O sonho de milhões de brasileiros, de ver a corrupção bem longe do país, ainda não aconteceu e, pelo visto, teremos que aguardar um bom tempo para a situação mudar. É que o Brasil, lamentavelmente, continua estagnado no IPC 2020 - Índice de Percepção da Corrupção. Considerado o principal indicador de corrupção do mundo, o índice é produzido, desde 1995, pela Transparência Internacional, avaliando 180 países e territórios. As notas são atribuídas em uma escala de zero (quando o país é percebido como altamente corrupto) e 100 (quando é muito íntegro). O IPC é a referência mais utilizada no mundo por tomadores de decisão dos setores público e privado, para avaliação de riscos e planejamento de suas ações. O Brasil obteve 35 pontos em 2019 e 38 pontos em 2020. Considerando a margem de erro da pesquisa, que é de 4% para mais ou para menos, a percepção da corrupção no país permanece estagnada em um patamar muito ruim. Considerando o ranking dos 180 países avaliados, caímos para a 94ª posição. Esses dados mostram que a luta contra a corrupção, que foi bandeira de boa parte da classe política eleita nos últimos anos, não se transformou em medidas concretas de enfrentamento do problema. Nenhuma agenda efetiva de reformas anticorrupção foi apoiada pelo governo e aprovada pelo Congresso. Ao contrário, ocorreram graves retrocessos institucionais. Em 2020, com a pandemia do coronavírus, as atenções se voltaram para o enfrentamento da crise sem precedentes. E com a necessidade real de responder urgentemente às necessidades da sociedade, os riscos de corrupção também aumentaram. No mundo inteiro, foram inúmeros os casos de corrupção, mostrando perversas consequências em meio à terrível crise humanitária.