Selo GP - Rodrigo Roreli Laço
Fundação: Francisco Gabriel
Bié Barbosa
Alcance, credibilidade e
imparcialidade, desde 84
ANO 40
Nº 2036
06/09/2024


Notícias
Notícias

Profissão: professora e açougueira - 19/06/2009

Que as mulheres têm ganhado espaço no mercado de trabalho, todo mundo já sabe. A novidade é que agora elas têm exercido até profissões tida antes como estritamente masculinas, como a de caminhoneiras, executivas, frentistas, soldadas, pedreiras, entre outras. Em Pará de Minas, a GAZETA descobriu uma mulher exercendo uma profissão mais curiosa ainda: a de açougueira. Trata-se de Sônia Aparecida de Melo Moreira Peixoto, professora da Escola Estadual Ademar de Melo, há 20 anos. Isso, de 2a a 6a feira, uma vez que aos sábados ela trabalha como açougueira, há 15 anos. Depois de inúmeros contatos, ela, finalmente, contou, com total exclusividade, para a reportagem GP, como é trabalhar nessa profissão. Vale a pena conferir. O INÍCIO - “Tudo começou, quando meu marido abriu um açougue, dentro de um supermercado e eu ajudava como caixa. A partir daí, comecei a conhecer as carnes, quando o açougueiro me ensinava os nomes, como diferenciar cada carne e a fazer os cortes. Aí, quando transferimos o açougue para o bairro Nossa Senhora de Fátima eu continuei. Ajudava como caixa, mas como fui aprendendo a mexer com as carnes, sempre que precisavam de ajuda eu ia para o balcão.” A ACEITAÇÃO – “Os açougueiros sempre foram meus amigos. Então, a convivência com eles é muito boa. Não é uma tarefa difícil, é até muito boa. A única coisa que eu não faço é desossar, porque não quis aprender, mas eu conheço todas as carnes, sei picar todas. É preciso saber como picar cada uma. No início, foi difícil... até pegar o jeito, mas, depois, fui me acostumando. Os nomes a gente acaba guardando, não é difícil. Até no gosto as carnes são diferentes e hoje eu sei diferenciar todas elas.” A ÚNICA – “Pará de Minas é a única cidade que conheço que tem mulher trabalhando como açougueira. Aqui na cidade, conheço outras, além de mim. No açougue mesmo tem uma mulher aprendendo e tem uma outra que ajuda no balcão, quando precisa. Há fregueses que acham estranho, principalmente os que são de outra cidade. Eles falam que nunca viram uma mulher trabalhando como açougueira. Isso, porque há mulheres que trabalham com frangos e frios, mas no balcão, picando carnes mesmo, não tem. É até engraçado, quando as pessoas que não me conhecem e me vêem no balcão (riso). Elas olham assustadas. Quando meus alunos me vêem aqui, então, acham muito curioso e acabam fazendo mil perguntas.” O RECONHECIMENTO - “Hoje, eu trabalho só aos sábado, mas já trabalhei todo domingo. Houve época em que trabalhei um mês inteiro, cobrindo as férias de um açougueiro. Com isso, acabei aprendendo a fazer o serviço rápido. É satisfatório ver o cliente sair do açougue satisfeito. Quando vou ao açougue e não estou trabalhando, os clientes ficam perguntando porque eu sumi e isso é muito bom e gratificante. Gosto de atender as pessoas. Tem muito pará-minenses que até preferem ser atendidos por uma mulher. Acham que a gente tem mais capricho... deve ser porque eu gosto de fazer o que faço.” A DICA – “Você tem que ter muita boa vontade, para aprender a ser açougueira, mas quando você começa a ter gosto pela coisa é muito bom. Na época que comecei a aprender esse ofício, eu estava grávida. Em 6 meses, eu já sabia tudo. Posso dizer que a maioria das pessoas não sabe nada de carne. Algumas donas de casa, por exemplo, sempre me pedem uma carne boa e macia. Aí, eu explico que claro algumas são mais saborosas, outras mais firmes, mas que todas as carnes são macias. Tudo depende do jeito de fazer e que o segredo é saber preparar para elas ficarem boas.” A PRONTIDÃO - “Eu acho que a mulher tem que fazer de tudo um pouco, tem que ajudar o marido e ter a sua profissão também, indiferentemente do que seja. Eu sou professora e açougueira e tenho tempo para cada uma dessas duas profissões. Estou nas duas, há muitos anos. Então, não tem como parar mais, nem como professora, nem como açougueira. Ultimamente, eu trabalho mais com a parte administrativa do açougue, mas estou sempre ali, e quando eles precisam, estou pronta para ajudar.” * Veja imagens desta entrevista no GP TV: www.gazetaparaminense.com.br

Mais da Gazeta

Colunistas