O furto de 111 armas (fuzis e pistolas automáticas) do Centro de Treinamento da fábrica de armas, em Ribeirão Pires/SP, e de fuzis e outros equipamentos pesados no 6º Batalhão de Infantaria Leve, em Caçapava/SP, num espaço de apenas 72 horas, é preocupante. Isso poderia ser comum na época da luta armada, quando grupos opositores ao regime, constituído por militares desertores, invadiam os quartéis e levavam o armamento, com o objetivo de combater as forças regulares. Tudo o que foi furtado nos dois arsenais é armamento pesado, de guerra, que não se prestaria, por exemplo, para o uso de uma quadrilha interessada em seqüestros relâmpagos, roubo a banco ou assalto a transeuntes ou condomínio. São armas de tamanho avantajado que só podem ser portadas ou usadas de forma ostensiva e têm poder de destruição muito maior do que o necessário para as ações de criminosos comuns. Trata-se de material de guerra. Se não é um material que se presta a apoiar uma quadrilha, o que estão pretendendo aqueles que o furtaram? Essa é a grande pergunta, a partir da constatação do momento político e democrático vivido pelo país atualmente e da suposta necessidade do crime organizado que existe e funciona em diferentes configurações, sendo as principais delas o tráfico de drogas e as facções que atuam dentro dos presídios. As autoridades têm o dever de, por seus meios de inteligência, procurar saber: A quem pode interessar a posse desse armamento de guerra? O que esse pessoal poderá levar de vantagem por portar fuzis e pistolas de uso exclusivo das Forças Armadas. Onde eles aplicariam armas de tamanho alcance e alto poder de destruição? Descoberto o real interesse, agir imediatamente, para desarticular qualquer aventura que possa levar a nossa pacífica sociedade