EMPREENDIMENTOS TURÍSTICOS RESISTEM À PANDEMIA E AUMENTAM FATURAMENTO
Apesar da crise econômica que assolou o setor turístico nacional no último ano, registrando queda de 36,7% segundo o IBGE, cinquenta empreendimentos dos municípios de Brumadinho/MG, Igarapé/MG, Juatuba/MG, Mário Campos/MG e São Joaquim de Bicas/MG driblaram as dificuldades e aumentaram em quase 5% seu faturamento médio e em 18% seus postos de trabalho. Os bons resultados têm uma explicação: esses empreendimentos participaram do projeto para o fortalecimento e competitividade do setor privado do turismo, desenvolvido pelo Circuito Turístico Veredas do Paraopeba em parceria com a Vale e executado pela Turismo 360. Durante quase um ano, três agências de turismo receptivo,quinze empresas de alimentos e bebidas, um guia de turismo, vinte e um meios de hospedagem e dez produtores associados ao turismo – selecionados por meio de edital público – receberam assistência técnica em diferentes áreas de gestão, além de consultoria em marketing e mídias sociais e apoio para o desenho de experiências turísticas inovadoras. “Um dos principais objetivos da Vale com esse projeto foi capacitar empresários do trade turístico local, porque sabemos da importância da atividade turística como geradora de emprego e renda nos municípios. Com essa iniciativa, reforçamos nosso compromisso com o desenvolvimento econômico das comunidades impactadas pelo rompimento da barragem de Brumadinho,” analisa a responsável técnica do projeto, Daniele Teixeira. A empresária Flávia Alvarenga do Carmo, sócia do Hotel Fazenda Vale Amanhecer, em Igarapé, conta que se inscreveu no programa com o intuito de profissionalizar seu negócio. Ela lembra que a crise gerada pela pandemia expôs a fragilidade da sua empresa, até então gerida de forma amadora. “Faltava uma gestão profissional, focada no futuro, com estratégias comerciais e nicho de mercado mais definidos. Vi no programa a oportunidade de contar com a ajuda de profissionais capacitados que nos colocássemos no caminho certo, saindo de uma gestão amadora para uma gestão mais profissional,” diz. A busca por ferramentas estratégicas de gestão também foi o que motivou Reinaldo Mendes, proprietário do restaurante Casa do Rei Bistrô, em São Joaquim de Bicas, a concorrer a uma das vagas oferecidas pelo projeto. “Decidi me inscrever para poder aprender a lidar melhor com o meu negócio. Vimos nesse projeto a possibilidade de crescer, aumentar nossa visibilidade e nos tornar mais competitivos,” explica. O método de trabalho adotado pelo projeto incluiu o entendimento do contexto regional e da realidade individual dos empreendimentos, a construção de planos de intervenções, em conjunto com os empresários, além de assessorias customizadas e entregas concretas, como material promocional e banco de imagens. “As consultorias nos deram uma visão macro do nosso negócio, criamos um plano de ação, aprendemos várias técnicas e então começamos a acompanhar indicadores que até o momento nem existiam em nosso negócio,” lembra Thiago Henrique, da Hora do Doce, em Juatuba. Com vistas a aumentar o ticket médio das empresas e o tempo de estadia dos visitantes nos municípios, os consultores do projeto desenharam, junto com os empresários, dez roteiros turísticos de experiência. “Esses roteiros têm o propósito de diversificar a oferta turística da região como um todo, considerando as singularidades de cada empresa. Com isso, aumentamos as possibilidades de retenção do turista por mais tempo e geramos mais renda,” explica Jannyne Barbosa, coordenadora geral do projeto pela Turismo 360. Outro eixo importante trabalhado durante o projeto foi o de comunicação e mercado. Todos os empresários receberam materiais promocionais de seus negócios, além de consultorias para a melhora de seu posicionamento de marca e presença na Internet. “Conseguimos melhorar bastante o desempenho dos empreendimentos nas mídias sociais. Somando os seguidores de todas as empresas, registramos um aumento de 407% em relação ao ano anterior, passando de cento e noventa mil para novecentos e seiscentos e outo mil seguidores,” analisa Jannyne. Foram 4,1 mil horas de consultoria, dez roteiros criados, mil duzentos e cinquenta fotos profissionais tiradas e cento e noventa pessoas envolvidas nas capacitações coletivas, contribuindo assim para a melhoria dos serviços, o aprimoramento da gestão e o fortalecimento da imagem da região como destino turístico competitivo. Encerrado o programa, os empresários são unânimes em comemorar os resultados. “Foi um divisor de águas. Minha empresa é outra depois dessa experiência. O projeto criou um futuro para o meu negócio, houve um fortalecimento muito grande da nossa gestão e da nossa marca no mercado. Hoje sabemos qual é o nosso potencial,” conta Flávia. Ela revela que registrou um aumento significativo no faturamento de seu Hotel Fazenda, mesmo se comparado ao período pé-pandemia. O mesmo aconteceu com o restaurante Casa do Rei Bistrô, que deve ser ampliado em breve. “O número de clientes praticamente dobrou. Recebemos clientes de outras cidades e só escutamos elogios. Já percebemos a necessidade de ampliação do restaurante, temos fila de espera nos fins de semana, inclusive no domingo, que até então tinha um movimento baixo,” detalha Mendes. Para Érica Maia, gestora do Circuito Turístico Veredas do Paraopeba, a melhora das relações entre os empreendimentos é também fruto do projeto. “As evoluções foram percebidas dentro de cada empresa, mas também fora. O fortalecimento das relações entre os empresários contribuiu para a dinamização do turismo na região como um todo”.