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Nº 2010
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JORNAL REVELA RESULTADO DO CONCURSO PAI PATAFUFO DO ANO - 26/08/2016

O Pai Patafufo 2016, mais conhecido como Gato, ladeado pela filha Nora Nei e pelo jornalista Bié Barbosa, durante a entrega da placa, na sede da GAZETA


Anualmente, no mês de agosto, a GAZETA apresenta o vencedor do concurso Pai Patafufo do Ano, realizado a 14 anos por esta GAZETA. Este ano, o pai escolhido, através de cartas e emails recebidos, geralmente enviados por filhos, foi Antônio Fernandes de Oliveira, 79. A carta de sua filha Nora Nei de Oliveira Rodrigues, 53, se destacou um pouco mais pela dedicação dele, durante tantos anos de trabalhos sem remuneração, e também pela triste infância marcada pela morte dos irmãos dele. Entretanto, é bom que se diga, que todas as cartas enviadas continuam na GAZETA e irão participar do 15º concurso, no ano que vem. A reportagem GP conversou com a filha e com o pai que contou um pouco de sua história de vida. Não deixe de ler. 

A FILHA - “Descobri o concurso, porque sempre via os resultados na GAZETA e me interessei. Queria ver meu pai também sendo homenageado, mostrando a pessoa que ele é. É muito legal essa homenagem para os pais, porque é um dia marcante para a gente que é filho. Admiro o caráter que o meu pai tem e por ele ser um homem que trabalhou muito e se dedicou muito à profissão. Enfim, escrevi, porque todos nós temos muito orgulho dele”, derrete-se Nora Nei. 

ALEGRIA SEM FIM - “Ela (a filha Nora) não me contou que tinha me inscrito não. Só contou no dia em que a GAZETA ligou dizendo que eu era o pai do ano. Fiquei muito surpreso e satisfeito com a notícia. E agora que eu sou o Pai do Ano de Pará de Minas, quero dizer que esse entusiasmo não é só pra mim não e o dedico a todos os meus companheiros que me ajudaram a trabalhar e a todos os pais pará-minenses. Para ser um pai exemplo tem que ser uma pessoa honesta, direita, que vive bem com a família. Estou muito satisfeito, pois há milhares de pais em Pará de Minas e eu fui contemplado”, comemora o simpático Antônio. 

VIDA FAMILIAR - “Nasci em Dores do Indaiá/MG, sou de um família de 12 irmãos, mas só eu sobrevivi. Estudei só até a 4ª série. Tive 16 filhos, mas só criei 9, 17 netos e 10 bisnetos. Há 40 anos moro em Pará de Minas. Trabalhava na rede ferroviária lá em Onça do Pitangui/MG, me aposentei e vim pra cá, porque lá tinha muitas onças e elas estavam perseguindo os meus filhos quando eles iam para a escola. Conheci minha esposa, Sebastiana Ferreira de Oliveira, quando tinha 6 anos de idade. Namorei só com ela a minha vida toda. Aí, fomos mexendo e virando até nos casarmos. Quando começamos a namorar ela tinha 12 anos, quando eu disse que quando ela tivesse 16 a gente ia casar. Mas antes dela fazer 16, a gente se casou. Quando veio a 1ª gravidez, andamos meio apertados, pois ela não sabia que estava grávida. Fomos da Onça até a rodovia a pé e quase que ela ganhou o menino, no meio do caminho, se um motorista não tivesse aparecido”.  

TRABALHOS VOLUNTÁRIOS – “Eu trabalhava na ferrovia, mas houve um acidente e eu machuquei a coluna. Quando fui operado, fiquei tratando por mais de 2 anos. Aí, o médico falou que eu poderia ficar paraplégico e eles me aposentaram. Mas depois eu voltei a trabalhar sem remuneração nenhuma, somente para ajudar os outros. Numa eleição, o saudoso juiz Dr. Victor Hugo me disse que eu poderia ser comissário de menor que ele estava precisando na época, mas que não haveria remuneração nenhuma. Como eu não queria ficar mais à toa, aceitei. Em 1988, ele falou que precisava de alguém para fazer um serviço em São Gonçalo do Pará/MG, porque lá tinha muito expediente, por causa de crimes. Me falou que estava precisando de um oficial de justiça lá, pois não tinha nenhum disponível, mas que também era sem remuneração. Aí, eu fui pra lá e fiquei, até quando não precisou mais. Depois, fui convidado para ser corpo de jurado. Atuei durante muitos anos, até decidir que não ia sair de dentro de casa mais não, ficando mais quieto”. 

