BIÉ BARBOSA, jornalista e publicitário (UFMG), nascido em Pará de Minas em 22/11/53, é casado com Maíza Lage com quem tem 4 filhos. SEU LEMA: “O SENHOR É MEU PASTOR, NADA ME FALTARÁ”! |
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AS BALELAS QUE INVENTAM, NA ESPERANÇA DE FAZER O SER HUMANO MENOS INFELIZ
Naquela, impressionantemente, bem traçada capital, com espaços públicos tão bem planejados e de invejável urbanização, quatro amigos, intelectuais brasileiros, se encontraram e sentaram-se na mesa de um restaurante oriental, famoso por seus pratos saborosíssimos. Na verdade, japonês, com atendente falando em quatro idiomas - ainda que não fluentemente - para atender os turistas vindos de todas as partes do mundo. O homem com óculos de armação vermelha comentou, enquanto o prato de yakissoba com frutos do mar não chegava:
- Outro dia, durante uma palestra aqui, falei a adjetivo surdo e, imediatamente, uma pessoa da plateia esbravejou: Surdo não! Deficiente auditivo! Continuei ministrando a palestra e, a partir dali, na hora de citar a palavra surdo, passei a substituí-la por deficiente auditivo, mas sempre fazendo questão de lançar o meu olhar para aquela pessoa da plateia. Fazia isso, com a intenção de mostrar que eu estava fazendo uma deferência a ela, porque eu mesmo não concordava com a ideia dela...
Naquela mesa, uma mulher, usando belo cachecol, falou:
- Eu entendo o que você quer dizer. Já senti algo parecido ao citar, certa vez, a palavra velho. Fui diretamente corrigida, não por um, mas por vários velhos, todos de uma só vez: Velho não! 3ª idade! E teve uma que acrescentou: Melhor idade!
Um homem calvo ironizou:
- Morro de preguiça desse pessoal, que se diz socialmente correto, ficar escolhendo palavras bonitinhas, para esconder as nossas cruéis realidades. Eu, por exemplo, não sou calvo, sou careca mesmo (risos).
A mulher de toca multicores não deixou por menos:
- Acho a maior besteira ficar transformando preto em negro; cego, em deficiente visual; relação homossexual, em relação homoafetiva, aleijado, em deficiente físico, fora muitos outros adjetivos, além desses que vocês já citaram. Para mim, nenhum deles faz o menor sentido, porque não passam de hipocrisias...
O homem de óculos com aro vermelho retomou a palavra:
- Quero dar um depoimento pessoal sobre uma de todas essas balelas. Esse negócio de maquiar a velhice, por exemplo, trocando-a por outros adjetivos, não passam de grandes mentiras. Quem, como eu, tem plena consciência de já ser um velho, não cai nessas balelas que inventam, na esperança de fazer as pessoas menos infelizes. Mas não tem jeito, porque é horrível envelhecer. Podem ir se preparando, porque é péssimo mesmo! (Muitos risos).
O homem, antes calvo, agora careca, completou:
- Não me esqueço do que a minha mãe, já viúva, me disse ao completar 80 anos: A velhice é dolorosa demais da conta, porque é quando o tempo do amor já passou...
E você, acha também que amor e velhice não andam de mãos dadas?
BOA LEITURA!
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