Na manhã do último dia 22, 5ª feira, a agência da Ascicred promoveu, no Centro Avançado de Capacitação dos Cooperados, o CACC, uma palestra para 18 associados, ministrada pela economista Rita Mundim. Essa foi a 5ª vez que Rita Mundim vem a Pará de Minas à convite da Ascicred. Ela falou sobre economia e o seu mercado turbulento. Confira.
“A população brasileira realmente acordou para a economia e a gente não tinha essa noção da cidadania dentro da economia. Então, foi uma forma popular muito forte de demonstrar que o povo não é bobo e que está vendo que o governo está usando mal o nosso dinheiro; o imposto que a gente paga é muito alto e tem sido muito mal usado, pois a gente não tem a contrapartida com os serviços públicos que são de uma qualidade que nós não merecemos, há anos”, rasga o verbo Rita.
DÓLAR SUBINDO – “A economia do Brasil está, neste momento, sob uma desconfiança muito grande do investidor estrangeiro e é por isso que o dólar tem subido tanto. O investidor estrangeiro está enxergando que o país não está fazendo nada. Não estamos crescendo o tanto que deveríamos crescer e os investimentos públicos que deveriam ter sido feitos com o nosso dinheiro não foram feitos na sua totalidade ou na qualidade que deveria para atender ao povo brasileiro. Há anos, somos carentes de educação, saúde, transporte, segurança e a gente tem visto que o governo nunca arrecadou tanto e nunca fez tão pouco. E isso tem sido visto pelo investidor estrangeiro. Então, nessa desconfiança, o investidor que vem aqui para fazer negócio desconfia da capacidade do ambiente econômico brasileiro em produzir empresas com lucro, porque a carga tributária é muito alta”.
REFORMAS JÁ – “Estamos precisando das reformas há anos e todo governo que entra, entra com a bandeira das reformas e sai com os bolsos cada vez mais cheios e com os partidos cada vez mais fortes. O que nós estamos assistindo é que o Brasil está virando uma empresa de partidos. O país está governado por partidos que entendem a lógica dos partidos e não a lógica da população. Nas olimpíadas, abrimos uma janela muito grande de investimentos, mas o investidor não é bobo. O dinheiro vai para onde ele acha que pode se multiplicar e o governo prometeu, prometeu, mas, mal, mal, está entregando os estádios, porque é um absurdo a gente ter um evento e, durante esse evento, ter feriado no país. A vida de um país não pode parar por causa de um evento. Então, o que faltou ao Brasil é isso: ser um país para a população brasileira e não um país para os interesses imediatos. As coisas precisam ser mudadas para que a gente seja um país rico e dê um salto qualitativo. No meu entendimento, nós somos um país pobre e hoje nós estamos nos aproximando cada vez mais da Venezuela do que do Chile”.
MENOS LUCROS E MAIS JUROS – “A confiança tem preço e o preço que nós estamos pagando está na taxa de câmbio. O real estava muito forte em relação ao dólar, mas ninguém aguenta, ninguém esperava uma valorização de 20% em um período tão curto de tempo. Praticamente em 2 meses, nós ficamos 20% mais pobres. Isso é a atual visão do Brasil. Nós perdemos o valor e quanto mais valor a gente perde, mais juros nós temos que pagar. Para rolar a nossa dívida, vínhamos caminhando no rumo certo, em relação às contas públicas e agora nós damos ao mundo uma ideia do descontrole de nossas contas. Temos 39 ministérios, mas não sei para quê. Somos um país pobre! Não somos ricos ainda e é por isso que temos que ficar atentos. Nosso dinheiro é suado e deve ser gasto em benefício da população, coisa que não temos visto por aí”.