O congado é um festejo popular religioso afro-brasileiro mesclado com elementos religiosos católicos com um tipo de dança dramática na coroação do rei do Congo, em cortejo com passos e cantos, onde a música é o fundo musical da celebração, sendo uma grande tradição. No último dia 15 de julho, no bairro Santos Dumont, aconteceu a 3ª Festa de Congado, organizada pela Guarda de Moçambique do bairro de Fátima. 10 guardas vieram de outras cidades para animar a festa, totalizando mais de 350 componentes e mais de 500 congadeiros que enfeitaram a missa. Estiveram presentes na cidade, pela 1ª vez, o presidente do Cetrro - Centro das Tradições do Rosário no Estado Maior de Minas Gerais (Federação dos Congados), Manoel Reis, e o Rei Congo de Minas Gerais, José Patrício de Oliveira ou Chico Rei VI. A presença das duas autoridades estaduais engrandeceram a festa. Dias depois, Vera Lúcia da Silva, 57, moradora na rua São Pedro, bairro Coração de Jesus, procurou a reportagem GP para contar com exclusividade que a tradição do congado está acabando. Não deixe de ler.
“Desde novinha, eu acompanho o congado, pois meu pai sempre me levava. Então, lembro bem que as pessoas vinham pelas ruas e entravam em todas as casas, abençoando cômodo por cômodo. Fui criada dentro dessa tradição. Tanto é que consagrei todos os meus 4 filhos a uma Nossa Senhora”, confessa Vera.
NINGUÉM QUERIA - “No dia 3 de maio, fui até o Cruzeiro para ajudar a rezar o terço. Estava lá a guarda da Nossa Senhora do Rosário e Santa Izabel. Quando terminou, uma senhora veio e perguntou a mim e mais duas pessoas quem iria levar a bandeira do Divino Espírito Santo para casa. Nessa hora, uma delas afastou-se e a outra me disse que a senhora estava falando era comigo mesmo. Aí, eu aceitei ficar com a bandeira. No outro dia, quando ela foi até a minha casa me entregar a bandeira, ela me disse que ninguém queria mais ficar com a bandeira da Santa Cruz. Então aceitei ficar com ela também. Fiquei muito satisfeita de saber que elas vão ficar comigo durante um ano na minha casa. Mas pretendo também deixá-las em todas as casas aqui, na vizinhança, por pelo menos 3 dias cada”.
PORTAS ABERTAS - “Acredito que o motivo dessa tradição estar acabando, é por nossa própria culpa, de estarmos deixando de lado as coisas bonitas e singelas que ainda sobrevivem nesse mundo cada vez mais caótico. Estamos, em geral, deixando de levar os filhos, os netos, os jovens para ver o congado, deixando também de contar histórias. Ou seja, de passar a tradição, não só a do Congado, mas de várias outras também. Eu acredito ter feito a minha parte, pois além de todos os meus filhos serem consagrados a uma Nossa Senhora, eles, sempre que podem, vêm e trazem seus filhos para ver o congado. Além disso, quando eles entram aqui em casa, vão até às bandeiras do Divino Espírito Santo e da Santa Cruz e beijam as fitas em sinal de respeito, pedindo proteção. Através da GAZETA, deixo o convite dizer que todos que quiserem vir até à minha casa para visitar o Divino Espírito Santo e a Santa Cruz ou para rezar a novena, que as portas estarão sempre abertas para todos serem abençoados”.
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