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Agressão contra mulher na cidade - 08/11/2012

Diariamente, a reportagem GP recebe da Assessoria de Imprensa da Polícia Militar inúmeros Reds (Registro de Eventos de Defesa Social) ou B.Os. (Boletim de Ocorrência), contando tudo que acontece na cidade. Porém, o que vem chamando a atenção desta GAZETA são os boletins de ocorrência relacionados à agressão contra a mulher, sejam insultos, difamações e até lesão corporal. Diante disso, a delegada Mônica Serqueira, responsável pela Delegacia de Crimes Contra as Mulheres, concedeu em seu gabinete, na delegacia, mais essa exclusiva entrevista ao jornal. Não deixe de ler. “A violência contra a mulher acontece dentro de casa e é causada, na maioria dos casos, pelo companheiro, amásio, marido ou até mesmo pelos filhos. Nos fins de semana, com certeza, gente costuma ter de 2 a 3 flagrantes, onde os crimes mais comuns são de ameaça, difamação, calúnia e lesão corporal. Eles aumentam, devido ao uso de bebida alcoólica. A situação de violência é um ciclo: ela acontece, abranda e depois volta a acontecer. Geralmente, os agressores, bem como as agredidas, necessitam de acompanhamento e tratamento. Aqui na delegacia, eu sempre falo que é um trabalho fantástico com atendimento psicológico e jurídico, graças à uma emenda constitucional do deputado Antônio Júlio. Existe também as questões da guarda do filho e alimentos que a gente encaminha para uma advogada”, explica a delegada. FALTA DE PROFISSIONAIS - “Infelizmente, hoje em Pará de Minas, muitas mulheres agredidas dentro de casa não nos procuram. Atendemos aqui pessoas de todas as camadas sociais. Estamos com uma demanda grande de serviço, mas estão faltando profissionais e está tendo uma cobrança do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, mas eu não posso ficar aqui todos os dias, atendendo os casos de violência contra a mulher. Gostaria muito. O serviço flui bem, mas poderia estar melhor. Estamos aguardando a nova turma de delegados para ver se conseguimos um delegado específico para esses casos. Com o plantão regionalizado a gente não tem como atender essa demanda. Atender a violência contra mulher dentro da polícia é uma questão de sensibilidade, tanto por parte das delegadas como dos delegados. A gente tem uma lei que protege a mulher (Maria da Penha), que dá mecanismos e o judiciário tem contribuído muito, nos ajudado muito no deferimento de medidas de proteção. A gente gosta de encaminhar, tanto a mulher agredida, violentada, quanto o agressor, para Belo Horizonte/MG, onde há um instituto específico para aplicação da pena punitiva e cursos para o agressor. O que a gente quer é que o agressor seja resgatado e aquela situação em que ele partiu para a violência seja resolvida. Porque, às vezes ele deixa de ficar com a mulher agredida, mas vai ficar com outra em quem vai praticar nova violência”. MARIA DA PENHA – “A pena hoje para quem agride uma mulher, vai até 3 anos de detenção. A lei Maria da Penha veio para proteger a mulher, tirando ela dessa situação. Afinal, o agressor, geralmente, foi violento com a mãe e vai ser violento com a namorada e com a mulher. Eles justificam dizendo que estavam bêbados ou usaram droga e não viram o que estavam fazendo, mas aquela pessoa já é uma pessoa violenta. Eles apenas estão fazendo uso da bebida ou da droga para potencializar aquela situação de violência. Nossa obrigação é atender, registrar, acolher a representação, formalizar a medida protetiva. Agora, se a mulher voltar daqui a 2 ou 3 dias e tirar a queixa, não cabe a gente questionar, porque isso é com o judiciário. Elas retiram por causa dos filhos ou porque a violência cessou. Enfim, nosso trabalho é só atender, acolher, registrar e dar o 1º atendimento. Afinal, a gente não está vendo o ambiente familiar dela para ver o que está acontecendo. De qualquer forma, a mulher que for agredida tem de procurar a delegacia. Ela pode vir, fazer o registro, mas se ela não quiser representar nos crimes que dependem de representação a gente não obriga. Porém, ela pode fazer depois, independentemente do procedimento criminal”. QUESTÃO DE SENSIBILIDADE – “Eu sempre falo que a questão da violência doméstica é de sensibilidade. Então, ela tem que ter a sensibilidade dos governantes, dos prefeitos e de toda a sociedade. A criação do conselho da mulher foi muito boa e se encontra em desenvolvimento. Felizmente, consta na pauta do prefeito eleito esse tipo de atendimento, inclusive fora da delegacia”.

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