A Preforte Pré-fabricados e Engenharia inaugurou suas instalações no terreno da Penitenciária Pio Canedo, quando já havia empregado 10 detentos com planos expansivos. Além dos 100 mil blocos de concreto vendidos à empresa que está construindo a unidade feminina, a Preforte produz mourões, meio-fio, piso intertravado, laje treliçada de cimento e palets. A diretora da unidade prisional, Sara Simões, falou com a reportagem G.P. sobre essa nova oportunidade de ressocialização para os presos. Acompanhe.
“Confesso que desta vez fiquei ansiosa, como se hoje fosse meu baile de debutante. Mas isso aconteceu justamente pela grande vontade que tínhamos de fazer um trabalho como esse e que repercutisse na cidade para as pessoas visualizarem a obra que é feita dentro da unidade. Para mim, foi uma das melhores coisas que poderiam ter acontecido e desejo que este momento se desdobre em vários outros, durante o ano. Pretendemos continuar crescendo e fazendo com que a sociedade entenda que sua participação só traz frutos positivos. Quando você vê uma unidade com 100 presos, dos quais metade deles trabalham, é uma coisa. Mas quando você tem uma unidade com quase 1.000 presos, como é o caso da nossa, e 324 deles trabalhando, você vê como faz diferença. Além dos que já trabalham, tenho 12 pedidos judiciais para autorização de trabalho externo. A minha meta é chegar a 500 presos em atividade e, para isso, necessitamos de parcerias do empresariado. Este momento foi construído para as empresas chegarem até nós. Buscamos a participação da sociedade em parceiras públicas e privadas, pois se fosse para nós construirmos tudo isso sozinhos não teríamos condições, já que todos nós sabemos da dificuldade do Estado”, reconhece Sara.
ESTUDANTES – “Além do trabalho, os detentos daqui estudam, sendo que alguns já até fizeram o Enem, no ano passado, e já temos 9 presos que já estão em condições de iniciar o curso superior à distância. Temos o Eja dentro da unidade, onde estudam cerca de 250 presos. Se somarmos isso, temos quase 600 detentos em atividade. Juntamente com o juiz da comarca demos um pontapé inicial para o projeto de Remissão pela Leitura, onde cada livro que o sentenciado que não pode estudar nem trabalhar, ler, ele fará uma resenha que será avaliada, e se aprovada, ele também será beneficiado com o benefício da remissão. Nada melhor que ler livros que poderão ajudá-los a mudar sua vida”.
INVESTIMENTO - A reportagem G.P. conversou com exclusividade com o sócio-proprietário da empresa Afrânio Quirino. Leia.
“Nosso projeto se iniciou através de um convite da diretora da penitenciária, Sara Simões, para trazer empresas para trabalharem dentro da unidade prisional. Ela nos apresentou o terreno e nos deixou livres para a construção e eu fiz o projeto de construção do galpão que hoje inauguramos. Nossas expectativas são as melhores possíveis e, agora que a cidade está conhecendo nossa empresa, pretendemos além desse complexo fabril da penitenciária, abrir outro complexo na região urbana de Pará de Minas e levar o pessoal da penitenciária para trabalhar lá. Apesar de o terreno ser da penitenciária, ele está além do complexo da unidade. Por isso, apenas os detentos do regime semi-aberto poderão ser empregados. Eles serão remunerados de acordo com que o contrato do Estado impõe mais a remissão de pena. Ou seja, a cada 3 dias de trabalho, diminui-se um dia da pena. Apesar deste momento de crise, estamos indo contra ela, investindo ao máximo para podemos atingir nossos objetivos”.
EXEMPLO - Alessandro Roberto Pereira, 39, preso na Pio Canedo, desde 2003 por assalto, representante os detidos, também falou com exclusividade com a reportagem G.P. Veja.
“Minha expectativa com a nova parceria da penitenciária com a Preforte é de ter 100% de coisa boa para mim e para todos os presos que poderão trabalhar aqui e ajudar suas famílias. Vejo que esse projeto vai nos ajudar muito, porque poderemos sair da cela para trabalhar e passar o dia tendo uma ocupação. Acho que nem mereço representar meus colegas, mas fico muito feliz de, pelo menos, servir de exemplo para isso.
OPORTUNIDADE – Como a prefeitura também emprega cerca de 50 detentos, a reportagem G.P. conversou com exclusividade com o vice-prefeito Geraldinho Cuíca. Leia.
“De manhã os detentos são buscados na penitenciária, trocam de roupa no parque de exposições e trabalham o dia todo, almoçando no próprio local de trabalho. Às 17H, eles voltam ao presídio. Essa troca é interessante para a prefeitura e para eles, uma vez que barateamos nosso custo em mão de obra e eles vão sendo ressocializados. Os detentos que trabalham conosco já cumpriram parte da pena e estão próximos de retornar sociedade. É uma oportunidade que temos de ajudá-los. Se ele causar algum problema, enquanto está fora do presídio, ficará alguns dias sem sair até retomar o bom comportamento. Claro que os detentos de alta periculosidade não estão nesse meio”, resume Geraldinho.