídio. Fui convidado a conhecer as instalações do local o que me deixou surpreso, talvez, por um preconceito. Imaginava que eu iria conhecer um local bem pesado, mas não foi o que vi. Ali existe uma organização bem rígida com definições para cada aspecto. Vou relatar alguns: 1.) Os presos são monitorados 24H por um sofisticado sistema de câmeras, de onde é possível ver todos os cantos de cada pavilhão que são 4 no total. No Pavilhão 1 encontram-se os presos de maior periculosidade, condenados da justiça. Através de minha vasta imaginação creio que exista ali um sentimento baixo astral. No Pavilhão 2 vivem aqueles que estão em Regime Semiabertos, cujos presos, a cada 3 dias de trabalho, tem um dia de pena reduzida. No Pavilhão 3 estão presos que cumprem o Regime Aberto que têm de voltar ao presídio, pontualmente, às 17H. E finalmente no Pavilhão 4 é a Ala Feminina. Posso afirmar que, por trás daqueles uniformes vermelho, há mulheres lindas que se eu as visse pelas ruas jamais pensaria que eram presidiárias. A beleza feminina também está presente ali, em vários rostos. Tanto é que existe concurso de miss, realizado no pátio da unidade. Durante a visita, pude olhar nos olhos de alguns presos. Em alguns, parece que o brilho do olhar já não existe mais... Enfim, pude tirar o preconceito que existia na minha mente, pois a Pio Canedo não é um Carandiru, porque ali a coisa funciona bem. Passar algumas horas dentro daqueles altos muros, com guardas armados, me fez sair dali valorizando mais a minha liberdade. A prisão não é uma coisa fácil, porque não é apenas o preso que sofre, mas toda a sua família. (RAFAEL VIDAL, P.M/M.G).

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