Nascido em 7 de agosto de 1920 no povoado de Paraíso Garcia, em Barbacena/MG, Manoel José do Nascimento ficou popularmente conhecido como Manoel Tobias. Entre os 9 irmãos, ele era o filho mais velho de José Tobias Loures e Josina Maria de Jesus. Quando seus pais se separaram, Manoel Tobias foi morar com o pai a quem amava de paixão. Não teve infância, pois precisava trabalhar para sobreviver e ajudar na criação dos irmãos. Os trabalhos vinham das roças e carreiras, tendo que suportar debaixo de fortes raios solares o calor fumegante dos fornos que cozinhavam carvões e tijolos. Na adolescência, com ainda 17 anos, enfrentando aquele trabalho árduo com muita dificuldade conheceu Rita, de 13 anos, com quem, poucos meses depois se casou. Sempre muito esforçado, arrumava um tempinho para estudar, pois queria votar. Tinha na veia, digamos assim, um dom político e cursou 1ª e 2ª séries. Aos 18 anos, Manoel e Rita não mediam esforços no trabalho e, mesmo enfrentando carvoeiras, começaram as dificuldades na criação dos filhos. Moraram em diversos lugares e cidades. Sempre muito católico, nada o afastava das capelas e igrejas, por onde passavam. Durante a noite, ensinava Rita a assinar o nome, sonho incontrolável da esposa. Desde os 18 anos fazia parte da Sociedade São Vicente de Paula, onde nunca mais deixou de ser confrade, chegando a ser presidente da entidade. Era também forte como um touro, talvez, herança dos escravos e índios dos familiares antepassados. Talvez por isso foi convidado a fazer parte do quadro de funcionários do DER como braçal. Não pensou duas vezes e aceitou a maratona de trabalhar por várias cidades. Assim, muitas vezes ficava longe da família. Com um salário atrasado em até 4 meses, tinha que se virar. Em todas as cidades nas quais trabalhou, Manoel deixou sua marca positiva. Em Araxá, por exemplo, vendo o sacrifício dos moradores e do povoado denominado Usina do Tamanduá, a 18KM da cidade, Manoel pediu ao engenheiro do DER para construir uma escola e uma igreja para aquele povo humilde. Conseguiu. Pouco tempo depois, Manoel Tobias mudou-se para a pequena cidade de Sáude, hoje, Perdigão. Lá, amizades foram feitas com todos. Tornou-se tão querido na cidade que seu nome foi indicado para assumir a Delegacia de Perdigão, em 1968. Porém, por coincidência ou ironia do destino, justamente em 1968, Manoel foi transferido para o DER de Pará de Minas. A transferência veio de bom grado, pois seu sonho era morar numa cidade maior, onde pudesse melhor educar os filhos. Nesta época, já era pai de 12 filhos, sendo que 4 faleceram ainda pequenos. Aí, ele adotou uma criança orfã. Conseguiu comprar um barracão de 3 cômodos, na rua Frei Egídio, no bairro São Francisco. Já com 50 anos, Manoel Tobias voltou a estudar e concluiu a 3ª e a 4ª séries na escola Frei Concórdio. Com isso, pode prestar um concurso oferecido pelo DER, em Belo Horizonte, sendo aprovado para Operador de Máquinas Encarregado de Turmas. Com a chegada do curso de enfermagem do lar na cidade, oferecido pela Paróquia de São Francisco, lá estava ele voluntariamente, levando consigo as duas filhas: Leopoldina e Abadia. O trio concluiu o curso, pode ajudar muita gente com aplicações de injeções, curativos, banhos, encaminhando ao hospital, etc. Com os filhos trabalhando, a esposa também trabalhava lavando e passando roupas para fora. Tudo isso para ajudar no orçamento familiar e pagar a prestação do barracão. Um dia, Manoel Tobias conheceu o prefeito eleito Antônio de Julio de Faria e, conversa vai, conversa vem, resolveram fundar o PMDD em Pará de Minas com a ajuda de outros correligionários, como Hugo Flávio Lobato Marinho, Iran Campolina Leitão, entre outros. Antônio Julio foi eleito prefeito e Manoel Tobias ficou como suplente de vereador. Aquele peemedebista, cruzeirense e católico de coração era tão querido pelos vizinhos, companheiros de serviço e outros que, por muitas vezes, era convidado a aconselhar casais em crise, o que na maioria das vezes dava certo. Em 22 de outubro de 1986, Manoel Tobias foi chamado por Deus, mas jamais será esquecido por aqueles a quem amou na Terra.
* Através do projeto de lei 4323/2003 de 16 de dezembro de 2003, o Legislativo Municipal decidiu homenagear Manoel José Tobias a praça localizada entre a Alameda das Aroeira e Carnaúbas, no bairro Jardim das Piteiras. * Na edição anterior, neste mesma seção, faltou mencionar que Júlio Leitão foi homenageado através do projeto de lei 4272/2003, de 25 de setembro de 2003, emprestando seu nome ao posto de saúde do bairro Serra Verde. Pede-se desculpa.