Como acontece em todo mês de agosto, desde 2002, véspera do Dia dos Pais, celebrado neste domingo, a GAZETA apresenta o vencedor do concurso Pai Patafufo que já é uma tradição na cidade. Este ano, por indicação de Elizabeth Souza, de Brasília/DF, além de assíduos leitores G.P., o pai escolhido para ser o homenageado, em meio a outras cartas, foi Cleiton Silva Ferreira, 35, empresário, casado com Ana Paula de Carvalho, 32. Nas defesas enviadas à redação do jornal, a de Cleiton se destacou pela dedicação e cuidado com Gabriel Fernandes Silva Carvalho, 12, um filho especial. A reportagem G.P. conversou com Cleiton que contou como é seu dia a dia com Gabriel. Não deixa de ler.
“Durante a gravidez, não sabíamos de nada. Somente quando ele nasceu que soubemos que ele era uma criança especial. A chegada do Gabriel foi uma surpresa... Na verdade, ninguém espera por isso. Na época do nascimento, não havia médicos para nos auxiliar no hospital e nenhum deles soube dar um diagnóstico para o meu filho. Até hoje não há um diagnóstico específico para ele. Quando ele nasceu, eu e Paula ainda não éramos casados. Até oficializarmos o matrimônio, ela morou com o nosso filho durante 6 anos, na casa dos pais dela que nos ajudaram muito, nesse período”, relembra Cleiton.
MAIS QUE ESPECIAL - “O 1º ano de vida do Gabriel foi difícil, porque tudo era novo. Havia também a questão financeira que dificultava. Mas a evolução dele foi muito boa. A 1ª escolinha que ele frequentou foi a Apae, mas ele ficou apenas 3 meses por ter acompanhado a linha dos outros alunos e ter mais capacidade de desenvolver. Assim, nós o colocamos na escola regular e ele conseguiu acompanhar os demais colegas. Ele possui limitações físicas e dificuldade na fala, mas consegue aprender tudo que é ensinado. O Gabriel já está no 2º ano e a escola o acolhe muito bem”.
ESPORTES E FÉ - “Nossa rotina é corrida. O Gabriel acorda cedo; às 6H30, ele já está chamando na cama para se levantar. Aí, toma o café, faz os deveres escolares, almoça e minha esposa o leva para a escola, às 13H. Após a aula, ele fica na casa da minha sogra até eu ir buscá-lo. Ele faz atividades extraescolares como natação e capoeira e gosta muito. Além disso, adora futebol. Aos domingos, ele acorda doido para irmos ao clube assistir aos jogos. Também fazemos vários programas radicais. Adaptei minha moto para ele andar comigo e estou com planos de conseguir uma bike adaptada para eu e ele andarmos também. Ele adora fazer coisas diferentes e sempre topa tudo. Todo dia, ele tem uma história diferente e todo final de semana acontece algo bom! Recentemente, fomos para Aparecida do Norte/S.P. e como há uma boa acessibilidade lá, assistimos a missa bem perto do padre. A rotina das missas lá é muito corrida. Mal acaba uma, já iniciam outra. Quando estávamos na saída e o padre começou a nova celebração, o Gabriel queria assistir a mais uma missa. Depois, já no hotel, ele continuava pedindo para ir à missa. Teve outro dia que, em meio a todos que estavam na igreja, o padre saiu do altar e deu a ele um terço de presente”.
ACESSIBILIDADE – “Encontro muita dificuldade para andar dentro da cidade com o meu filho. Em Pará de Minas a acessibilidade para cadeirantes é precária. Como ele ainda é pequeno, conseguimos carregá-lo com a cadeira. Mas já evitamos ir a vários locais, principalmente os públicos. Para estacionar então é mais difícil ainda, porque sempre tem alguém estacionado irregularmente. Já chamei os órgãos de segurança, mas eles sempre dizem que não podem ir ao local, naquele momento. Já tive que estacionar longe do meu destino e ir empurrando a cadeira por falta de vaga... Tivemos vários momentos difíceis com ele... Foram tantos que nem gosto de falar. Mas as notícias boas foram vindo com o tempo. Há um tempo, os médicos falaram que seria necessário que ele passasse por um procedimento cirúrgico, mas não foi preciso. Suspenderam até os remédios e hoje fazemos apenas o controle”.
AMOR DE PAI – “Nosso vínculo é inexplicável... Cada dia que passo ao lado dele, mais quero ficar. Quando estamos em família ou entre amigos, ele sempre é o centro das atenções. Meu filho é muito conhecido na cidade. Ele me traz tanta paz, tanta coisa boa, que eu acho que estou mais para um Super Amigo do que para um Super Pai! Somos muito cúmplices e unidos. Deus o mandou para nós, porque sabia que eu e minha esposa conseguiríamos cuidar dele, dando amor e carinho. Somos um para o outro, o complemento um do outro. É tudo de bom ser pai do Gabriel. Às vezes, fico pensando que não sou digno de receber o título de Pai do Ano, porque meu filho faz mais por mim do que eu por ele... Ele me ajuda a ser uma pessoa melhor, está sempre alegre, com um sorriso constante. Sou o tipo de pessoa que vive o presente, não fico esperando o futuro. Sou louco para ter outro filho, mas os médicos me aconselharam a não ter, pelo fato de não ter uma síndrome formada e um diagnóstico específico do Gabriel... Isso torna grande o risco de vir outro filho especial. Se for pela vontade de Deus, nós teremos, mas se não... Já pensamos também em adotar”.