ALEGRIA E TRISTEZA – “O momento mais feliz da minha vida foi quando eu fiz 50 anos de casado, porque eu pensava em fazer 25 anos, mas cheguei aos 50... e, no ano que vem, completaremos 60 anos de casados. O momento mais triste, eu não tive não. Claro que quando morre uma mãe ou um pai a gente fica triste, mas eu sou uma pessoa que tem muito amor à pessoa, em vida. Quando morre, eu tento esquecer para não ficar sofrendo”...

HOJE EM DIA – “Hoje em dia as coisas que eu mais gosto de fazer é comer e dormir (riso). Não saio muito, vou só, há 21 anos, na Igreja do Evangelho Quadrangular, sou evangélico. Do jeito que o mundo lá vai, não tem mais jeito não. Acabou o amor, perdeu a amizade... Está escrito na bíblia que o filho que é bom para o pai e para a mãe na Terra terá vida longa e eu, graças a Deus, não esperava chegar até a essa idade que eu estou agora. A gente fica vendo, hoje em dia, o jeito que os filhos tratam seus pais. Eu consegui criar os meus filhos do jeitinho que eu achava certo, mas os netos já estão desviando a cabeça para outros lados... Mas a gente vive a vida assim e o que eu posso ajudar a eles eu ajudo. Acredito que sou um bom pai! Todo mundo que eu posso ajudar eu ajudo. Muitas vezes, às 22H, eu e minha esposa saímos para levar comida para as famílias que estão passando dificuldades e as ajudamos em tudo que podemos. Se eu não puder ajudar, eu também não atrapalho”.

Na edição anterior, esta GAZETA revelou quem foi o vencedor do 14° concurso Pai Patafufo. Nora Nei, filha de Antônio Fernandes de Oliveira, mais conhecido como Gato, foi quem escreveu uma carta para a GAZETA com a intenção de seu pai ser homenageado, no meio de outras inscrições feitas. Porém, após veiculação daquela matéria, leitor(a) ligou para o jornal, dizendo que a GAZETA deveria ter publicado também a carta vencedora. Informou ainda que solicitava esst publicação, uma vez que pretende inscrever seu pai no concurso do ano que vem (15º) e pretende se espelhar no modelo dessa carta para, quem sabe, também faturar o título para o seu querido pai.

TRISTEZAS E VOLUNTARIADO - Atendendo ao pedido, veja a carta que sensibilizou mais os jurados do concurso deste ano.


A CARTA QUE FATUROU O CONCURSO 

“Saudações, pessoal da GAZETA! Eu me chamo Nora Nei e estou escrevendo para vocês com a intenção de homenagear o meu pai como o escolhido para ser o Pai Patafufo do Ano. Ele se chama Antônio Fernandes de Oliveira, muito conhecido na cidade como o popular Gato da Praça de Esportes, da Girus e do Automóvel Clube. Ele nasceu em Dores do Indaiá, em 11 de outubro de 1936 e hoje está com 76 anos. Filho de Raimunda e Sebastião Fernandes de Oliveira que tiveram 12 filhos, mas, infelizmente, só ele sobreviveu. 10 de seus irmãos morreram todos, uns jovens e outros ainda pequenos. Enfim, sua infância foi triste e marcada pela morte de seus irmãos. Só uma irmã chegou à fase adulta, porém, com mais ou menos 50 anos, morreu de câncer, deixando 6 filhos. Meu pai trabalhou durante 18 anos na rede ferroviária e, depois, por invalidez, se aposentou, quando trabalhou na Praça de Esportes, Girus, Automóvel Clube e como voluntário no Juizado de Menores, onde foi reconhecido, em nível estadual, por obter o melhor desempenho nessa área. Atuou também no Corpo de Jurados do judiciário. Casado há 55 anos com Sebastiana Ferreira de Oliveira, onde, dessa união, nasceram 17 filhos, mas só 9 sobreviveram. São eles: Antônio Raimundo, Sônia Aparecida, Maria da Conceição, Nora Nei, Rosilene de oliveira, Cássia Nonata, Afonso, Raimunda e Sara Aparecida, 16 netos e 9 bisnetos. Enfim, espero que ele seja escolhido pela GAZETA por ser uma pessoa digna, honrada e merecedora em tudo que ele fez e faz. Ele é homem sábio, íntegro e reto e se hoje nós somos o que somos, agradecemos a ele, por sempre nos ensinar o que é certo. Ou seja: respeitar, amar o próximo, e ser digno, não só dentro da nossa casa, mas também na sociedade. Olha, se fosse para nós, seus filhos, escolhermos um pai, com certeza todos nós o escolheríamos de novo, pois ele foi o escolhido de Deus para ser o nosso pais, um presente de Deus em nossa vida. Obrigada”!

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