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Um ano de trabalho e um grande feito - 06/04/2015

 O Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua, conhecido como Centro Pop, comemorou um ano de atividades em Pará de Minas. A casa é mantida pela secretaria de assistência social, em parceria com outras associações de caridade. Desde então, mais de duas mil pessoas já passaram por lá e até deixaram de ser moradores de rua. Para saber mais sobre o assunto, a reportagem G.P. conversou com o coordenador do Centro Pop, Gustavo Henrique Duarte Silva. Saiba mais.
“A pessoa que se encontra em situação de rua ou que está de passagem pelo município pode ser atendido pelo Centro Pop. Pela manhã, temos oficina com café da manhã e a pessoa pode tomar banho e lavar as roupas. Temos profissionais capacitados, como assistentes sociais, pedagogos e psicólogos para atender e entender o motivo dessas pessoas terem chegado a essa situação. Temos um abrigo e as pessoas que percebemos que querem mudar de vida são encaminhadas pra lá”, afirma Gustavo.

LONGO PRAZO – “Para um morador de rua chegar ao ponto de trabalhar de carteira assinada e poder ter suas coisas com o próprio esforço, é um trabalho de médio a longo prazo. Muitos acham que é de imediato, mas da rua até conquistar autonomia existe um lapso temporal enorme. Por isso, cada pessoa terá um tempo diferente, alguns com 6 meses; outros com um ano”.

E OS MIGRANTES? – “Em um ano, realizamos 2.200 atendimentos e fornecemos 426 passagens. O trabalho com o migrante é importante, porque se essa pessoa estivesse andando pela cidade pedindo esmola, seria pior. Ela vem até aqui, se cadastra e a passagem é fornecida de imediato, impedindo que a pessoa fique perambulando por Pará de Minas”.

42 ANOS DEPOIS - Há 42 anos, uma mulher e mãe, de 82 anos, procura pelo filho, José Oliveira, hoje com 60. Ele desapareceu quando tinha 18 anos, em Maringá/PR., e a mãe nunca poderia imaginar que ele estaria há 1.017KM, mais precisamente em Pará de Minas. O Centro Pop recebeu José Oliveira e forneceu todos os atendimentos necessários. Após o apoio, José retornou para a sua terra natal, onde toda família o aguardava. A reportagem G.P. também conversou com o coordenador do Centro Pop sobre este assunto. Confira.
“José Oliveira chegou a Pará de Minas, devido a um acidente de bicicleta na BR-262, sendo socorrido no Hospital Nossa Senhora da Conceição. Ele é portador de esquizofrenia e, no início, tivemos muitas dificuldades, porque ele não passava as informações corretas. Depois, conseguimos localizar sua família no interior do Paraná e tivemos o relato que ele estava desaparecido, desde os 18 anos dele. A família nem sabia que ele estava vivo. A mãe fez diversas promessas para encontrá-lo e, através do nosso trabalho, mais uma pessoa foi resgatada”, orgulha-se Gustavo.

PRESO AO PASSADO – Para acompanhar o morador de rua até Mamboré/PR., foi necessária a presença da psicóloga e especialista em saúde mental, Nádia Nogueira, que comentou sobre a expectativa de José. Leia.
“O senhor José chegou ao Centro Pop e não conseguia se comunicar, falando coisas sem sentido, dificultando o entendimento para sabermos seu local de origem. Ele sempre falava que vinha de várias cidades. Enviamos, então, fotos dele para as cidades que ele citava, até que uma irmã dele fez contato. José foi medicado e comunicamos a ele sobre a sua família. Ele ficou muito confuso, pois estava preso ao passado, às coisas que ele vivenciou quando ele tinha 18 anos, mas eram apenas vagas lembranças. Ele se lembra dos irmãos, mãe e pai, mas após todo esse tempo, o cenário está completamente diferente do que foi um dia”, conta a psicóloga.

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