GENTE PENSANTE
BIÉ BARBOSA, jornalista e publicitário (UFMG), nascido em Pará de Minas em 22/11/53, é casado com Maíza Lage com quem tem 4 filhos. SEU LEMA: “O SENHOR É MEU PASTOR, NADA ME FALTARÁ”! |
VEJA NA EDIÇÃO 1866: NAS BANCAS DE 14/05 A 20/05. DEPOIS, SÓ NA GAZETA. Veja também a crônica deste mesmo colunista da edição 1865 abaixo:
AS 1ªs DERROTAS DA VIDA PARECEM O FIM DO MUNDO
Naquela tarde, a bela e confortável casa, parecida com tantas outras que seguem tendências arquitetônicas e não o perfil dos donos - como deveriam - estava triste, como um pós-funeral de vítima da covid-19. À notinha, quando o marido entrou nessa que era a sua casa, sentiu que faltava algo ali, como o ar que, apesar de invisível e imperceptível, ao faltar, gera imediato pânico. Avisou que havia chegado, ao falar alto o nome da esposa, como sempre fazia, imitando o conhecido personagem americano do desenho animado: Querida, cheguei! Ninguém apareceu, nem a esposa, nem os 2 filhos adolescentes. No lavabo social, ele higienizou bem as mãos com sabonete e álcool, não sem antes lavar com água morna o rosto e o pescoço. Enxugou-os e continuou andando, rumo ao amplo quarto do casal. De relance, percebeu que a mulher tinha enxugado uma ou duas lágrimas. Falou, medindo as palavras:
- O que foi?
- É o nosso filho... está arrasado... não conseguiu pontos suficientes no Enem... não conseguiu vaga nas universidades federais. Coitado! Virou noites estudando. Tente consolá-lo, mas vá com calma, porque ele não quis conversar comigo... mandou eu sair do quarto.
O marido suspirou, mas nada disse. A mulher cobrou, como toda esposa exercendo o eterno papel de mãe:
- Não vai falar nada, não?
Ele respondeu:
- Vou falar, na hora do lanche.
Quando mãe, pai e filha já estavam na moderna e iluminada cozinha, aquele homem teve de exercer o, sempre chato, papel de pai. Foi ao quarto do filho, abriu a porta e ordenou:
- Fulano, desça, imediatamente, para o lanche. Só falta você!
Puxou a porta e retornou à cozinha. O filho chegou em seguida, com cara de choro e cabelo em desalinho. O pai perguntou:
- O que aconteceu?
O menino abaixou a cabeça e balbuciou, chorando alto:
- Levei pau... Não consegui...
O pai, com os olhos lacrimejados, pediu para que o filho levantasse a cabeça e olhasse para ele. Ele obedeceu e o pai disse-lhe:
- O mais importante não são as metas e conquistas alcançadas à cada linha de chegada da vida. Importante mesmo é aquilo que você se torna, durante cada tentativa de conquistar algo... Um dia você entenderá o que eu acabei de lhe dizer. Agora, vamos agradecer a Deus este alimento, porque amanhã a vida continuará, normalmente...
E você, o que acha, realmente, mais importante nesta vida? Uma boa leitura!
O editor GP escreve mais uma crônica: Quer viajar e conhecer um lugar inesquecível?