Júlia Ferreira de Oliveira (Teresinha e Orides), estudante de engenharia elétrica na U.F.S.J. - Universidade Federal de São João Del Rey/M.G, que está vivendo em Mannheim/Alemanha, falou com exclusividade à reportagem do jornal de sua terra sobre sua experiência no país dos Campeões da Copa. Veja.
“Todo semestre é aberto edital para a inscrição no Ciência Sem Fronteiras. Primeiramente, é preciso se inscrever na faculdade e, caso você esteja dentro dos padrões exigidos, você poderá se inscrever no site do próprio programa. No meu caso, foi meu irmão, Lucas Augusto, quem me incentivou e orientou. É possível se inscrever para diferentes países, mas, em alguns casos, o aluno precisa fazer uma prova de proficiência na língua do país. Como eu não tinha feito nenhuma prova, me inscrevi para Portugal, pois ali já falam português e não era exigido o teste. Mas, no edital, sem muitas explicações, Portugal foi descartado e os alunos inscritos e que possuíam notas no Enem acima de 600 pontos, puderam escolher outro país. Todos os estudantes contemplados teriam curso gratuito de 7 meses da língua do país e, ao concluírem, teriam que fazer a prova de proficiência, quando já estariam morando no país. A Alemanha era um dos países onde foi oferecido o curso. Eu a escolhi, porque além de ser uma oportunidade de aprender a falar alemão, esse país também é reconhecido pela eficiência na engenharia. Primeiramente, cursei alemão durante 6 meses. Depois, frequentei a faculdade Hochschule Für Angewandte Wissenschaften Würzburg-Schweinfurt durante um semestre, na cidade de Schweinfurt, e agora moro em Mannheim, onde estou fazendo estágio na Mercedes Benz”.
DIFICULDADES? – “Como fiz o curso de alemão, antes, não tive tantas dificuldades de adaptação, pois tínhamos o total apoio da escola de idiomas, onde eram contratados tutores brasileiros que falavam alemão. Ele nos ajudavam em qualquer tipo de problema, desde burocrático ou questões de adaptação nas casas onde morávamos. Hoje, já sinto falta da culinária brasileira. Aqui é possível encontrar muitos alimentos similares, mas sempre falta aquele toque brasileiro, devido às diferentes condições de preparo alemãs. A principal diferença entre a faculdade da Alemanha e a do Brasil é que as disciplinas daqui têm apenas uma prova durante todo o semestre. Na Alemanha, os alunos não são obrigados a frequentar as aulas. Eles não cobram presença em sala, mas, no fim do semestre, existe uma única prova o que não abre muito espaço para erros. Então, os estudantes se dedicam bastante para alcançar um bom desempenho e assim serem aprovados nas disciplinas”.
DIA A DIA – “Moro em um pequeno apartamento com uma amiga brasileira. Inclusive, nós já tínhamos morado juntas no Brasil e agora alugamos esse apartamento por causa do estágio. De 2ª a 6ª feira tenho estágio, das 7H às 15H. Agora, no inverno, às 17H já fica escuro; então, não dá pra aproveitar muito o dia, mas sempre tento ir ao centro, depois do serviço. Nos fins de semana, aproveito para conhecer a minha cidade ou cidades vizinhas. Retorno ao Brasil em 13 de fevereiro deste ano (hoje) e um dos meus 1ºs planos é concluir o curso e aplicar tudo que aprendi no período em que estive na Alemanha”.
E O 7 A 1? – “No dia do jogo do Brasil contra a Alemanha, o famoso 7 a 1, eu estava com alguns amigos em um barzinho, que estava até vazio. Quando a Alemanha fez 5 a 0, todos os brasileiros foram embora do bar, inclusive eu. Fomos assistir na casa de um amigo. Um casal alemão amigo chegou mais tarde pedindo desculpas e perguntando se também podiam assistir o jogo conosco. A mulher até estava chorando, pois sabia que estaríamos tristes. O mais impressionante é que, após o jogo, alguns alemães faziam piadas, mas normalmente eles tinham, depois, um pedido de desculpas. Sei que isso no Brasil não aconteceria... Infelizmente, a imagem do Brasil ainda é muito ligada ao samba e carnaval. Após a Copa, essa visão mudou um pouco. Hoje, já encontro alguns alemães que sabem um pouco mais sobre o país”.