Selo GP - Rodrigo Roreli Laço
Fundação: Francisco Gabriel
Bié Barbosa
Alcance, credibilidade e
imparcialidade, desde 84
ANO 40
Nº 2042
18/10/2024


Notícias
Notícias

MAIS DA METADE DAS MINEIRAS NÃO CONSEGUEM 'CHEGAR LÁ' - 27/06/2016

Se realmente a arte imita a vida, ela precisa ser um pouco mais fiel à realidade. Isso porque para 44,4% das brasileiras o orgasmo não é algo tão simples e fácil de se alcançar, como o que é retratado em filmes e livros. E as mineiras são as que mais reclamam. Mais da metade (51%) das mulheres da região metropolitana de Belo Horizonte, pesquisadas pelo estudo Mosaico 2.0, relataram ter alguma dificuldade para chegar lá.

O levantamento nacional liderado pela psiquiatra Carmita Abdo, com apoio da farmacêutica Pfizer, mostrou ainda que, especialmente nas duas faixas etárias mais jovens contempladas pelo estudo, de 18 a 25 anos e de 26 a 40 anos, 43% delas disseram apresentar alguma dificuldade de leve à grave para atingir o orgasmo. A menor porcentagem foi a de Belém (40,4%). O estudo ouviu 3.000 participantes de sete regiões metropolitanas do país (São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Salvador, Belém, Porto Alegre e Distrito Federal) com idades entre 18 e 70 anos.

Na roda de amigas da doutoranda em economia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Raíssa Bragança, 27, essa queixa é ainda maior. Pelo menos oito das dez amigas mais próximas dela dizem ter dificuldade. “Esse assunto é um tema ainda muito velado na sociedade. Nós mulheres conversamos pouco sobre isso. Tenho amigas que não sabem nem o que é orgasmo”, afirma.

Importância - Para mais de três em cada dez mulheres ouvidas no estudo (37,6%), conseguir atingir o orgasmo é considerado o terceiro fator mais importante para se ter um bom desempenho sexual. Para os jovens de 18 a 25 anos, essa taxa sobe para 46,6%. Afeto no relacionamento e intimidade entre os parceiros ocupam as primeiras posições.
Esses fatores, segundo Carmita, mostram como a mulher, ao longo dos anos, vem mudando bastante seu comportamento sexual. “Se comparado com o primeiro estudo Mosaico, realizado há oito anos percebemos que agora a mulher começa a ter mais consciência e a fazer sexo de forma diferenciada, separando bem o que são as atividades erótica e afetiva”, analisa.

Para Raíssa, no entanto, o ato de “fingir” orgasmo mostra como a mulher ainda é reprimida e conhece pouco seu próprio corpo. “Quando eu era mais nova, eu fingia muito porque eu não sabia lidar. Hoje, se eu não consigo chegar lá, isso não me faz mal, e está tudo bem. Mas sei que os homens também não sabem lidar com isso. Não devemos agradá-los, mas temos que nos conhecer mais para depois mostrar ao parceiro como ele pode nos satisfazer”, diz.

De acordo com a sexóloga Walkíria Fernandes, geralmente a queixa relacionada ao orgasmo não tem causas orgânicas. São fatores culturais educacionais, como a repressão sexual, ou algum trauma ou violência sexual, sofrida que costumam estar por trás das causas psicológicas dessa queixa. “O ato sexual requer uma espécie de abandono à situação, ou seja, é preciso que a pessoa se desligue de tudo a seu redor para que consiga se envolver naquele momento com seu parceiro, percebendo as sensações boas que o sexo pode trazer com uma entrega total na situação”, escreveu em seu site. Nesses casos, um dos tratamentos pode ser a terapia sexual.

NÚMERO

44%das brasileiras afirmam que têm dificuldades para atingir o orgasmo, segundo pesquisa.

VIAGRA SEM DESEJO NÃO GARANTE PRAZER

A ereção, no homem, se desenvolve na fase de excitação. Na mulher, por sua vez, é representada pela lubrificação. E o que as últimas pesquisas têm mostrado é que o uso da “pílula azul” também pode ajudá-las. “Os estudos feitos do uso do Viagra com mulheres mostraram que, mesmo que não tenha desejo, existe um efeito nos vasos sanguíneos, ou seja, proporciona a vasodilatação, provocando uma certa dilatação da área genital, o que facilitaria a lubrificação”, conta o urologista e presidente da Sociedade Latino-Americana de Medicina Sexual (Slams), João Afif. Mas, para ambos os sexos, antes de tudo, é preciso surgir o desejo. Segundo a psiquiatra Carmita Abdo, o fato de o Viagra melhorar a lubrificação feminina não é garantia de que a mulher estaria mais apta a dar sequência ao ato sexual. “Existem estudos que mostram que a mulher tem dois tipos de excitação: a objetiva e a subjetiva. A objetiva é a lubrificação vaginal, e a subjetiva é aquela excitação cerebral. Por vezes, ela está lubrificada, mas não se percebe excitada e, em outras vezes, ela está excitada e não está lubrificada”, diz. (LM)

Fonte: Jornal O Tempo

Colunistas